𝟓𝟑

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ZARA • POINT OF VIEW

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ZARA • POINT OF VIEW

Meus pés pareciam ter sido grudados ao chão pela cola mais eficaz existente. Meus cabelos presos num coque tão frouxo pela minha falta de força nas mãos permitiam que eu sentisse o vento das pessoas passando por mim naquele corredor bater diretamente contra a minha nuca. Meu estômago revira tantas vezes que eu preciso me segurar para não correr até o banheiro. Eu estava, aproximadamente, há mais de dez minutos parada na frente das portas brancas do quarto onde JJ estava internado. Meus amigos permitiram que eu fosse a primeira à visita-lo. Porém, o medo e a insegurança pareciam pessoas reais invisíveis segurando meu corpo com firmeza. A única força que ainda me restava, eu concentrei em controlar minha respiração, que ainda assim, se esquecia de funcionar às vezes.

Eu passei longos dias que pareceram anos esperando por ele. Esperando que, ao menos, tivesse um único sinal de que o meu namorado não estava morto. Noites sem dormir, tardes inteiras sem ingerir nem água, choros incansáveis de latejar a cabeça e meus amigos me olhando com pena. Eu verdadeiramente ultrapassei o inferno para estar aqui agora. Ainda assim, eu não consegui mover um músculo.

Meu amor estava me esperando.

Com os dedos tremendo, eu abracei meus próprios cotovelos e olhei em volta. Bem no lado direito e no final do corredor, os meus Pogues tinham seus olhos focados em mim, esperando qualquer segundo para eu atravessar aquelas portas. Pope segurava os ombros de Kiara, que me encarava atenta e com os olhos transbordados. Sarah segurava na mão de John B nitidamente forte, ela também esperava alguma atitude minha. Eu não poderia simplesmente desistir agora. Era a minha hora, a hora dele, a nossa hora.

Percebendo o quão eu estava insegura, Kiara acenou com a cabeça, como se me incentivasse à dar o primeiro passo. Então, com todo o meu corpo tremendo e segurando para que minhas pernas não vacilassem, eu abri um sorriso mínimo, passando as mãos pelo meu rosto rapidamente e dando uma última checada na tela do celular. Meu amor iria me ver, eu não poderia deixar transparecer tantas noites mal dormidas. Saberia o quê poderia escutar de sermão.

O primeiro passo que dou é o suficiente para meu corpo congelar de ansiedade. Pouso a mão sobre a maçaneta, respiro fundo uma última vez e olho novamente para os meus amigos, que sorriam totalmente orgulhosos de mim. Eles estavam orgulhosos.

Adentrar aquele quarto é feito acordar numa manhã pós bebedeira. A luz forte da lâmpada arde meus olhos e dói minha cabeça. Acabo coçando minhas pálpebras por um momento e sentindo a vontade imensa de não abrir mais os olhos corroer minha mente. Eu sabia que não seria possível. Então, abaixei as mãos e ergui a cabeça. Minha visão dolorida pela luz passou, toda a angústia que assombrava meu corpo e meu dias se transforma em fumaça e imediatamente, meus olhos marejam. Não preciso dizer como meu coração desaprendeu à bater como natural.

𝐂𝐇𝐀𝐍𝐆𝐄𝐒, 𝗺𝗮𝘆𝗯𝗮𝗻𝗸. ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora