Capítulo 16 - Transportada

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Capítulo 16 - Transportada

       Malévola encarou as dez ninfas inconscientes e a mestiça Zinim. Havia uma carroça patética puxada por dois cavalos, encoberta por galhos de folhas verdes largas. Ela teria que ir na frente como um reles cocheiro para conduzir o transporte. Era o cúmulo para a mais orgulhosa dentre as orgulhosas.

      Edgar deixou um bilhete avisando que não poderia permanecer no local, em cima de uma capa cinza, que serviria para que ela se cobrisse e ocultasse sua identidade. Malévola pensou no que poderia ser pior, ser vista com uma capa feia e desbotada ou tentar ignorar os medonhos erros ortográficos de Edgar. Ao menos ele era obediente e fiel.

      Sem paciência, ela embolou o rabisco mal escrito e tomou as rédeas do transporte, conduzindo-o com pressa. Ela até tentou transportar a todos de uma vez para a entrada do Reino das Trevas, mas estava esgotada. Havia usado muito de seu poder, contra pessoas muito fortes. Caleb também havia excedido seu limite, mas parecia ter mais reservas do que ela. Malévola tentou canalizar seu povo, ciente de que teria forças para ao menos se transportar, se necessário fosse.

      A bruxa seguia pela estrada, segura de seus planos, mas de olhos bem abertos. Sabia que estava frágil diante de inimigos. Tudo parecia calmo e tranquilo, até que seus cavalos começaram a cavalgar em outra direção. Eles não a obedeciam mais.

- Mas o que é isso?

      Malévola percebeu que havia alguém controlando os animais e saltou para a carroça, se equilibrando com um pé no ferro. Ela imediatamente soltou o pino que prendia a carroça aos cavalos e tentou se proteger como pôde. Os animais correram velozmente para longe dela. Considerando que o transporte permaneceu em movimento por longos segundos, ela foi lançada adiante na estrada barrenta, sujando-se e arranhando-se toda. Assim que conseguiu se levantar, abriu a carroça e verificou suas vítimas. Estavam todas bem, apesar de deitadas uma em cima da outra.

      A bruxa pensou em apenas se transportar e deixar suas vítimas para trás, mas seria uma tolice. Precisava de Zinim e das ninfas, não poderia desistir, e considerando que estava sem cavalos porque alguém os controlara, ela estava certa da presença de um odioso conversador.

- Ora, ora, se não é o rei dos planos idiotas? E agora? Vai mandar pombos defecarem na minha capa? Vai me torturar com sua conversa fiada e seus poemas melosos? Não estou com humor para os seus jogos. Apareça, Felipe! – a bruxa ameaçou.

- Não é o Felipe – Victor surgiu rodeado de panteras. – E você não está em posição de dar ordens.

      Malévola ficou verdadeiramente surpresa. Não esperava que Victor Mogliani recuperasse o poder. Aliás, ela não esperava nada de Victor Mogliani.

- Confesso que você era a última pessoa que eu acreditava que veria nesse momento. Eu nem me lembrava que você existia, de tão insignificante que é para mim.

- Então não devia ter tirado meus filhos de mim.

O Conto dos Contos 3 - A disputa pelo final felizOnde histórias criam vida. Descubra agora