capítulo 1

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Interior de São Paulo

Joaquim Almeida

20h32

É uma sexta-feira quando tenho que fazer hora extra na pequena loja de variedades em Vinhedo.

Não passa de um emprego temporário, enquanto não consigo algo melhor, mas ajuda com relação às despesas. E a grana não é tão ruim, apesar de eu ter ideia de que sou explorado. Pelo menos, só fico no caixa e supervisão da pequena loja, enquanto o Souza, meu patrão, usa seu tempo para sair com a família.

Decido regular a temperatura do ar-condicionado quando me sinto incomodado com o calor.

O sino acima da porta emite um ruído quando alguém entra no estabelecimento, e desvio a atenção do que estava fazendo para encontrar meu amigo Igor com seu olhar animado.

— Tenho algo interessante pra te contar.

Eu o observo com curiosidade, enquanto Igor puxa um pacote de batatas fritas da prateleira.

— O quê?

— Eu estava na casa do Lucas, e a mãe dele trabalha para o prefeito Campos.

Lucas citou certa vez que Murilo Campos paga bem, mas é frio com os funcionários e as filhas. O prefeito tem muita influência em Vinhedo, além de ser um cara muito rico.

— Bom, a dona Joana falou pro Lucas acerca de um evento que vai acontecer na mansão do prefeito. Um pessoal rico vai comparecer, e eles precisam de garçons. Muitos garçons.

— Estão pagando quanto?

— Mil reais. O prefeito está sendo generoso.

Tento disfarçar a surpresa. É muito dinheiro para apenas uma noite.

— Mil reais em um dia? Fala sério!

— Por que eu mentiria? No começo, quase duvidei do Lucas e da mãe dele, mas a oferta de emprego está na internet. Vai ser um evento dos grandes, e só precisam de garçons por uma noite, provavelmente até as onze.

— Ainda há vaga?

Confesso que estou interessado. Não é todo dia que surge uma proposta assim.

— Sim, poucas, mas tem. Até amanhã. O evento será realizado no domingo.

— Onde tenho que ir pra conseguir a vaga?

— Para a residência da família Campos. Tenho o endereço.

— Passa aí.

— Claro. — ele tira um papel do bolso antes de enfiar na minha mão. — Pensei que isso fosse te interessar, por isso vim aqui.

— Valeu, cara. — bati em seu ombro levemente. — Você é um bom amigo.

— Eu sei. — sorri.

— Por que não se candidata à vaga também?

— Já tenho um compromisso domingo à noite com a Luana. Ela vai ficar muito brava se eu não aparecer.

Luana é a nova namorada do Igor, e mais velha se comparamos sua idade de 25 anos aos dezessete do meu amigo de infância. Temos a mesma idade, e eu devia está concluindo o terceiro ano com ele, mas optei por desistir no ano passado quando as coisas começaram a apertar lá casa.

Agora, além de alimentar o vício do meu pai, para que ele não machuque minha mãe e Davi, meu irmão de cinco anos, sou obrigado a dar uma mesada ao miserável. Ele acabou se acostumando com esse acordo injusto e tive que abandonar a escola. Trabalhar é a única maneira de sustentar minha família e pagar pelas despesas. Pelo lado bom, o aluguel do pequeno apartamento não é caro e agradeço por isso.




#*#


— Quantos anos você tem?

— Dezessete. — respondo, encarando o homem vestido de forma elegante. 

— Nome?

— Joaquim Almeida. — informo.

Eu já estou cansado das perguntas e muitas foram feitas desde que cheguei ali.

— A vaga é sua.

O quê? Tão fácil?

Seguro o sorriso que estou prestes a esboçar e balanço a cabeça rapidamente.

— Obrigado, senhor.

— Esteja aqui uma hora antes do início do evento para se vestir a altura para seu cargo temporário.

— Estarei.

— E mais uma coisa. — ele suspira, então aponta para algo na minha cabeça. Levo minha mão até o lugar. — Dê um jeito nesse cabelo. Não me apareça aqui com esse cabelo tingido dessa forma. Pinte-o de preto.

Babaca irritante.

— Pode deixar. — murmuro relutantemente, mas eu preciso obedecer se realmente quero o trabalho. Além disso, depois posso platinar meu cabelo novamente.

— Você pode ir agora. — acena, como se quisesse se livrar de mim, e eu me afasto em direção à saída, segurando o sorriso até estar do lado de fora dos portões da enorme residência.

É realmente uma mansão, e pelo tamanhão custou caro. Do lado de fora, observo as diversas janelas com persianas. Tenho a sensação de está sendo observado através de uma delas, mas dou de ombros e decido seguir para casa, ansioso para colocar as mãos na minha grana durante o domingo.


🤍


Oi, galerinha.

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