O cheiro...

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- Potter... - A respiração sôfrega contra o ouvido, incentivava o bruxo a ir mais rápido.

Unidos pelo infame ato.

Severus enlaçava o corpo do inimigo entre suas pernas, apoiado sobre a pia do abandonado banheiro do segundo andar. As altas labaredas não conseguiam reduzir a cinzas o fogo daquele ardente anseio.

O que eles faziam?

Não queriam explicação.

Era apenas... Instinto?

Instinto que não permitia James prestar atenção na aula nos últimos dias, por conta do cheiro emanado pelo sonserino.

Um cheiro doce.

Um cheiro de frescas frutas, doces e saborosas.

Um cheiro que lhe atiçava os sentidos e incentivava o paladar.

Cambaleando um tanto zonzo, já não conseguia atormentá-lo. Quando no intervalo, encontrava aqueles distantes lábios... Hipnotizado.

Sem explicação, cada vez mais, o desejo se apoderava de sua alma.

Queria a textura daquela pele aprisionada entre seus dedos.

Queria aquela respiração lhe aquecendo a audição.

Sem perceber, perseguia Severus até em seus sonhos, sem acreditar que um dia ele estaria ali. Sendo somente seu.

E, por um erro de cálculo naquela semana, Severus não conseguia controlar o próprio cio. Se bem que, cada vez mais, vinha faltando às atividades acadêmicas por conta da misteriosa fraqueza que lhe apoderava os sentidos quando sentia o cheiro de...

Não!

Recorrendo as desconhecidas poções, a boca seca não necessitava de água. Embora a sede aumentasse de modo insaciável.

Mesmo assim, não conseguia aceitar os olhos sobre si e nem a grotesca hierarquia que regia aquele ridículo universo de classes. Sempre foi mais forte, então...

Suando frio, naquele dia, nem mesmo havia conseguido permanecer para aula.

Utilizando as paredes como apoio, só buscou um local solitário para conviver com as malditas aflições.

O corpo dolorido.

A respiração pesada.

A mente ludibriada necessitava de... Não!

Não era possível.

Não podia aceitar.

Não podia ser justo ele.

Afogando o rosto entre as mãos, novamente aquele cheiro adentrava o local, como se monitorando cada uma daquelas cabines.

Uma possível salvação?

O coração agitava, ameaçando parar.

Severus entendia que só necessitava daquela fuga.

Não poderia ser tão ruim se fosse uma única vez.

Destrancando a porta, enlaçou o pescoço de James, e, ainda contra a vontade, buscava a paz naqueles lábios profanos.

Aos poucos, esquecendo-se as diferenças, eles só careciam de um urgente alívio.

E, embora estivesse fazendo aquilo pela primeira vez, definitivamente, eram habilidosamente guiados pelo animalesco instinto.

InstintoOnde histórias criam vida. Descubra agora