Capítulo 20 – O anel
O capitão Nemo não se sentia seguro pela escuridão da madrugada, nem por trazer consigo Rubi, muito menos em ter por companhia uma vidente.
Ele não estava tranquilo em andar pelo continente após tantos anos, e a cada passo, era como se o observassem, esperando para atacar. Cada barulho era perigoso, como um alerta.
A calmaria do mar era contrastante com os sons da natureza em sua flora. Para Nemo, era como viver um pesadelo.
Ainda assim, ele havia se acostumado a ter notícias de sua família, e criado laços de amizade com o marujo ruivo. Temia muito pela vida do rapaz, e achava estranha a interferência inexplicável da vidente, que havia facilitado a fuga dele. Devia haver alguma vantagem oculta que ele ainda não sabia.
Ao chegar perto do casebre na floresta, Nemo pediu que as prisioneiras fossem mantidas à distância. Ele entraria no local sozinho.
A cerca de arbustos secos em nada impediu sua passagem. Afundando as botas sobre a terra macia, ele se sentiu deslocado como um pirata fora d'água. Mais estranho ainda foi ter que bater em uma porta, por supostamente estar visitando alguém de madrugada, sem ser convidado. Um amigo que, aliás, havia fugido de seu navio, e provavelmente ficaria assustado.
- Vicente, sou eu. Não se preocupe, que não vou te levar de volta. Só preciso conversar.
Nemo esperava que Vicente tentasse fugir, todavia, a porta foi aberta com rapidez, e pela quantidade de velas acesas, o ruivo e Gepeto estavam surpreendentemente ativos em seus afazeres. O interior da construção, todo de madeira, combinava com aquela dupla estranha de humanos.
Enquanto Gepeto continuava atento ao esculpir e montar o que parecia ser uma asa de animal, Vicente, após o ímpeto de conferir com os olhos o que os ouvidos tinham escutado, simplesmente ficou sem fala de tão perplexo.
- Posso entrar? – o capitão solicitou.
- Ahn?
- Vou considerar como um sim.
Nemo entrou pela abertura entre Vicente e a porta, e puxou o ruivo pelo braço. Depois se trancou em segurança. Enquanto o pirata girava a chave, Vicente procurava pelas palavras certas, e como elas não vinham, esperava que as erradas servissem.
- Eu...
- Fugiu sem nem deixar um bilhete de despedida... Não importa. Vejo que está ocupado.
Gepeto logo se intrometeu:
- E como estamos! São muitas encomendas de brinquedos! Tudo bem, capitão?
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O Conto dos Contos 3 - A disputa pelo final feliz
FantasyAssim que Aurora, a grande guardiã, fechou seus olhos, quem pareceu viver um sonho foi Malévola, a mais terrível dentre as terríveis. A rainha das trevas finalmente iniciou sua guerra, mas nem tudo sairá como o planejado. Ela terá que lidar com um v...