G A B R I E L A
— Gabriela para de iludir meu amigo. — Matheus faltou cutucando minha costela.
— Ele sabe que eu não tô iludindo. — Eu disse séria.
Lennon ainda tava olhando no fundo dos meus olhos. Ele sabia que era verdade.
— Porque não tá comigo então? — Ele perguntou mais uma vez insistindo nisso.
— Eu já disse que não é simples assim. — Tentei fazer ele entender, mas tava difícil.
— É simples sim, você que dificulta! — Ele disse sério.
Seu maxilar tava trincando, sinalizando que ele tava tenso.
— Epa, quem vai pagar a conta? — Léo interrompeu.
Agradeci mentalmente. Sairia facilmente uma discussão dali.
E eu ainda não entendo como o Lennon não consegue ver que não tem como voltar. Ele queria um relacionamento sem confiança? Por que assim seria se voltássemos agora.
— Eu pago o meu. — Falei pegando a minha bolsa.
— Deixa que eu pago! — Lennon falou firme.
Ergui os olhos pra encarar ele.
— Eu pago Lennon! — Falei e ele negou.
— Eu pago. — Ele tirou do bolso um malote de dinheiro.
Por mais que seja muito dinheiro e a minha comida não seja tão cara, nunca deixei ele pagar as coisas pra mim desse jeito antes. Piorou agora que não temos nada.
Peguei quarentena reais na minha carteira e coloquei em cima da mesa.
Semicerrei os olhos pra ele, que pareceu entender.Eu fui a única a pagar o meu, Lennon pagou o de todos ali.
Logo estávamos no carro do L7 e todos tagarelavam sobre algum assunto que eu já não prestava atenção há muito tempo. Minha cabeça tava longe.
— Gabriela?
Escutei alguém me chamar.
— Eu?
— Tem problema de te deixar em casa por último? — Lennon perguntou me encarando pelo retrovisor.
Neguei.
— Relaxa!
Voltei a focar na janela que mostrava as ruas de Ipanema passarem rápido. Eu tentava arrumar alguma forma de ir pra Bahia ver o meu pretinho, mas tudo que eu conseguia pensar era nos impasses.
...
Sai do transe com o Romarinho se despedindo de mim. Tinha sobrado apenas eu e o Lennon no carro.
— Tchau Romarinho! — Falei com um sorriso mínimo.
— Pula aqui pra frente Gabriela! — Lennon pediu ainda com o carro estacionado.
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perdição | L7NNON
Hayran KurguGabriela é uma obra de arte que se não existisse, eu mesmo teria esculpido. Início: 29 de outubro [2020] às 06:06 fim: 16 de janeiro [2021] às 00:45