James havia comprado inúmeras peças repetidas argumentando que aquelas adoráveis roupinhas poderiam ser furtadas por um ardiloso duende, ou, na melhor das hipóteses, rasgar.
Animado, quase encomendava um salão para a extravagante festa de aniversário, mesmo que a criança nem tivesse a certeza se conseguiria (ou iria querer) nascer.
Severus teve que segurar a risada enquanto a vendedora recomendava vassouras para o idealizado filho. James confundia a dita altura, humor e até restrições de saúde, dois segundos após terminar de perguntar. Todavia, a ansiedade lhe tremulava as mãos na expectativa de ensiná-lo a voar. Tinha certeza que o pequeno continuaria sua trajetória no quadribol, por isto, precisava treiná-lo desde muito cedo.
Evitando dar de ombros e concordando num estreitar de olhos pensativo, o sonserino se esforçava para afastar a apatia e participar, pelo menos, daquilo. Refletindo, como eles poderiam ser destinados se eram tão... Diferentes? Cabeça quente, impulsivo e não convencional, tinha certa curiosidade sobre como o idiota criaria aquela pequena criatura dentro de...
Suspirando instável, o estômago gelava.
Era estranhíssimo pensar que, realmente, em plenos seus 17 anos, gestava uma criança com o auxílio (?) do colega babaca que tanto lhe atormentou durante a vida escolar.
Para piorar, firmaram um tratado de recíproca confiança, e...
Afogando no próprio ato de respirar, cada vez mais, Severus tinha certeza sobre ter abdicado da sanidade ao aceitar prosseguir com aquilo.
Levando a mão a barriga e sentindo o possível coração daquele desconhecido ser, engolia a extrema vontade de chorar, franzindo o cenho e concordando sobre o último lançamento, no qual o imaturo Potter nem teria tamanho para subir.
- Você prefere jantar o quê? – James caminhava animado perdido dentre tantas sacolas, - Conheço alguns restaurantes que...
- Prefiro aparatar para casa.
- Eu não quero voltar. Quer dizer, não agora.
- É perigoso estar na rua.
- Somos especialistas em precaução. – James pontuou e Severus mordeu o lábio inferior para não ri. Um dia, eles até poderiam fazer palestras pelo mundo bruxo sobre "como ter cuidado". Parando de caminhar, o bruxo propôs um tanto suspeito. – Eu conheço um lugar onde ninguém irá nos encontrar.
- Temos muitas sacolas e... – Num acenar de varinha, estas desapareciam. Percebendo já ter perdido, arriscou. – Está tarde e não estou com fome.
- Nem é onze da noite. – Segurando-lhe a mão, o manhoso pedido. - Deixa eu desfrutar um pouco mais deste nosso primeiro encontro.
- Potter. – O tom de correção relembrava a desesperada professora quando os marotos explodiam alguma tubulação. – Quando for seis da noite e o pestinha não tiver chegado em casa, garanto que ficará bem estressado.
- Pretendo colocar um GPS para sempre saber as coordenadas.
- Suponho que, herdando... – Não tinha as palavras. Seria mais agradável só não pensar em que futuro aquela criança teria, todavia... Tentando manter a habitualidade, alfinetava, - Não será o bastante para deter o maroto mirim.
James não o respondeu, apesar do vago sorriso orgulhoso. Animado perante às possibilidades, certamente, ele também deveria imaginar em como aquele miúdo seria.
A altura?
O tom de voz?
O olhar?
Seria bom o jovem pai já pensar em estratégias sobre como contornar as constantes birras e o incrível poder em contra argumentar... Pois, sendo produto dos dois, era o mínimo que Severus esperava.
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Instinto
RomanceSeverus era um excelente bruxo e por quase seis anos conseguiu camuflar sua situação de ômega para permanecer estudando na importante escola de Hogwarts. Todavia, o cheiro do inimigo despertou os instintos que ele tanto tentou ignorar. [Omegaverse/Y...