Nem em seus piores pesadelos, James imaginou receber uma coruja correio de alguém da Sonserina.
Hoje, até seria agradável de Severus, mas ficou totalmente na defensiva quando leu o nome de "Lucius Malfoy".
"O que o maldito queria?".
Deixando o orgulho de lado, compareceu ao restaurante solicitado, escutando com atenção cada palavra que o médico dizia.
"Severus tem anemia".
"O parto será complicado".
Para sua surpresa, embora compreendesse que era somente e unicamente pelo amigo, ele desejou sorte.
Depois disto, James jamais deixou o amante pular nenhuma refeição.
Foi difícil? Pra caralho!
Por Merlin! Se a criança puxasse 10% daquela teimosia, ele estaria seriamente ferrado.
Quando pedia educado, Severus batia a porta do quarto, argumentando cansaço. Quando brincava carinhosamente, não era levado a sério. Gritos irritados, nenhuma resposta.
Sentando no sofá, sem alternativas, recordava da motivação para mantê-lo ali: "o bebê". Era pelo bebê que Severus tinha aceitado acompanhá-lo no natal. Era pelo bebê que eles foram fazer compras. Somente pelo bebê, o sonserino foi ao hospital. Refletindo, percebia que só precisava agir em prol do bebê. Até porque não seria egoísmo querer um filho saudável, animado e esperto. Estes eram requisitos mínimos para ser um maroto mirim.
Revirando os olhos, terrivelmente à contragosto, aos poucos, o garoto das poções aceitava as vitaminas e suplementos, somente pelo bebê.
Depois da primeira semana, a pele estava mais corada e ele até interagia durante o dia, curioso pelas histórias do senhor Potter e a temporada que este viveu no interior da Irlanda.
Entusiasmado com o peculiar jardim da senhora Potter, o qual ela havia esquecido por falta de tempo e não sabia quais espécimes tinha crescido ali, o garoto passou a acordar junto aos primeiros raios de sol e, após tomar café da manhã, passava o dia catalogando as plantas desconhecidas.
De início, James tentou falar que a temporada fez parte de um programa de férias e o jardim abandonado da mãe era um laboratório, mas, logo percebeu que os dois se empenhavam em distraí-lo e, tendo o coração aquecido, participava do jogo.
De verdade, até que não havia sido uma má ideia passar a gestação ali. Será que, algum dia, seria a sua vez de ajudar o filho? Terminando de cortar em pedaços algumas frutas, recolhia o prato, animado com o presente e as possibilidades futuras.
Após inventariar algumas estranhas vegetações, Severus se sentia inchado e enjoado.
Trazendo uma acolchoada cadeira por um feitiço, descansava as costas.
Aquela criança ficava cada vez mais pesada. Ainda assim...
O mínimo sorriso contente conjurava dentre as suas mãos o livro do pequeno príncipe.
Após conferir em volta se estavam (realmente) sozinhos, continuava a leitura para aquele futuro membro da realeza.
Não tinha certeza se o pequeno poderia ouvir, mas o sentia mais calmo. Intimamente, gostava de imaginar como seus olhos brilhariam atentos ao desenrolar da história, até que, por um passe de mágica, viesse a dormir.
Olhando para a bandeja, James ficou parado, observando-os. Os rastros de sol perpassando os galhos das altas árvores, iluminava os cabelos negros, acrescentando-lhe vida. A contente forma como os lábios mexiam. Reparando em volta, as folhas sussurravam, atentas, ameaçando-o de morte caso interrompesse. Contudo, era hora do lanche.
Em interno conflito, até esquecia de como respirar, temendo ser notado.
Embora o esforço, não seria naquele universo que James passaria despercebido.
Suspirando em divertimento, o garoto das poções bronqueou:
- James, se quiser escutar, traga uma cadeira.
- Eu nunca ouvi esta história antes.
- É uma história trouxa. – Informava, fechando o livro. – Minha avó leu para mim, uma vez. – Fitando o amante com a grande bandeja de frutas, passou a mão sobre a capa, ocultando o título. – Espero que não se importe.
- Jamais. – Dando de ombros, conjurava uma cadeira e colocava bem do lado do amante, achando importante trazer uma pequena mesa para que este fizesse a refeição. Diante o bico insatisfeito, negociou. – Eu me importo se você não comer.
- James, eu estou ótimo. Não tem duas horas que tomei café.
- Não! Você não imagina como fiquei com medo depois daqueles desmaios e dias com febre. – James continuava. Repousando a bandeja sobre a mesa, pegava o livro, enfeitiçando-o para prateleira. Erguendo as sobrancelhas, repetia. – 09 horas é hora do lanche.
- Não estou com fome.
- O Harry está.
- Harry? – Severus riu baixinho. Passando a mão na barriga, ultimamente, sentia tanto carinho. Talvez, por conta dos genes ômega, ele só queria aninhar e cuidar daquele serzinho. O pestinha que, ao escutar a voz do alfa, voltava a fazer "estranhas acrobacias". – Vai mesmo chamá-lo... – Parou, sentindo um mínimo choque do lado esquerdo. Estreitando os olhos, paralisado, tentava completar o raciocínio. – Vai mesmo...
- O Harry está chutando?
Passando a mão naquela extensão, Severus meneou a cabeça de leve, sem saber o que responder. Era a primeira vez que encarava uma gravidez. Apesar do avançar dos meses, cada sintoma sempre era outra novidade.
Sorrindo um pouco mais, respondeu quase emocionado:
- Eu não sei, mas eu sinto que ele está aqui.
- Pedindo para comer.
- Certo, Potter. – Pegando o recipiente de porcelana e trazendo para si, começava a comer. Após a primeira mordida, apoiou a cabeça contra o ombro de James, confessando pesaroso. – Desculpa por lhe dar este pai, Harry. Foi o único em promoção. – Mastigando um pedaço de morango, ao escutar o baixo riso, alfinetou. – Sim, ele é, naturalmente, insuportável.
- E você me ama.
- Hum... – Fechando os olhos, não conseguia negar.
Não era bem amor, mas, naquela altura, admitia certo carinho por James, ou pelo maroto que ele se tornava conforme as semanas avançavam. O conforto, o otimismo, a segurança, o frequente e demasiado carinho... De uma maneira irracional, Narcisa estava certa: Ele estava tolamente apaixonado.
Contudo, resguardando-se para que o maroto não ficasse ainda mais convencido, continuava:
– Esta informação é bem questionável. – Percebendo que o amante unir as cadeiras num único banco num levitar de varinha, não reclamou do almejado abraço, inclusive acomodava-se contra ele enquanto comia. A fruta tinha mais sabor quando ele estava envolvido por aquele excelente perfume. Aspirando discretamente, admitia numa tímida satisfação. – Mas, ele tem um ótimo cheiro, Harry.
Abraçando-o ainda mais, James repouso o queixo em seu ombro, segredando:
- O almoço que estou fazendo cheira ainda melhor, sabia?
- Eu já estou tão gordo, Potter. – Resmungou, voltando a se levantar. Até quando o idiota o enfiaria comida? Que o pequeno já nascesse para comer sozinho.
Garfejando o alimento, encontrava alguns pedaços de maçã cortados em pétalas. Quantos anos James Potter achava que ele tinha?
- A culpa é do Harry. Você quase não come. – Percebendo o olhar desgostoso para o formato da maça, adiantou-se sem culpa. – É para o bebê.
- Eu lhe desejo muita muita muita sorte mesmo, Harry.
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Instinto
RomanceSeverus era um excelente bruxo e por quase seis anos conseguiu camuflar sua situação de ômega para permanecer estudando na importante escola de Hogwarts. Todavia, o cheiro do inimigo despertou os instintos que ele tanto tentou ignorar. [Omegaverse/Y...