•Eu amo praia.•

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G A B R I E L A

  Estavamos na sala de espera aguardando o pedido pra entrar. A promotora estava analisando todos os documentos, e relatórios da assistente social há semanas, não entendo o porquê da demora.

— Bi, cê vai comer os dedos daqui a pouco. — Lennon passou a mão pela minha nuca na tentativa de me acalmar.

  Nem mesmo o melhor chá de ervas do mundo ia conseguir me acalmar agora.

— É uma demora que... Vou te falar. — Falei angustiada.

— Gabriela Galvani Ferreira? — Uma mulher alta perguntou parando na nossa frente. — Podemos entrar?

  Nem assenti ou coisa do tipo. Levantei quase em um pulo.

  Fomos da direção da sala dela, e eu não tive tempo de reparar no luxo que era. Estava preocupada sobre o que ela poderia dizer.

  Nos sentamos, ela em uma cadeira alta de couro. Eu e o Lennon nas duas cadeiras que ficavam em frente da grande mesa dela.

— Vamos lá Gabriela. Sei que esta ciente sobre o peso e responsabilidade que é adotar uma criança. Mas como profissional eu preciso reforçar. — Apenas assenti aflita. — Adoção é um passo muito grande na vida de alguém. Além da garantia de uma vida saudável, é preciso certezas. Como mulher e mãe de duas meninas adotadas, digo que é um amor imensurável. Como profissional eu preciso exigir bem mais que amor. Entende?

— Entendo completamente. Tudo isso envolve o psicológico da criança também. — Pontuei e ela concordou com a cabeça.

— De fato!
  A promotora colocou os olhos no Lennon, ela parecia curiosa.

— Ele é o que seu? — Ela perguntou voltando o olhar em mim.

— Meu namorado. — Sorri pra ele que entrelaçou nossos dedos de uma forma carinhosa.

— Ah sim, por que aqui consta que sua posição é de estado civil solteira. — Ela conferiu olhando na folha extensa na mesa.

— Sim. E como eu deixei claro, apesar do Kauê adorar o Lennon, assim como ele ama o pequeno, a responsabilidade é minha. — Disse sincera.

— Ótimo saber que existe esta boa relação entre os três. Sendo sincera Gabriela, eu mesma fui até o orfanato conhecer um pouco a criança. Ele parece ser um menino carente de afeto, traumatizado cruelmente, mas também consegui ver os olhinhos dele brilharem quando eu perguntei pra ele sobre a convivência de vocês. — Ela tirou os óculos me encarando melhor.

  Senti meu coração aquecer.

— Sabe... — Olhei o nome dela no crachá da mesa. —Sarah! Eu sempre tive a enorme vontade de adotar. Minha irmã é adotada e o amor da minha mãe nunca foi diferente. E eu confesso que eu realmente não esperava tomar essa decisão agora, mas eu quero ele como meu filho mais do que eu nunca quis nada na vida. Desde que eu vi aqueles olhos grandes e inocentes eu me conectei. — Fui sincera e tentei não me emocionar dessa vez.

— Eu te entendo completamente, e é por isso que o Juiz Adalberto Manovani, decidiu que você, Gabriela Galvani Ferreira postulante á adoção do menor, Kauê Santana Alves foi aceita a ser a oficialmente a responsável. — Ela lia no papel com um pequeno sorriso no rosto.

perdição | L7NNONOnde histórias criam vida. Descubra agora