•Perdição.•

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L E N N O N

ALGUMAS SEMANAS DEPOIS.

   Tudo por aqui tem dado certo. Estávamos longe da civilização da cidade e eu já nem sentia mais tanta saudade.
  Apesar de que estar no mato 24 horas e com a Gabriela é meio complicado.

  Tava feliz pelo Kauê conhecer essa felicidade de ser criança sem muita preocupação.

— Vida, cuida da tia. Sério não sai pra nada tá? — Gabriela falou entrando no quarto.

— Relaxa Bi. Mas porquê cê não fica e eu vou com o seu tio catar milho? — Perguntei estranhando.

Ela sempre foi tão protetora, esperava que ficasse cuidando da tia Gilda que pegou uma gripe fortona.

— Meu tio tem ciúmes do milharal, se você não tem experiência então não pode tocar nos milhos dele.

Ela veio até mim e na ponta do pé se esticou pra me dar um selinho.

Bufei conformado. Vida de casado era exatamente isso, muito pelo contrário do que eu pensei. E eu não me arrependo, mas era triste saber que não tinha sexo todo dia e sim muitas obrigações.

...

— Filho, pega ali aquela bolsinha pro pai? — Pedi pra ele pegar a compressa de gelo.

A tia Gilda falou que tava com febre e eu não senti ela tão quente, mas a sábia aqui é ela.

Kauê foi até o outro lado do quarto pegando a compressa que eu trouxe. Coloquei na testa dela que sorriu de lado pra mim.

— Vai cair a maior toró papai. — Kauê falou abraçando o meu braço.

— Eu tô vendo. — Olhei pela janela. Já tava me sentindo um fazendeiro de tanto conviver ali.

— Sua mãe vai chegar aqui toda molhada, aí sabe quem vai cuidar dela se ela ficar dodói? — Perguntei colocando o termômetro embaixo do braço da tia Gilda.

— Você! — Ele falou sapeca.

Ri fraco.

— Eu não. Tu que é o filhinho dela. — Brinquei e vi ele ficar cabisbaixo. — Que foi cara?

Fiquei preocupado.

— É que eu nem sei como cuidar de um dodói. — Ele deu de ombros e eu ri pela ingenuidade dele.

— Se ela ficar dodói vamos cuidar dela nós dois, tá bom? — Perguntei e ele assentiu.

Kauê sentou no chão e começou brincar com os brinquedinhos de madeira que o tio zezinho fez pra ele. E como sempre eu precisei parar um pouco e pensar o quanto ele era dependente de mim, assim como eu sou dele e eu acho que nunca vou ser grato o suficiente a Gabi por ter me dado a chance de sentir isso. Ele era tão pequeno e parecia tão frágil, mas ao mesmo tempo bem mais forte que eu.
Ele era meu filho e isso é bem louco de pensar!

Fui interrompido pelo apito do termômetro. E assim que eu tirei vi que deu temperatura normal.

— Ué tia... Tá tudo suave por aqui. — Falei conferindo os número, e ela nem precisou dizer nada. Fomos interrompidos pela tosse irreconhecível do tio.

perdição | L7NNONOnde histórias criam vida. Descubra agora