Há cerca de cinco anos assisti a uma minissérie sobre raparigas da Europa de Leste que tinham sido traficadas. Isto assombrou-me durante muito tempo e, gradualmente, foi desvanecendo da minha mente e consegui seguir com a minha vida. Depois, há pouco tempo, estava no consultório do médico à espera de ser atendida e peguei numa revista. Lá dentro vinha a história de uma mulher que tinha sido traficada. Um arrepio percorreu-me o corpo e dei conta que, nesses cinco anos, nunca tinha ouvido nada sobre o assunto na comunicação social. Deu-me que pensar e comecei a procurar histórias online sobre outras vítimas. Eram horríveis, de cortar o coração, agonizantes e eu sabia que este era um assunto que, apesar de ser um problema tão global, muitas pessoas não sabem o que se passa. Queria mesmo fazer algo para aumentar a consciencialização para o assunto e assim nasceu o livro Traficada: Diário de uma Escrava Sexual. Embora esta história seja ficção, é inspirada nas histórias destas vítimas e representa uma realidade global muito triste. Em 2007, o Departamento de Estado Norte-Americano realizou um relatório de Tráfico de Pessoas. As estatísticas chocaram-me até ao meu mais profundo ser: 700.000 - 800.000 homens, mulheres e crianças são traficadas pelas fronteiras internacionais todos os anos, cerca de 80% dos quais são mulheres e raparigas e quase 50% são menores. Estes números serão muito mais elevados quatro anos depois. E um dos factos verdadeiramente mais assustadores é que a maioria das pessoas pensa que só afeta países do terceiro mundo, mas está a passar-se mesmo debaixo do nosso nariz. O Departamento de Estado Norte-Americano calculou que 14.500 a 17.500 estrangeiros sejam traficados para dentro dos Estados Unidos todos os anos. Eu queria que o livro Traficada fosse realista, dilacerante e emotivo. E também queria que fizesse com que as pessoas parassem e pensassem sobre este assunto.