Tateando os cobertores vazio, James despertou num impulso.Acostumando-se com a escuridão pairando o quarto, longínquas gotas de chuva... Sentando-se na cama, não compreendia para onde o sonserino poderia ter ido aquele horário e com aquele clima.
Desde a história de mais cedo, estranhamente, compartilhava o receio que, a qualquer momento, algo muito ruim poderia acontecer?
O estômago ruía apenas em fantasiar tal ideia.
O Sirius saberia de tais barbaridade?
O ministério não sabia que o senhor Black assassinava pessoas?
Meneando a cabeça desesperado, nada podia falar. Arfando entristecido, certamente, pioraria as coisas ainda mais entre os dois.
Mesmo assim...
Assanhando os próprios cabelos para afastar aqueles pensamentos, o coração acalmou mediante o baixo tilintar das panelas na cozinha.
Apressando-se em descer as escadas sem ao menos encontrar as pantufas, repreendia o próprio comportamento. Severus não era um pássaro. A qualquer momento, ele poderia fugir. Aliás, nem seria uma "fuga", pois ele era livre... Apesar de tudo... Imaginar aquilo o atormentava. E, se não fosse na cozinha, nem conseguiria voltar a dormir.
- Severus... – A doce voz, sonolenta, interrompia o nome por um longo bocejo. – Poderia ter me chamado.
- Desculpa, Potter. Eu não queria acordá-lo. – Pegando um copo vazio esquecido no balcão, improvisava sem graça. Olhando em volta, apreensivo. – Eu só precis... precisava de um pouco de água.
James soltou um riso nasal percebendo que mentia. Desta vez, nem ocorria por conta da ligação entre eles, mas pelo vacilar das palavras.
Rindo baixinho, o quase namorado era teimoso demais para admitir algo tão bobo como "fome".
Permitindo um maroto riso lhe delinear os lábios, caminhava até o armário, relembrando enquanto explorava a parte interna:
- Você deveria aceitar o convite para jantar comigo, algum dia.
- Potter, não podemos sair. – Devolvendo o copo para a pia, estava ainda mais na defensiva. – Você...
- Eu sou ótimo cozinhando. – Sem conseguir decidir, - Pode pedir qualquer coisa.
- Está tarde... Estou voltando para cama.
- Acho que o bebê quer um bolo de... – James remexia diversas vasilhas. Encontrando frutas cristalizadas, arriscava. – Framboesa?
- Chocolate. – Adiantou-se Severus, quase não respondendo por si. Arrependendo-se ao fechar a boca, não sabia se a situação era cômica ou frustrante.
Aliás, sem dúvida alguma, frustrante.
Para piorar, sentia o gosto do chocolate dissolvendo no paladar.
A cremosidade.
O açúcar.
Realmente, estava com muita vontade, chegando a sonhar com aquele alimento.
Repreendendo-se pela impulsividade, coçou a nuca. Não podia ficar refém de um instinto tão bobo como comer chocolate altas horas da noite. Sempre conseguiu ser tão centrado, firme... Agora... Percebendo o grifinório terminar de colocar os materiais sobre a bancada, deu um passo apreensivo, questionando:
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Instinto
RomanceSeverus era um excelente bruxo e por quase seis anos conseguiu camuflar sua situação de ômega para permanecer estudando na importante escola de Hogwarts. Todavia, o cheiro do inimigo despertou os instintos que ele tanto tentou ignorar. [Omegaverse/Y...