Omega...

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- Nossa, acho que a comida estará pronta daqui a pouco. - Comentou Remus, aspirando o perfume no ar.

Tradicionalmente, os marotos costumavam passar as festas natalinas na casa de James desde o terceiro ano.

Apesar de tudo ter começado por uma brincadeira de Sirius, a senhora Potter adorava a casa cheia e sempre argumentava que as portas estariam abertas para recebê-los em qualquer época.

No entanto, este seria o último ano que Regulus estaria solteiro.

Durante todo o segundo semestre, o correio coruja não cessava para os amigos de Sirius.

Inúmeras correspondências.

O senhor Black tentava influenciá-los numa mediação para que o rebelde filho não faltasse ao casamento do irmão em janeiro.

Bastava os desgostos que o moleque concedia, pelo menos, em uma reunião familiar, ele deveria prezar pelas aparências.

Até porque, Sirius já era quase um adulto, afinal.

Por isto, objetivando garantir sua presença, seria indispensável que eles viessem no natal.

A contragosto, o primogênito não odiava aquela pessoinha em particular. Certo, Regulus era pedante, nariz erguido, queridinho do papai... No entanto, Sirius não esquecia quando a mãe o trancafiava sem comida no porão e o pequeno traficava bolachas e outros doces.

Apesar dos apesares, ele era seu pequeno irmão.

E, por este motivo, tinha a responsabilidade em lhe preparar uma surpresa, a qual marcasse aquele último ano solteiro.

Algo sensacional, inesquecível, talvez, considerando como o medo e outras emoções intensas realçavam as belezas das memórias, quem sabe algo até (por acidente) hediondo.

E, como o garoto jamais toparia sair com o malfeitor da Grifinória, precisava da ajuda dos amigos para sequestrá-lo após a ceia natalina.

Cansado de ficar no sofá, Peter cambaleou para confeitar o bolo, seguido por Remus que prometia apenas monitorá-lo:

- Juro que não estou indo pelo chocolate. – Garantiu ofendido diante os olhos estreitos em desconfiança e os amigos riram.

Permanecendo a enfeitar a árvore de natal com as brilhantes bolas pratas, a decoração não continha nenhum adereço que remetesse a casa dos leões, embora esta abrigasse um dos moradores daquela mansão.

No entanto, Sirius já não ligava em ser excluído, pois não se sentia parte daquele lugar. Todavia, mesmo sua histérica mãe argumentando que ele dormiria no sofá por ter enchido a casa com insuportáveis grifinórios, até que não estava sendo tão terrível ter retornado desta vez. Pelo menos, estando na sala, não tinha hora para dormir.

E observando James desempilhar outra das velhas caixas, era incrível como qualquer lugar ficava divertido estando com eles.

No fim das contas, Hogwarts havia sido seu milagre natalino.

Abrindo outra caixa de cabeças amaldiçoadas, o cheiro de mofo que pairava na sala foi substituído por um forte perfume de frutas frescas.

Piscando confuso, James não entendia o motivo para aquela fragrância não vim da cozinha.

Deixando as caixas de lado, farejou até o amigo, aspirando aquele aroma tão prazeroso, tão conhecido, tão...:

- Ômega...

- Oh, sim. – Pegando uma das cabeças que começavam a proferir palavrões, - Este é a contribuição grotesca do inútil que está noivo do meu irmão só porque eu...

"Noivo? ".

Sem raciocinar corretamente, pois a repentina fragrância o desestabilizava, o mais jovem franziu o cenho, ponderando:

- Você nunca mencionou quem era o noivo do seu irmão, Padfoot.

- Bem... – A longa pausa ao olhar para o amigo deixava claro o problema. Voltando a colocar as cabeças na árvore de natal, explicava. – Sabe, ele é meio que um infrator. Ninguém da família mencionará até depois do casamento...

Aspirando em volta, James deduzia com facilidade em qual quarto daquela imensa mansão o suposto criminoso se escondia.

Sim.

Tinha consciência que não era correto farejar os ômegas alheios, mas...

Aquele cheiro...

Quando a porta do segundo andar entreabriu, a sensação de alegria o permitia abdicar as dúvidas e as palavras escorregavam pelo paladar quase involuntariamente:

- Severus...

Admirado, Sirius não conseguia conter a risada.

Definitivamente, surpreso.

Atrapalhando-se com as palavras:

- Vo-Você sentiu o cheiro dele? – Percebendo o que aquilo significava, continuou boquiaberto. – Não acredito que você dormiu com o noivo do meu irmão.

- Claro que não! – Extremamente vermelho, James nem sabia o que falar. Nervoso, as mãos tremiam, fazendo-o desviar o olhar para a estranha decoração. Pressionado pelos olhos insistentes do amigo, - Não muito... – Esboçando um sorriso sem graça, - Algumas poucas vezes. Bem poucas.

- Traidor. – Dando-lhe uma tapa no ombro, alegava. – Nunca me contou, né?

- É tão complicado. Eu estou atraído, viciado... Mas ele só me procura quando está no cio e é tão mágico quando estamos juntos... – Suspirando pesaroso ao relembrar. – Só que ele é um ômega. Em Hogwarts. Eu tive medo de falar com vocês, porque e... – Percebendo o que acontecia. – Sirius, você não pode deixar meu quase namorado casar com seu irmão!

- Ele vem passando mal ultimamente e a mamãe suspeita de gravidez. – Umedecendo os lábios, divertia-se de verdade diante as possibilidades provenientes daquela revelação. Animado, – Caralho! Este natal será ótimo.

- Gravidez? – Repetiu impactado, permitindo o corpo sentar ao chão, sem reação. Refletindo, fazia sentido. Aos poucos, o sonserino vinha se afastando das atividades na biblioteca e no colégio, sempre com enjoos, tonturas e vômitos... Peraí, quer dizer que ele também seria pai? Perdido na própria felicidade, - Eu vou ter um filho?

- Tecnicamente, o Regulus vai.

InstintoOnde histórias criam vida. Descubra agora