𝐂𝐇𝐀𝐍𝐆𝐄𝐒, 𝗺𝗮𝘆𝗯𝗮𝗻𝗸. ✓

𝟐𝟔

AO LADO DELES, o tédio não existia. Não tinha um segundo que pudesse ser considerado inútil com aquelas pessoas em volta. Quando pensou que o dia estaria perdido, as figuras do seu casal preferido bateram bem na sua porta. Uma carregando um cooler, e o outro uma caixa repleta de sanduíches. Um simples "vamos?" foi capaz de arrancar a garota do sossego de sua cama. Calçou os chinelos, ajudou Pope com sacolas de algumas guloseimas e logo estavam caminhando rumo à casa onde o grupo se reunia.

A curiosidade tinha atiçado demais Zara e antes que ela conseguisse perguntar, sua dúvida foi solucionada por Pope dizendo que tentaram contatar JJ, mas tinha desaparecido como fumaça. Um suspiro escapou dos seus pulmões. A forma que ele andava tão distante depois dos últimos acontecimento a deixava angustiada. Nunca quis de forma alguma, o deixar numa situação desconfortável ou com um aperto no peito tão grande que o impedisse de sair com os melhores amigos. Numa boa parcela, ela se sente culpada, mesmo sabendo que insegurança não a levaria à lugar algum.

Logo ao chegarem na antiga casa de John B, colocaram as sacolas na cozinha e decidiram abrir o cooler na sala. Kiara inicia um assunto sobre o quão barata aquela cerveja era e mesmo assim muito gostosa, mas sua voz é interrompida por um som suspeito. Zara franze a testa, fitando os dois amigos que ficam em silêncio e ela pousa o indicador sobre os lábios, indicando para eles não fazerem mais nenhum barulho.

Novamente, o som se repetiu. O enorme medo de algum animal ter entrado na casa a invade. Não saberia como espantar um guaxinim sem fazer um escândalo, já que tem pavor de bichos daquele matagal que rodeia Outer Banks. Mas, podia ser a medrosa que for, a sua curiosidade era bem maior que as suas fobias.

A garota direciona seus passos silenciosos e lentos na direção que o som estava vindo, então, nota que vinha do quarto de hóspedes da casa. A morena olha pro casal mais uma vez, repetindo o gesto de silêncio, que é imediatamente obedecido pela dupla. E então, ao abrir a porta rapidamente e com o coração na boca de encontrar um morcego ou algo do tipo, Zara arregala os olhos ao ver a cena que daria tudo para arrancar os próprios olhos.

A pessoa que foi motivo das suas preocupações e dos seus amigos nos últimos dias estava sem camisa, em cima de uma garota. Um edredom cobria da sua cintura pra baixo e a expressão de prazer da menina embaixo do seu corpo deixava ainda mais nítido o quão íntima era aquela situação. As unhas fincadas nas costas malhadas e os cabelos levemente molhados por conta do suor e do calor do lugar foram um passe livre pra garota colocar as mãos nos próprios olhos, mas era tarde demais. JJ e a própria menina desconhecida já haviam percebido que foram flagrados.

— Em nome de Jesus, eu não vi nada! — A morena fecha a porta tão rápido quanto abriu.

Ela tinha certeza que aquela cena estaria presente nos seus próximos pesadelos. Céus, nem imagina sequer como reagiria se fosse ela nesse constrangimento. Seus olhos se encontram com o de Kiara, que está visivelmente explodindo de tanto segurar uma risada. Então, ela libera, gargalhando tanto até que caísse sentada no sofá. Pope está da mesma forma enquanto Zara permanece com as bochechas coradas. Era óbvio. Por que não pensar que o celular dele estava desligado porque deveria estar comendo todas as bucetas possíveis naquela ilha?

A garota rapidamente retira sua mão da maçaneta daquela porta e se direciona até o cooler no centro da sala, abrindo o mesmo e pegando uma das garrafas de cerveja. O líquido frio e meio amargo desce pela sua garganta e Zara tem a esperança que aquela cena descesse junto. Sua maior vontade era enfiar a própria cabeça debaixo da terra. Enquanto isso, seus amigos lacrimejam de tanta gargalhada. O ódio subindo pelo corpo era real.

— Temos uma nova empata foda na área. — Kiara aponta pra amiga que dá um sorriso amarelo e ergue seu dedo médio à ela.

Não demora muito para que JJ saia do mesmo quarto daquela cena terrível apenas com sua bermuda e a outra garota logo atrás. Observando a mesma, Zara franze o olhar, notando algo de estranho.