Última noite - Parte 02

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"James não teria coragem, certo? ". Inconscientemente, o sonserino nem sabia o motivo para tentar agarrar esta ideia.

Só que...

Falava do arrogante que comprava briga com os professores, provocava os inimigos com petulância após perder um jogo, voltava para a casa dos pais as três da manhã com péssimas notícias, e... Havia o "sequestrado" em plena a noite de natal de uma das mansões mais seguras do mundo bruxo...

Sem dúvida, pelo tempo que o conhecia, Severus sabia que ele, realmente, seria louco.

Então...

Meneando a cabeça em negativo, permitiu que o desespero o guiasse, abraçando-o bruscamente. Envolvendo aquela maldita ampulheta na palma da própria mão, arrancava.

Nada poderia se manter entre os dois.

Era errado? Sim.

Todavia...

A ideia de perdê-lo.

Nunca o encontrar.

Francamente, por toda a vida, jurava que este seria o seu maior sonho. Contudo, agora, estes dias em Hogwarts já não aparentavam tão atrativos. Como também, não poderia deixar aquele idiota responsável por melhorar o presente.

Ele nem mesmo sabia escolher um adequado "presente".

Sem dúvida, pioraria tudo.

Mantendo-o tão próximo, afundava o nariz contra o tensionado ombro, rendendo-se ao proibido vício. Perdendo a alma naquele suspiro, o êxtase.

A cada dia, compreendia que precisava de James Potter mais do que água ou oxigênio. Aquela voz... Aquele perfume que lhe acalmava as sucessivas lágrimas... O hesitante fervor naqueles olhos confusos....

Não...!

Que merda estava fazendo?

Não deveria o abraçar assim. Só que... Não conseguia se afastar. E se ele pegasse o colar novamente? E se ele não quisesse mais continuar com aquilo? Como alguém poderia ter tanta ideia estúpida e incompreensível numa cabeça só? Aliás, pela primeira vez em tantos anos...

Em interno conflito, as trêmulas mãos seguravam a gola da camisa, deslizando vagamente por aquele tecido o recobrindo o peito. Atrapalhado, Severus era um machucado passarinho cujo o coração jazia quieto por ter congelado mediante a menção em perder o estúpido idiota.

Hesitante no princípio, quando teve o colar arrancado, James transpassou as mãos por aquela cintura, retribuindo o abraço de forma frágil.

Temeroso, tratava-se de uma despedida?

No fim, ele preferiria ir?

Por que Severus Snape não poderia ter vindo com um manual de instruções detalhando cada ato e como proceder? Seria tão fácil um: ESTE BOTÃO PODE INICIAR UMA PANDEMIA. CUIDADO!.

Permanecendo em silêncio, aos poucos, apertava-o mais forte, transmitindo o quanto o mundo não importava sem o seu pequeno cristal.

Aliás, dois cristais.

O conto da surreal família.

Percorrendo a ponta dos dedos de leve por aquelas costas, temia falar e desfazer o encantamento cultivado pela ardência da lareira. Até porque, a garganta travada o faria chorar pelo turbilhão de emoções se chocando descontroladamente pelas paredes do seu crânio.

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