Voltando a Hogwarts

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Intimamente animado, Severus revia os assuntos e até sabatinava o rival. De certo modo, James desejou outros testes como aquele somente por encontrar o parceiro tão motivado a algo.

Não negava o medo em voltar a Hogwarts, contudo, disfarçava-o entre sorrisos e respostas, propositalmente, erradas, somente para escutar a doce voz o chamando de cabeça-de-vento e, pacientemente, recomeçar o assunto com mais notas e pontuações.

Será que o senhor Black, realmente, iria matá-lo? Não duvidava de nada sobre aqueles lunáticos.... Ainda assim... Os pesadelos seriam premonições? As correntes estariam em alguma cela da velha mansão? Apoiando a cabeça na palma da esquerda mão enquanto flexionava o cotovelo sobre a mesa, observava o lento falar dos audaciosos lábios, desejando, inconscientemente, que o tempo não passasse.

Por ser primavera, seria estranho se Severus utilizasse tantos casacos. Ele até poderia passar mal com o calor. Assim, optaram por cintas abdominais, compraram um número maior de uniforme e, agradeciam pela folgada capa complementar a vestimenta escolar. Evitariam o máximo de pessoas, fariam o exame e...

- E ele chuta bastante? – Perguntava Remus animado.

O sonserino olhou para o companheiro em desaprovação pela língua grande e James deu de ombros, nada culpado, pois não tinha como esconder algo tão importante de amigos tão íntimos. Só não esperava que, mal colocassem os pés na escola, seriam sequestrados praquele interrogatório.

- Eu não sei... – Tenso e cabisbaixo, Severus mantinha os olhos na própria barriga. Especialmente pelo desprezo que Sirius depositava sobre si. Certamente, se não fosse os três garotos ali, ele o mataria. Sem contar que, desde que saíram da casa Potter, Harry estava tão quieto... Deveria sentir o seu acelerado coração e tentar, ao máximo, se esconder. Será que James ficaria zangado se ele pedisse para que nenhum Black nunca tocasse em seu bebê? Nem mesmo Sirius. Principalmente, o seu melhor amigo Sirius. Tocando de leve o ventre, numa reação instintiva, admitia inseguro. – Eu... Só sinto que ele está aqui.

- E você está comendo bastante? – Peter continuou.

- Agora sim. – James interpôs sério, segurando-lhe a mão como se pudesse sentir o fantasma do receio lhe abraçando.

Inicialmente, o garoto das poções pensou em afastá-la, inadmissível se boatos começassem a circular pelos corredores. Todavia, entrelaçando os dedos, assentia discretamente como se pudesse ouvi-lo garantir que "tudo ficaria bem".

Esboçando um despreocupado riso para os amigos, o grifinório brincava:

- Mas ainda é um sacrifício diário.

- Eu sinto muita sede. – Severus completou tímido. Estranhamente, sentia-se tão feliz que poderia chorar. Embora fosse apenas o tato contra tato, o coração aquecido fazia crescer a certeza que nada daria errado. Meneando a cabeça em negativo, suspirou fundo, logo sorrindo vago para dissimular o quase marejado olhar. – Eu... – Apertando mais firme aquela mão. - Estamos ansiosos para conhecê-lo.

- Acredita que ele quer que o nosso garoto vá pra Sonserina?

- Impossível. – Disse Sirius, frio. Finalmente, descruzava os braços. A expressão fechada quase não reparava o casal, pois o Black se mantinha atento a quem passava pelos corredores, pronto para sacar a varinha e enfeitiçar qualquer intrometido. Amargo, continuou. - Nossa tripulação não aceita pessoas da sonserina.

- É claro que o namorado do James é nossa cota verde. – Interpôs Remus, buscando amenizar o clima desagradável.

- Não. – Corrigiu Severus. - Não estamos namorando.

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