𝟗

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A NOTÍCIA QUE RECEBEU AINDA ESTAVA LHE ASSOMBRANDO. Mal conseguiu dormir à noite e reluta pra pelo menos comer uma fruta sequer, sentia todo o seu estômago revirar. Poucas coisas são capazes de ficar na sua mente por muito tempo, e definitivamente a cena e as palavras de ontem foram uma delas.

Os corpos de John B e Sarah não estavam lá.

Ela tenta se convencer de que faz um ano. Um ano desde que eles se foram, de que tudo aconteceu e de que aquela tempestade tropical chegou até a ilha, mas é muita coincidência. Nem mesmo os ossos estavam lá, nenhum pertence, nenhuma pista, nada. É como se aquele tivesse vazio desde o momento que saiu pelo mangue há um ano atrás.

Zara não esteve ao lado dos Pogues na época. Não tinha conhecido Kiara, Pope e nem JJ. Não imagina sequer a dor que eles estão sentindo agora com os pensamentos de onde podem estar os corpos dos melhores amigos, mas também foi um puta baque pra ela. Já que, depois de todo esse tempo, logo quando ela se juntou à eles esse tipo de notícia chegou como um furacão. É muito forte e confuso. As paranóias que começam à nascer em sua cabeça arrepiam todos os pelos do seu corpo. Assustador, literalmente.

Lembra que depois de consolar Kiara e Pope – já que JJ se manteve como uma escultura de gelo a maior parte do tempo – eles foram embora e Kiara prometeu que faria de tudo para tentar lhe tirar de casa. Zara sabe que o melhor à se fazer no momento não é confrontar sua mãe dessa forma, mas também não suporta a ideia de ficar trancafiada dentro da residência, não sentindo a mínima vontade de fazer qualquer coisa mesmo que tivesse mil e um cômodos com diversas distrações.

Suspirando, Zara prende os cabelos num rabo de cavalo alto e vai até seu quarto, onde toma um banho longo em seu banheiro e coloca uma roupa fresquinha logo depois. Não se arrisca com muita maquiagem, então aplica pouca máscara de cílios e logo está se direcionando para a porta de casa. Como o esperado, antes mesmo de alcançar a maçaneta, alguém se coloca em sua frente.

— Esqueceu que você está de castigo, mocinha? — Os braços fortes de seu pai se cruzam enquanto ele a encara seriamente.

— Só estou saindo pra almoçar, pai. — Ele nega com a cabeça.

— Não posso permitir, Zara. Você sabe o que fez.

— O que eu fiz? Saí pra me divertir com meus amigos, como vocês pediram desde quando eu pisei em Outer Banks? — Assim como o pai, ela também cruza os braços. — Eu estou num tédio mortal, Owen.

— Papai — Ele a corrige, o que a faz revirar os olhos bruscamente. — E você não vai sair hoje. Almoçaremos fora.

A garota franze o cenho confusa. Não lembrava da última vez que tinha almoçado fora com os pais, já que a maior parte do tempo, eles estavam ocupados com os tais "negócios".

— Mas... Quando?

— Agora. — Os olhos dele percorrem a filha de cima à baixo. — Não precisa se trocar, está mesmo muito calor.

Owen sorri levemente e vira as costas, se direcionando até as escadas para ir até seu quarto. Antes mesmo que pudesse pisar no primeiro degrau, Zara se vira e o chama mais uma vez.

— Porque estamos indo almoçar fora?

O homem alto suspira e olha pra garota por cima do ombro.

— É uma reunião de negócios. Queremos te apresentar algumas pessoas.

Em questão de segundos, ele some nas escadas, deixando Zara pra trás totalmente confusa. Apresentar algumas pessoas? Imediatamente, a imagem de pessoas acima da sua idade lhe perguntando como vai a vida – como se eles se importassem – vem à tona em sua cabeça e um gosto amargo surge em sua língua. É um pesadelo.

A morena levanta o celular pronta para discar o número de Kiara e se permite suspirar frustrada ao lembrar que o lado cut está sem luz. Seria obrigada à passar por aquela maldita sessão de tortura. Obrigada, Olivia, sua vadia! Ela pensa.

Está com o olhar distraído e a cabeça tão cheia de perguntas que nem sequer percebe que estão chamando seu nome. Volta à se tocar de que está almoçando com pessoas que ela não se importa.

— Zara, filha — A mão de Owen pousa em seu ombro. Ele está com um sorriso radiante no rosto. Se você não o conhece, até chutaria que era verdadeiro. — Esse são nossos amigos.

Os olhos da garota descolam do próprio prato vazio na mesa para fitar as pessoas presentes na mesa. É como ela esperava. Pessoas mais velhas com sorrisos falsos no rosto. Ela já esperava as perguntas.

— Ela é mesmo muito linda, Owen. — O sorriso de um dos velhos aumenta, intercalando o olhar entre a garota e o homem. Seu pai sorri orgulhoso. É óbvio que sua filha é mesmo linda.

— Eles tem filhos da sua idade, amor. Você devia conhece-los. — Victoria diz, bebendo um pouco do vinho que há em sua taça.

Discretamente, Zara revira os olhos. As horas parecem se rastejar. Nunca teve tanta vontade de sair correndo de um lugar, nem mesmo quando presenciou uma pessoa atirando pro alto duas vezes com os olhos fixos nela. Em todo aquele tempo, teve a plena certeza de que ali, com aquelas pessoas, não é o seu lugar.

— Bom, acho que já vamos indo — Owen se levantou acompanhado de Victoria. — Muito obrigado pelo almoço, Ward. Você sempre surpreende.

Ao escutar as palavras, a garota pressiona levemente as sobrancelhas e logo os olhos se arregalam. Ela conhece esse nome. Conhece muito bem.

— Eu que agradeço, Owen. É sempre um prazer fazer negócios com você — Ele sorri, logo mudando os olhos pra garota. — Sua filha é mesmo linda.

— Devia leva-la pra conhecer Rafe e Topper. Tenho certeza que iriam adorar! — A mulher também presente na mesa sorri. Se não se engana, se chamava Cynthia.

— Pode deixar. — Owen retribui o sorriso.

A garota se levanta da mesa, mesmo sentindo suas pernas tremerem. Era ele. O pai de Sarah Cameron. O homem que foi responsável por toda a tragédia que assombra a mente dos seus amigos até hoje. E que, também, está começando à atormentar a sua.

Ela sabia que os pais eram capazes de tudo pelos negócios da família, mas não queria acreditar que eles poderiam fazer de tudo para manter as finanças bens. Até mesmo fazer sua filha se aproximar do cara que acabou com a vida dos seus amigos.



☀️


cap meio bosta mesmo isso aí
sdd dos comentarios de vocesss

𝐂𝐇𝐀𝐍𝐆𝐄𝐒, 𝗺𝗮𝘆𝗯𝗮𝗻𝗸. ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora