Capítulo 23 – Um servo e um sonho
Enclausurada em uma cela confortável, a princesa gestante tecia os fios de ouro, e de alguma forma, costurar a roupa de um bebê a deixava menos aflita. Tornava sua maternidade algo mais normal, em vez de conturbado.
Com o olhar triste, ela piscou para seu amigo e marido sapo, fingindo estar bem. A situação exigia todas as suas forças, o tempo inteiro, todos os dias. Era cansativo apenas sobreviver.
Ela continuou tecendo o fio dourado, e ficava impressionada em como algo tão simples, poderia se tornar um objeto mágico e poderoso. Como uma roupa protetora poderia ser forjada por suas mãos, às custas de seu sofrimento e silêncio. Devia haver poder dentro de si. Devia haver poder naquele bebê.
A distração mediante seus pensamentos se dissipou quando Caleb apareceu diante de sua penteadeira dourada, na companhia de um ser vivo estranho e horrível, semelhante a um jacaré, e de aspecto nocivo. Instintivamente, ela se afastou deles, encarando os invasores com medo e ódio ao mesmo tempo.
- Alteza, esse aqui é o meu aprendiz de servo de gestantes rainhas. Anco, cumprimente sua senhora temporária.
- Anco veio aprender para ser servo melhor da rainha Malévola e do bebê das trevas.
- Cinderela, cumprimente seu servo Anco.
Cindia espremeu os olhos, confusa.
- Você está muda, mas pode dar um aceno. Não seja tão mal educada.
Cinderela apontou para Anco, e colocou as mãos na cintura. Estava tentando entender o que significava aquilo.
- Hoje estou te dando a companhia que queria. Precisa fingir que conversa com alguém, e o Anco fala sozinho o tempo inteiro. Dá respostas a perguntas que ninguém fez. Adora mulheres com seu humor. Ele tem experiência com a Malévola. É perfeito para você.
- A roupa do bebê é brilhante?
- Essa é do bebê das trevas. A próxima será do bebê da princesa Cindia.
- E onde está o bebê?
Caleb e Cinderela encararam Anco por uns segundos. O bruxo apontou para a barriga de Cindia, que era um pouco proeminente.
- Ele está em construção, dentro da mãe dele. Ela não pode falar, então precisa olhar bem para o rosto dela e tentar adivinhar o que ela quer.
- Ela está com o rosto franzido. Quer usar o penico?
Caleb riu da dedução.
- Não, Anco. Só se fosse para jogar o penico em cima de mim. Conte histórias dos nossos reféns para ela. E abane. Sirva chá, comida, e a distraia o tempo inteiro. E não se preocupe se te virem aqui dentro. Você está apenas seguindo ordens.
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O Conto dos Contos 3 - A disputa pelo final feliz
FantasyAssim que Aurora, a grande guardiã, fechou seus olhos, quem pareceu viver um sonho foi Malévola, a mais terrível dentre as terríveis. A rainha das trevas finalmente iniciou sua guerra, mas nem tudo sairá como o planejado. Ela terá que lidar com um v...