Arrancando-lhe o sono, o afetuoso cheiro...
Ao contrário dos gradativos batimentos cardíacos, nem o vento ousava balançar as inertes cortinas, temendo ser castigado por interromper a quietação do dormitório.
Esfregando os olhos, o ponteiro do relógio indicava quase três da manhã.
Droga!
Arrumando o travesseiro, só queria voltar a dormir. Todavia, aquele desejo lhe envolvendo, sufocava.
Não!
Não era a capa.
Depois de ter passado quase uma semana em claro pelo longínquo cheiro de Severus, havia ocultado a maldita no fundo do baú.
Todavia, como antes, o gosto do sonserino lhe tomava os lábios e a recordação da consistência daquela pele lhe excitava os sentidos.
Apertando os olhos, recorreu às cobertas para lhe abafar o rosto, objetivando esquecer a realidade antes que padecesse mediante a escassez daquele deserto que era não ter Severus.
No entanto, aquele tecido não era a textura almejada do conhecido oásis.
Ultimamente, o treino de quadribol estava pesado. Corria quase quilômetros por dia, às vezes, até descalço para fortalecer a musculatura e a constante alerta não cedia.
Por que diabos não conseguia desligar para dormir?
Precisava descansar.
Precisava apagar.
Contudo, aquele ludibriante rastro...
Reparando a lua na janela afora, quanto tempo fazia desde que eles estiveram juntos pela ultima vez?
Por qual motivo o cheiro havia ficado tão forte repentinamente?
Severus se tornava uma droga indispensável para a sua sobrevivência, embora aquele garoto que recolocava os óculos ainda não soubesse como prover.
A boca seca.
O calor insuportável.
A inquietação constante.
Naquela noite, a insaciável necessidade como dias atrás...
- Ainda acordado? – Balbuciou Sirius, sonolento.
- Eu... Eu só... – Mentiu baixinho, torcendo para que o amigo considerasse aquilo um sonho.
No entanto, será que... Severus estaria no cio novamente?
Levantando-se apressado, não poderia deixar que outro alfa o encontrasse. Quer dizer, queria ser seu apoio, por isto, não se renderia a situação desta vez.
Isto!
Ele era o único ali com o segredo de Severus, por isto, tinha a obrigação humana de ajudá-lo... Estivessem destinados ou não.
Certamente, faria o mesmo com o Sirius, o Peter, ou até mesmo com a professora McGonagall. Repreendendo o último pensamento, era bem estranho alguém ser destinado à professora McGonagall. Pensando bem, não iria se importar, com certeza a ajudaria.
Decidido, desceu as escadas, preparando-se para ir ao dormitório inimigo.
Apreendido pelo olfato, o perfume lhe puxava por outro caminho.
Seguindo inconsciente, na esquina do corredor da casa dos leões, a arisca presa estava sentada no chão, utilizando as mãos para pressionar a cabeça contra os flexionados joelhos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Instinto
RomanceSeverus era um excelente bruxo e por quase seis anos conseguiu camuflar sua situação de ômega para permanecer estudando na importante escola de Hogwarts. Todavia, o cheiro do inimigo despertou os instintos que ele tanto tentou ignorar. [Omegaverse/Y...