𝐂𝐇𝐀𝐍𝐆𝐄𝐒, 𝗺𝗮𝘆𝗯𝗮𝗻𝗸. ✓

𝟑𝟐

A ALA DE SALGADOS era mais entediante do que nunca. Mas, ainda assim, Zara dava boas risadas graças às gracinhas ditas por Rafe. Ele conseguia deixar qualquer clima menos pesado. Por isso, enquanto escolhia os sacos de salgadinhos para levar pra casa, escutava tudo que o loiro tinha à dizer, mesmo que fosse algo muito idiota.

— Então, mas assim — Ele pensa por alguns segundos. — Você preferia ter dedos do tamanho das pernas ou pernas do tamanho dos seus dedos?

— Que merda de pergunta é essa? — Olha incrédula pro garoto. — Prefiro ter os dois dos tamanhos normais!

— Mas imagina ter dedos dos tamanhos das pernas, você ia poder fumar três baseados ao mesmo tempo. — Novamente, você o encara como se fosse um alienígena.

— Isso não faz sentido nenhum. — Rafe revira os olhos, vendo você jogar os saquinhos dentro do carrinho. — Quais são os próximos?

— Enlatados. — Respondeu, olhando para o papel que continha a lista.

Zara assentiu e seguiu caminho para a ala dos enlatados. O mercado é relativamente grande, então tinha bastante variedade de produtos e alas dos mesmos. Por isso, Zara andou aproximadamente três minutos até chegar na seção dos enlatados. Ela nega com a cabeça ao passar o dedos pela prateleira, observando os produtos que ali estavam.

— Como um corredor consegue ser tão longe do outro? — Comenta mais pra si mesma e percebe que Rafe não responde.

Ele estava ocupado demais fazendo outra coisa. Com as mãos segurando a barra do carrinho, seus olhos estavam fixos em como o corpo de Zara ficava naquelas roupas justas e frescas. O short jeans curto que usava levantou pelo fato de ter se posto na ponta dos pés para pegar em mãos um dos produtos da prateleira. Por isso, a polpa de suas nádegas estavam marcadas pra fora. Os olhos azuis se prenderam naquela região, mas foi questão de segundo para desviar e perceber que isso poderia ser uma situação extremamente desconfortável. Merda.

Com a lata em mãos, Zara olhou para o garoto que tinha seu olhar fixo em um ponto aleatório. Ela franze o cenho ao ver sua expressão. Parecia nervoso com alguma coisa. Abaixando a cabeça e vendo o atual estado do seu short que agora estava dobrado, ela morde o lábio inferior e direcionado as íris até Rafe novamente. Só que, dessa vez, ela o analisa da cabeça até o quadril. As borboletas fazem carnaval na barriga do garoto. Ele sabia o que estava acontecendo e podia morrer de tanta vergonha. Tinha certeza que suas bochechas estavam coradas.

Zara sabia exatamente o que tinha acontecido.

Ela põe o enlatado de volta na prateleira e se aproxima de Rafe calmamente, ficando tão perto que conseguia sentir a respiração tensa do garoto batendo contra seu nariz. As íris azuis se escurecem no mesmo segundo. Os dois corpos, à milímetros de distância e com aquela reconhecível tensão sexual crescente, estavam paralisados.

Pode-se dizer que Zara era louca e Rafe também tinha nascido com muita pouca sanidade. Então, quando os olhos da garota leem a palavra "almoxarifado" em cima de uma porta, seu sorriso sacana aumenta de tamanho. Rapidamente, leva seus dedos até os de Rafe e os entrelaça, puxando o garoto na direção daquela porta.

Bom, as compras? Eles não estavam muito interessados, pra falar a verdade.

Pra sua completa felicidade, a porta estava destrancada. Foi um piscar de olhos para os dois estarem dentro do pequeno cômodo, que não seria aberto por mais ninguém pelo fato de Zara ter colocado o peso de uma caixa de papelão cheia bloqueando a passagem. Naquela hora, estava se sentindo a pessoa mais aventureira do mundo.

Só se vive uma vez.

Rafe a observava fazer tudo isso, e quando os olhos amendoados da garota se conectaram com os seus, ele passou as mãos nos cabelos de forma nervosa.