G A B R I E L A
Na noite passada marquei com alguns amigos de dar umas manobras, mas a praça tava tão cheia que resolvemos marcar outro dia.
Quando cheguei em casa, por incrível que pareça a Geovanna tava faxinando a casa enquanto ouvia alguma musica que eu não faço ideia qual era, mas gostei muito da vibe.
>•<
Hoje acordei com as lambidas do Kamal.
— Aí Kamal. Bom dia!
Alisei os pelos do meu cachorro mais velho, ele me chamava pra brincar.
— Gabi? Da um jeito no seu cachorro, ele comeu a mangueira do quintal. — Geovanna gritou da sala e eu gargalhei entendendo o porquê do Kamal estar todo cheio de graça comigo.
— Você não tem jeito né? — Alisei ele mais uma vez.
Levantei da cama e como de costume me espreguicei. Fui até a janela e assim que abri me arrependi um pouco. O sol estava extremamente quente ao ponto de arder meus olhos.
Fui pra cozinha e Geovanna tinha um bico enorme na cara.
— Calma Geo, é só uma mangueira e ele é um cachorro, poxa.
Peguei algumas torradinhas e passei a geleia de goiaba.
— Antes fosse isso né, Bi. To estressada porque hoje o dia não tá muito bom pra mim, desculpa! — Ela suspirou.
— Relaxa. Tá afim de surfar? Sei que você gosta pra desestressar. — Tentei animar minha irmã que deu um mínimo sorriso.
— Pode ser uma boa. — Ela falou cabisbaixa.
Tomamos café em silêncio e ela falou que iria primeiro organizar algumas coisas antes de ir à praia.
Disse que daria uma volta com o Kamal, provavelmente esse momento rebelde dele é falta de uma saidinha.Coloquei um biquíni da minha coleção e por cima um short jeans. Peguei a coleira dele, mesmo que não precise. E fomos eu e meu companheiro.
Morar em frente à praia não é novidade para mim, muito pelo contrário. Vivi a minha vida inteira na casa que minha mãe comprou quando tinha seus dezessete anos. Sinto tanta falta dela.
— Vem Kamal!?
Chamei ele que como um bom menino me obedeceu. Ficamos ali nas pedras. Ele amava ver movimento e assim como a família, amava também a praia.
Ficamos ali por um tempo até eu ver que já estava ficando boa as ondas para surf, isso raramente acontecia nessa parte.
Enganchei a coleira no Kamalzinho que parecia cansado, sorte que morávamos do outro lado da rua.
>•<
— Fazia tempo que eu não via umas ondas boas assim. — Geovanna comentou empolgada assim que colocamos os pés na água.
— A natureza te favorecendo maninha. Só vamo aproveitar!
Logo estávamos dentro do enorme mar. Devo confessar que tomei muitos caldos, mas também deslizei por algumas perfeitamente. O que mais me alegrou ali foi ver o humor da minha irmã voltar.
— Preciso me hidratar. — Geovanna falou ofegante e eu concordei.
— Água de coco do Paulinho?
— Nem precisava perguntar.
Fomos até o quiosque onde passávamos maior parte do nosso tempo.
— Bom dia seu Paulinho. A de sempre pra gente, mas dessa vez a gente vai ter que pendurar. Não trouxemos nada além da canga e das pranchas. — Geovanna falava para o senhor que alegremente nos serviu.
— Fiquem tranquilas meninas. Vocês cresceram aqui, já são família. — Paulinho disse extremamente fofo e eu me derreti.
— Fico feliz de ouvir isso seu Paulinho! — Comentei e ele sorriu sincero.
— Bi, não é por nada, mas tem um homem que, não tira o olho de você. Tome cuidado. — Paulinho disse zeloso, e seus olhos eram fitados atrás de mim. Fiquei curiosa.
Discretamente olhei pra trás e vi o homem do olhar. Ele estava sentado um pouco distante em uma rodinha de bastante gente até.Voltei a me sentar de frente para o quiosque. Dei um toque de cotovelo na Geovanna do meu lado.
— É o cara que eu tava comentando do olhar. — Fiz pouco caso. Na verdade de alguma forma era. Talvez a Geovanna tivesse razão e eu colocasse coisa onde não tem.
— Onde? — Geovanna quase gritou ao se virar bruscamente pra trás.
— Sabe disfarçar não? — Perguntei irônica e ela continuou esperando uma resposta. — De boné preto, sem camisa com uma bermuda preta também. Dessa vez disfarça!
Comecei tomar minha água de coco e logo Geovanna pousou um olhar malicioso em mim.
— Muito bonitinho. — Ela comentou como se eu não tivesse visto desde a primeira vez isso. Muito encantador.
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perdição | L7NNON
Fiksi PenggemarGabriela é uma obra de arte que se não existisse, eu mesmo teria esculpido. Início: 29 de outubro [2020] às 06:06 fim: 16 de janeiro [2021] às 00:45