Segredo

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Despertando sonolento, um pequeno sorriso delineava os lábios de Severus pelo agradável cheiro pairando na sala.

A saudosa intensidade flamejante como o Sol.

Revitalizado, as náuseas quase já não existia.

Buscando conforto na mão do noivo pelo sofá, disse timidamente contente:

- Desculpa, Regulus... Eu terminei apagando. - Aspirando o perfume daquele braço, sorvia ao néctar ainda de olhos fechados, - Este cheiro é tão...

- Quando pretendia me contar? – Interpôs James, seco.

Furioso, as palavras de Sirius se repetiam num mantra. No entanto, não conseguia odiar o louco das poções.

Sim.

Não ignorava o coração machucado, traído. Mesmo assim...

Afastando-se um pouco, embora a iluminação estivesse bem baixa, Severus reconheceria aquelas armações redondas em qualquer lugar.

"Droga!".

Tentando levantar, a visão embasada e o gelado desequilíbrio lhe acolhia.

Teimando, não conseguiu ir longe, pois James lhe enlaçou o pulso, exigindo uma explicação. Para piorar, ele merecia.

Forçando o braço para se libertar, Severus fechou os olhos, preparando-se mentalmente para o escarcéu que o insuportável faria.

De tantos alfas pelo universo, precisava ser justo James Potter?

Afinal, por qual motivo, tudo vinha dando tão errado?

Alguém havia pingado sangue de unicórnio em seu café para tanta desgraça lhe acompanhar?

Era a única explicação plausível.

No entanto, mediante o silêncio lhe aguardando, a prepotência usual era ótima em mentiras. Por isto, persistiu:

- Eu não sei do que você está falando, Potter.

- Não seja cínico, Severus. Ta na cara que você engravidou.

- Não é verdade. - Puxando o braço mais uma vez, odiava como todos seguiam insistindo naquele assunto. Culpava a mudança de tempo pelo seu transtorno de saúde e humor. Ninguém era 100% saudável o tempo todo, além do que... - Eu vou me casar.

- Eu disse que casaria com você.

- E eu disse que já tinha um alfa. - Replicou em baixa voz temendo acordar aos demais. - Estou noivo do Regulus desde quando éramos crianças, Potter. Isto não pode ser desfeito assim.

- E como pretende explicar esta criança?

Levando a mão a testa, o sonserino massageou a têmpora.

Os tremores em sua barriga. Os mamilos doloridos. Tonturas...

Realmente, haveria uma criança?

Meneando a cabeça em negativo, até quando continuaria a negar a existência daquela praga lhe ocupando o ventre?

Apesar do empenho em tentar, ele não desaparecia e só continuava a crescer.

Um hospedeiro alienígena empenhado em lhe destruir.

Desesperando-se, lágrimas involuntárias lhe saltavam os olhos ao recordar quantas medicações tomava para perdê-lo. No entanto, depois de acordar e testar um novo teste de gravidez, insistente como o maldito Potter, aquele feto continuava ali.

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