𝐂𝐇𝐀𝐍𝐆𝐄𝐒, 𝗺𝗮𝘆𝗯𝗮𝗻𝗸. ✓

𝟐𝟏

O TÃO ESPERADO DIA pelos Kooks havia chegado. Incontáveis garçons andando de um lado pro outro, a música não tão alta deixando o ambiente ainda mais festivo e como sempre, o calor energizando todo mundo. Quem olhava de fora, via a animação de quem estava presente. Porém, só quem conhecia sabia da verdade daquela festa. É óbvio. Bebidas e comidas de graça sempre seriam o suficiente para disfarçar a realidade.

Enquanto a classe rica se diverte, Pope servia o milésimo drink que haviam lhe pedido. Ajudava seu pai em troca de um pouco de grana e também não o deixando trabalhar sozinho. Uma mão lava a outra, sempre foi assim com a classe trabalhadora.

Não tão afastado do bar, Kiara forçava sorrisos por mais um ano onde seus pais a amostravam para os amigos milionários. A vontade da garota é sair correndo o mais longe que conseguisse. Ela sorri, lembrando do ano passado, da cena de todos eles fugindo daquele velório no estilo Pogue. Eram tempos tão bons, merda.

Assim como Pope, JJ não podia perder a viagem de frequentar uma festa de gente rica e ainda assim ganhar um dinheiro. Por isso, andava de um lado pro outro com traje de garçom e uma bandeja em mãos. Não significa que sua paciência já não tenha estourado com tantas pessoas lhe pedindo tantas coisas. A língua coça mais do que qualquer coisa para mandar alguém ir à merda.

E então, procurando os amigos com os olhos, Zara chegava na bendita festa do solstício. Algumas pessoas dançavam de um lado, conversavam de outro e o ambiente está realmente cheio. A garota suspira e passa as mãos pelo tecido do vestido. É definitivamente um ambiente que ela não gostava.

Ela se permite colocar um sorriso no rosto ao olhar pra baixo, vendo sua irmãzinha com a pelúcia nos braços e a coroa de flores brancas no topo da cabeça. Ela também trajava um vestidinho da mesma cor, com sapatilhas e seus cabelos ondulados soltos. Como aquela criança é linda, Deus.

Percebendo que seus pais já começaram a se enturmar com outros adultos do lugar, Zara busca pelos seus amigos. A primeira pessoa que encontra é Pope, sorrindo para uma moça que pegava a bebida recém-pronta de sua mão, mas logo quando a mesma dá as costas, ele revira os olhos e volta à ajudar seu pai com alguma coisa. A garota sorri, andando em direção ao bar e ajeitando os cabelos.

— Boa noite, bonitinho. Pode me servir um sex on the beach? — Força a voz, parecendo que era de uma mulher mais velha. Pope suspira e vira pra você, rapidamente tirando a carranca do rosto e sorrindo alegre.

— Sério, eu nunca fiquei tão feliz em te ver. — Por cima do balcão, ele consegue abraçar a garota de forma desajeitada. Ela ri.

— Cara, o que está acontecendo aqui? Parece até um velório onde os pobres estão cavando a própria cova. — Pope concorda.

— Enquanto isso, o outro lado da ilha está sem luz. — Ele suspira. — Não sei o porquê dessa gente gostar tanto de olhar pro próprio umbigo.

A garota passeia os olhos por todo o ambiente e consegue enxergar seus pais de longe, com taças de vinho na mão e rindo junto de seus amigos. Então, franze a testa, se deparando com a presença mais inesperada possível. Ou nem tanto assim.

Ward Cameron ria junto deles e bebia do vinho de sua taça. Parecia feliz e totalmente descontraído.

Agora ela tinha certeza de que essas pessoas só pensam em si mesmo.

Zara percebe que não está mais à sós com Pope quando nota a presença de Kiara, que se aproxima com um sorriso ao encontra-los e se direciona rapidamente até o seu namorando, selando os lábios dos mesmo e logo após, abraçando a amiga.

— Céus, você está tão linda! — Exclama, olhando Zara de baixo pra cima sorrindo.

O vestido vermelho luminoso longo que traja realmente é deslumbrante. O decote que realça bem seus seios e a fenda frontal que deixa sua perna à mostra só destaca ainda mais o quão forte é a sua beleza. Sem contar das curvas que marcam na peça, foi a parte que Zara mais gostou ao se olhar no espelho.

— Vocês sabem do JJ? — Kiara pousa as mãos na cintura e os dois negam com a cabeça.

A dúvida de todos é solucionada com a visão que acabara de ter. Um homem segurando JJ pela gola do terno, praticamente berrando contra seu rosto enquanto ele também debatia com o senhor. Rapidamente, Zara sai do seu posto e corre em direção ao garoto.

— Ei, que merda tá acontecendo?! — Ela chama a atenção dos dois.

JJ, que estava com um semblante irritadiço, relaxa a expressão e fita a garota de cima à baixo. Mas, logo ao ver que o homem faz a mesma coisa, ele o empurra pra longe.

— Tá meio caído pra prestar atenção em novinha, senhor Robins.

O cara dos cabelos levemente grisalhos avança pra cima de JJ, mas antes que conseguisse alcança-lo novamente, Zara se pôs na frente do mesmo com os olhos arregalados, o que fez o homem chegar para trás.

— Parem com isso, Jesus! Isso é uma festa! — Algumas pessoas em volta já prestavam atenção. — Senhor, o que aconteceu?

— Esse moleque abusado não sabe fazer o trabalho dele. — Ele rosna. JJ segura a risada de forma debochada. Zara respira fundo, olhando de soslaio pro loiro que logo ajeitou a postura, intimidado pela encarada ameaçadora.

— Eu pego seu pedido pra você. O que quer? — A gentileza da menina surpreende os dois homens.

— Um uísque com gelo e uma batida de abacaxi sem álcool. — Zara assente, pondo um sorriso no rosto.

— Desculpe pelo meu amigo, viu?

O homem deu de ombros, virando as costas e logo Zara sai puxando JJ para o bar pela orelha. Mesmo escutando os xingamentos de dor vindo do garoto, ela só o larga quando estão frente à frente com Kiara e Pope.

— Qual é o seu problema? — Kiara cruza os braços. JJ coça a orelha avermelhada.

— Aquele velho sem pescoço estava me rodeando igual uma mosca varejeira. Me estressei e falei pra ele parar de beber álcool porque o coração de idoso dele já era fraco.

A fala do loiro faz seus dois amigos rirem e Zara bater em suas costas. Ele resmunga, ainda sob o olhar matador da garota.

— Você não tem limites. — Ela nega com a cabeça.

— Estilo pogue, miss Malibu. — Ele faz um toque de mãos com Kiara e Pope. A garota revira os olhos.

— Pope, me vê um uísque com gelo e uma batida de abacaxi sem álcool, por favor — O garoto de pele negra franziu a testa. Zara, então, retira o acessório que prendia seus cabelos e deixa os mesmos soltos. — Pode me chamar de Miss Garçonete.