Grifinória x Sonserina

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 "Como uma pessoa consegue ser tão insuportável?" Questionava Severus enquanto raios de sol lhe manchava o rosto.

James não abria as cortinas quando deixava o quarto pela manhã. Contudo, o infeliz conhecia uma estratégia onde puxava uma minúscula fresta e a claridade se propagava para incomodar, EXATAMENTE, os olhos.

Virando-se para o outro lado, o cheiro do café invadia o quarto, um terrível aliado, considerando o quanto sentia mais fome.

E tudo agravava pelo fato de estar cada dia mais inchado. Talvez, uma mordida no pão o fizesse explodir.

Após pressionar o travesseiro forte contra o rosto, desistiu.

Encarando a janela entreaberta, poderia pegar a varinha e lançar um feitiço... Só que, até nutria certa saudade de acordar cedo como na escola...

Hogwarts o fazia esquecer que era um ômega de tanto fingir não ser... De certo modo, ao contrário do imaginário popular, isto nunca lhe foi um empecilho para nenhuma tarefa.

Até estava entre os primeiros...

Só que...

Nostálgico, foi ao banheiro.

Aquela situação...

Apesar de incomodado, já não queria se esconder no quarto e chorar até desidratar. "Os dias passam mais rápido se você os vive" Era o conselho idiota martelando na cabeça, contudo, desta ÚNICA vez, talvez, James estivesse certo.

Inoportuno, detestável, mas certo.

Abrindo o armário para escovar os dentes, ali estava às poções que tanto o fazia dormir. Por recomendação da senhora Potter, aos poucos, ele vinha conseguindo mantê-las afastadas do criado-mudo, onde sempre tateava quando queria sumir. Embora apreensivo, o apoio daquela senhora chegava a ser engraçado. Inclusive, ela acrescentou mais alguns frascos, corrigindo determinados ingredientes, sob a desculpa de um melhor resultado. Fechando o armário, aquela mulher era legal demais para ser mãe de um idiota.

Espiando a barriga quando entrou no banho, o pestinha tinha o velado dever de proporcionar orgulho praquela avó... Aliás, para os dois, mas o senhor Potter era tão doce e paciente... Certamente, o culpado por estragar o filho.

Voltando para o quarto, ainda com os cabelos molhados, sentou na cama. James nunca vinha chamá-lo para o café, respeitava o seu espaço, mas o bruxo jogava sujo. E, sinceramente, Severus nunca admitiria em voz alta, no entanto, gostava (BEM POUCO) disto. Talvez, depois de tudo, a lembrança da gravidez não lhe proporcionaria somente lágrimas. Lembraria o natal, o bolo destruído durante a madrugada... Seria errado lembrar de James?

Na mesa de canto, recostado contra o abajur, um envelope vermelho continha seu nome.

Levantando-se curioso, ao abrir, uma fotografia. A vela iluminava o rosto meio sujo de farinha de trigo que havia fechado os olhos, tolamente, pensando num pedido. Rindo vagamente com a boca fechada, letras douradas se conjuravam ao meio do papel, numa interrogação: "Como não se apaixonar por este bruxo? ".

"Idiota." Concluía Severus e, após 20 segundos, elas sumiam.

Sem aguentar a face aquecida e o coração saltitando, Severus sorriu.

James era tão idiota.

Todos os dias, batalhava contra o instinto interno de matá-lo. E, ultimamente, vinha ficando tão difícil.

Muito...

A respiração escassa, o peito acelerado, a visão escurecia. Severus tentou segurar em algo a sua frente, mas não tinha nenhuma força. Estranhamente, o débil corpo não respondia e... Apagava.

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