𝟖

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É A MANHÃ SEGUINTE PÓS TEMPESTADE. Zara enrolou um pouco pra se levantar da cama e esticou o corpo, no mínimo, umas cinco vezes. Não queria de forma alguma ter que olhar pro céu e ver as mesmas nuvens nubladas e sem graças de ontem. Já havia se acostumado com o céu azul e o calor de fritar os neurônios.

Faz suas higienes matinais e logo desce as escadas, sentindo sua barriga roncar. Se lembra de não comer nada depois que chegou da praia com seus amigos. Tinha ficado tensa pela notícia da tempestade e se recusou à descer qualquer coisa garganta à baixo a não ser água. Zara nunca foi fã de chuva, pra falar a verdade. Ainda mais de temporais devastadores e que podiam seriamente fazer estragos.

Ao pisar na cozinha, ela nota que mais uma vez, sua família não está completa. Consegue ver Zayleen pulando nos próprios pés ao tentar alcançar o pacote de biscoitos no armário. A mais velha ri baixo e caminha até ela, abrindo a pequena porta de madeira e retirando o pacote vermelho de dentro do pequeno espaço.

— Bom dia. — Diz, estendendo o pacote pra menor. Ela sorri em agradecimento. — Por que não pediu à ninguém pra te ajudar?

— O papai saiu e a mamãe tá daquele jeito... Brava. — Ziza faz uma careta.

Zara franze o cenho e se recorda da discussão que teve com sua mãe na noite que foi até a antiga casa de John B. Pensa também em seu pai lhe dizendo que eram problemas com os "negócios". Mas, de qualquer forma, vocês estão de férias. Esse papo de negócios não colou muito bem e aguçou sua curiosidade. Infelizmente, ela tinha noção que poderia morrer sem saber, já que seus pais nunca partilham com ela questões financeiras. Devem achar que se ela souber de uma possível falta de dinheiro, surtaria e bateria os pés pra fora de casa. Ela suspira de alívio sabendo que não criaram um monstrinho.

As irmãs notam que já não estão mais só no cômodo e a visão de Victoria abrindo a geladeira tranquilamente é concedida. Zara pega Zayleen em seu colo e a põe sentada no banco, logo indo até a geladeira também para por um pouco de suco de laranja na caneca personalizada da mais nova. Pode escutar um pigarreio de sua mãe.

— Bom dia.

— Ótimo. — Zara responde.

Ainda era manhã e a torta de climão já havia sido posta sobre o ambiente. Zara odeia ficar desentendida com sua família, mas também sabia que até agora, sua mãe não havia lhe pedido desculpas pelas palavras cortantes que à lançou. As coisas estavam mais calmas, mas ela não tinha sangue de barata. Sempre teve a consciência de que não importava se fossem seus pais, o respeito precisava ser mútuo. Em todas as questões da vida.

— Eu... — Os cabelos escuros da mulher balançam conforme ela se encosta na geladeira. — Quero te pedir desculpas pelas coisas que te falei. — Libera um suspiro. Zara senta ao lado da irmã mais nova e nem sequer a olha. — Estou estressada com problemas pessoais e não devia ter descontado em você. Espero que não tenha levado as bobagens que eu disse à sério.

— Você precisa de responsabilidade pelas coisas que fala. — Seus dedos passam pelos cabelos. — Só isso, mãe.

A mulher, mais uma vez, suspira e abaixa a cabeça. Elas respeitam o silêncio que se instala no ar e o breve momento que tem para pensar na situação. Zara está irredutível, obviamente.

— Quero que me perdoe pelas coisas que falei. — Zara levanta a cabeça para olhar sua mãe. — Mas eu soube que você desobedeceu seu pai ontem, fugindo de casa para sair com seus amigos daquela ladainha.

A garota cerra os olhos e um ponto de interrogação enorme nasce em sua testa. Ela estava mesmo falando mal dos seus amigos na sua frente?

— Por isso, você está de castigo — Seus olhos arregalam. — Não sairá pelos próximos dias. Nem adianta pedir pro seu pai, ele já está ciente.

𝐂𝐇𝐀𝐍𝐆𝐄𝐒, 𝗺𝗮𝘆𝗯𝗮𝗻𝗸. ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora