O Conto dos Contos 3 - A disputa pelo final feliz

Capítulo 24 - O futuro nos aguarda

Capítulo 24 – O futuro nos aguarda

     Solange observou o quarto de costura de Joana. A decoração havia mudado ainda mais do que da última vez em que pudera os pés naquele aposento. E já não havia mais nenhum vestígio de quando eram jovens. Estava com novas cores e móveis mais trabalhados, e cheia de roupas de bebê. A alternadora devia estar muito ansiosa para ser avó.

     Após uma análise minuciosa do loca, a rainha fada iniciou a conversa, acomodando-se contra o encosto de uma das cadeiras.

- Você sempre costurou bem.

- Eu não pude fazer o enxoval do Teodoro. Mas estou terminando o desse bebê.

- Cindia já escolheu um nome?

     Joana encarou Solange e suspirou.

- Ela ainda está pensando.

- Certo, certo... – Solange pegou uma xícara de chá e soprou o vapor, observando atentamente a rainha Joana. - Você... Me parece muito cansada e preocupada.

- Você me conhece bem.

- Acha que ela vai perder a criança?

- Não vai. Não vou deixar que isso aconteça.

     Solange encarou o chão.

- Ao menos ela tem você. Quem melhor do que você para compreender a situação dela? Foi tão difícil você conseguir ter o Teodoro. Tudo o que teve que passar. Lembranças tão amargas.

- Foi sim... Muito difícil. Quantas vezes me deram remédios e chás... Até jogada da escada eu fui. Sempre me faziam abortar. Meus primos queriam o trono, e destruíram minha vida após o casamento. Não aceitavam que meu marido fosse rei. Um rei consorte, sem nosso sangue e sobrenome.

- E tomaram o palácio...

- Mataram meu marido e queriam forçar um casamento comigo. Eu tive que fugir, me esconder, viver confinada, e ocultar minha gravidez, sem nem poder enterrar o Tomás. O Tadeu me protegeu, me escondeu, me deu comida... A fidelidade do meu exército me trouxe de volta ao trono, e garantiu a integridade da minha linhagem. Foi o Tadeu quem garantiu a continuidade do meu sangue. E ele sabia que eu não teria um filho dele.

- Não podia arriscar o futuro do Teodoro.

- Sim... É engraçado como os nossos sonhos e objetivos mudam com o tempo. Como os nossos olhos aprendem a chorar a seco. E a rir do que não tem graça. Sinto que há duas Joanas. E eu nem sei se elas gostam uma da outra.