AS MENSAGENS TROCADAS pelo celular deixaram claro como tudo iria funcionar naquela noite. Por isso, sem qualquer resquício de atraso, Zara passava o babyliss na ponta dos seus cabelos, deixando ainda mais ondulados para que pudesse estar pronta dentro de alguns minutos. Ela mesmo não gostava de esperar, então não agia da mesma forma com os outros. Porém, como nunca, ela estava tensa. Em mais ou menos meia hora, ela estaria sentada em alguma mesa de jantar, frente à frente com o cara que fez seus amigos comerem o pão que o diabo amassou no passado. Estava em dúvida se sua atitude era certa. Mas, naquele momento, ela só queria vivenciar o que tanto Rafe Cameron tinha à oferecer e tentava não olhar pra trás, pois sabia que qualquer passo em falso, poderia enlouquecer sozinha.
Assim que nota seus cabelos do jeito que queria, passa as mãos pelo vestido tubinho e borrifa uma certa quantidade de perfume em pontos específicos do corpo. Por último, aplica um gloss transparente em seus lábios e calça seus sapatos simples, porém bonitos. Então, quando está totalmente pronta, avisa para Rafe por mensagem de texto que ele poderia ir busca-la. Seus dedos tremem como nunca. Mesmo que odiasse admitir, Zara estava em pânico.
Nunca foi uma pessoa que ligasse para o que os outros pensavam, mas a sensação de estar sendo ingrata com seus amigos por estar saindo com Rafe vinha à todo momento. Inúmeras vezes enquanto se arrumava, pensou em cancelar tudo aquilo e inventar a pior desculpa possível, apenas para se livrar daquele sentimento ruim. Porém, mais do que qualquer coisa, ela era curiosa. Queria descobrir como o garoto que tanto dizem ser a própria personificação do mal contava piadas, comia ou até mesmo segurava uma taça de vinho. Detalhes dizem muito sobre as pessoas e ela sabia que nunca iria saber se só se baseasse em Rafe por experiências alheias.
Só se vive uma vez, certo?
Ela suspira. Afastando esses pensamentos de vez, termina de guardar alguns pertences em sua bolsa e a põe no ombro, vendo que Rafe havia chegado pelo som da buzina de sua moto. Zara passa os dedos pelos cabelos numa última vez e se retira do quarto, andando rapidamente até a porta numa tentativa falha de fugir do interrogatório de seus pais. Quando tocou os dedos na maçaneta, um pigarreio à faz expirar.
— Onde pensa que vai, mocinha? — A morena revira os olhos, ficando de frente pro seu pai, que a encara de braços cruzados e a expressão séria.
— Vou sair, pai.
— Com quem? — Sua voz é séria.
— Com um amigo. — A sobrancelha de Owen ergue.
— Amigo? — Se aproxima alguns passos da garota. — É algum daqueles...
— Pogues? — Força um sorriso, sabendo aonde aquela conversa daria e não tinha um pingo de ansiedade para ver. — E se for?
— Filha, eu só zelo pela sua segurança. — O homem alto diz sereno, logo após respirar fundo.
— Não há motivo pra preocupação, pai. Não sou mais criança. — Zara segura em sua bolsa.
— Você sempre será a minha garotinha. — Owen segura o rosto da filha, beijando sua testa e lhe lançando um sorriso sincero.
Zara também sorri sem mostrar seus dentes e acenou com os dedos pro pai antes de praticamente sair correndo daquela sala e daquele climão. Ela sabia que seu pai se preocupava com ela mil vezes mais do que sua mãe. Mas, assim como ela, ainda vivia dentro de uma bolha, achando que o lado cut da ilha não era digno da presença de sua primogênita. Isso a dava náuseas.
Quando desce as escadinhas da entrada, ela consegue enxergar. Um sorriso lateral nasce em sua boca que rapidamente some. Não iria mesmo dar aquele gostinho à ele, já estava demais. Rafe estava sentado em sua moto, com os olhos presos na tela do celular e parecia distraído. Ele trajava uma camiseta branca que deixava seus fortes braços malhados à mostra e uma calça preta folgada. Seus cabelos estavam levemente úmidos, provavelmente dados à um recente banho. E, bem, seu cheiro... Tinha impregnado no ar. Zara suspirou profundamente, deixando que aquele aroma tomasse conta dos seus pulmões e arrepiasse sua pele. Deus, isso é mesmo um castigo.
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𝐂𝐇𝐀𝐍𝐆𝐄𝐒, 𝗺𝗮𝘆𝗯𝗮𝗻𝗸. ✓
Fanfiction❝ 𝗢𝗨𝗧𝗘𝗥 𝗕𝗔𝗡𝗞𝗦 ❞ Tudo mudou da água pro vinho. A pele arrepiada, a cabeça cheia e a boca seca. Com seus dois melhores amigos mortos, os Pogues nunca estiveram tão unidos. Só que, dessa vez, não era mais a mesma coisa. JJ não confia em ning...