Capítulo 26 - Ao ataque

1.1K 132 98
                                    

Capítulo 26 – Ao ataque

     A rotina externa de Campos, do Reino dos Conversadores e do Reino das Trevas vinha sendo monitorada por espiões de Vicente, a respeito dos períodos de entradas e saídas, comércio e circulação de pessoas, enquanto na parte interna, corujas bem posicionadas conferiram a Victor e a Felipe conhecimento sobre hábitos, pessoas, poderes, e localizações de oficiais militares. Eles sabiam o horário das rondas, os produtos mais consumidos, e como Edgar e o regente pirata faziam para se comunicar com os reis das trevas. Tinham conhecimento de que Edgar era próximo de Malévola, ao passo que Barba Negra era mais achegado a Caleb.

     Descobriram que a maior quantidade de bruxos ainda permanecia no Reino das Trevas, sendo que havia uma parte em Campos, e outra bem menor no Reino dos Conversadores. Barba Negra era capaz de induzir humanos, alternadores e até conversadores a se submeterem a ele, e era o regente mais carismático. Edgar, ao contrário, impunha suas ordens com muita violência, e precisava suprimir levantes constantemente.

     Nas Trevas, foi possível perceber que Malévola era tão sagaz que transformava bruxos em gaviões para atacarem animais que pairassem sobre o céu, o que dificultou muitíssimo o trabalho de seus inimigos. As corujas, graças a uma sábia sugestão de Victor, foram essenciais para a finalização daquele trabalho, pois além de serem aves de rapina, ou seja, predadoras naturais e resistentes, ainda tinham uma avançada percepção visual de profundidade, o que permitia enxergar à longa distância, mesmo que estivessem paradas sobre uma árvore, sentido esse adaptado a ambientes de escassa luz. Não pairava sobre as construções, nem chamava a atenção dos bruxos.

     Foram seis cansativos meses de muito estudo e observação, mas os reis conversadores e Vicente criaram com sucesso um mapa do Reino das Trevas, providenciando uma cópia a ser arquivada por Eli na biblioteca dos fadens, como presente para a rainha Estela.

     Era chegado o momento de executar o plano de Vicente, que tinha como um de seus pilares, a sincronia. Ainda que separados, os movimentos dos oficiais seriam de conhecimento dos três líderes, como parte de um todo. Cada ataque deveria respeitar o tempo correto. Em razão da proximidade entre Campos e o Reino dos Conversadores, os ataques seriam simultâneos. E assim que houvesse movimentação suspeita no Reino das Trevas, ou um sinal de um dos reis sobre o céu, o terceiro grupo entraria em ação.

     Campos estava sem muros, e seria necessário que os homens se organizassem na horizontal, como uma vasta parede humana, para controlar a saída de militares. Além disso, já havia oficiais infiltrados, disfarçados de pedintes, posicionados próximo às principais rotas, para bloquearem o caminho com incêndios e entulhos pontiagudos. Flecheiros se encontravam ocultos nas árvores. O objetivo principal era impedir o reforço ao inimigo no Reino dos Conversadores.

     E nesse segundo reino, cujo muro havia sido reerguido por Caleb, a invasão até poderia ser mais difícil, todavia, após a tomada do local, o fechar dos muros contribuiria com a manutenção do território. Estela daria uma pequena contribuição com o cetro, para que o muro voltasse a bloquear a passagem de bruxos. E vincularia o muro a ela mesma, não à Aurora.

     A rainha estava devidamente protegida no castelo diante do Reino dos Conversadores. Chegou a avistar um dos reis, que devia ser Felipe, o único com o rosto livre. Os demais estavam com máscaras de tecidos escuros, com furos para os olhos, e que cobriam metade do rosto, como uma meia lua.

O Conto dos Contos 3 - A disputa pelo final felizOnde histórias criam vida. Descubra agora