capítulo 18

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Maitê

Algo simples não pode descrever meus sentimentos agora. Eles estão um caos, sobretudo depois do que presenciei.

Meu coração se aperta assim que me lembro da expressão do Joaquim, e só não fui atrás dele imediatamente porque sua mãe disse que ele precisa de espaço.

Nesse meio tempo, ela me explica toda a situação. Acho tocante da parte dela confiar em mim para isso, e é com grande pesar que ouço a história de sua família. Como sofreram! Como meu Joaquim sofreu nas mãos daquele monstro perverso! Ele não mereceu passar por isso e ainda doí recordar seu semblante ferido assim que seu pai cuspiu aquelas coisas na cara dele.

E depois de saber que ele sempre protegeu sua pequena família, sinto algo muito forte; algo muito bom. E meu amor triplica de tamanho por esse garoto tão forte e lutador.

Eu não quero que ele pense que eu sinto nojo dele. Não, de jeito nenhum. Então após conversar e me despedir de sua mãe, saio à procura dele. Sua mãe disse que ele não deve está longe, então vasculho cada canto a procura dele, e finalmente o encontro lá embaixo, próximo à calçada e de costas para mim.

Eu me aproximo com um pequeno sorriso acolhedor nos lábios, que se apaga assim que ele me ignora.

— Joaquim? — chamo, e ele finalmente se vira para mim.

Sinto um nó na garganta assim que me deparo com sua cara fechada e seus lábios cerrados. Ele não parece muito feliz em me ver.

— Sua mãe me contou tudo, por isso demorei. Eu... — estendo a mão para seu braço, mas ele se afasta um pouco, deixando-me pasma.

— O que veio fazer aqui? Zombar de mim agora que sabe de tudo?

Sinto-me atingida por suas palavras duras. Por que ele está agindo assim?

— Não, claro que não. Você foi tão forte e corajoso para lidar com aquele homem e...

— Não preciso disso.

— Disso o quê? — meus olhos estão ardendo e tento controlar minhas emoções.

— Da sua pena. — continua sério. — Eu vou esperar aqui fora até que você chame um táxi, e depois não quero mais te ver. Esqueça que um dia nos conhecemos, entendeu?

Sinto um baque com suas palavras.

Por que ele está agindo assim? Por que está me machucando?

Seria uma autodefesa?

— Não precisa ficar na defensiva. Eu sei de tudo agora, mas nunca seria capaz de zombar de você. Só se eu fosse um monstro, mas não sou. Eu te amo.

— Eu também te amo. — ele toca minha bochecha e quando eu estou apreciando o toque, ele se afasta com alguns passos para trás. — Mas o nosso lance não vai dar certo. É impossível. Olha para mim e olha para você. — gesticula. — Agora olha pra esse lugar. Você está em contraste enorme com tudo o que me envolve. Você não faz parte desse mundo, assim como não faço parte do seu.

— Pare de falar isso. Sabíamos das nossas diferenças o tempo todo, mas nem por isso cogitamos nos separar. Pare de tentar me afastar. — minha voz fica embargada.

— Por favor, fique longe de mim, Maitê. Será melhor assim.

Paraliso com suas palavras. Ele está mesmo falando sério? Com certeza ficou envergonhado depois que eu soube do seu segredo, mas ainda não é motivo para nos separarmos.

— Não!

— Por que não me escuta? Fique longe. — praticamente grita e é nítida a dor em sua voz embargada, como se dizer isso o machucasse. — Vá embora e nunca mais me procure. Não sou mais parte das suas aventuras.

— Aventuras? Olha o que está dizendo!

— Sei o que estou dizendo, afinal é isso que sou para você, certo? Uma aventura. Uma diversão que vai cansá-la em breve.

— Sei o que está tentando fazer. Está tentando me machucar, porque só assim vai conseguir me ver longe. — minhas lágrimas molham minha bochecha e nem consigo contê-las.

— Estou sendo sincero, Maitê. Por favor, me escuta. Chame um táxi e vá embora. Cansei de você, garota. Assim como um dia cansei da Isadora.

Suspiro em choque, atacada por suas palavras. Se ele queria me ferir ainda mais, conseguiu.

— O quê?

Ele estreita seus olhos escuros.

— Isso mesmo. Cansei de você. Agora vá embora.

Com um soluço baixo, puxo meu celular e procuro o número do taxista anterior. Mando uma mensagem imediatamente e ele logo responde, dizendo que já está vindo.

Sem querer encarar o garoto a minha frente, lhe dou as costas e sigo para o local onde o táxi estará em poucos minutos.

Não é muito longe, mas por algum motivo Joaquim faz uma coisa inusitada ao decidir me acompanhar à distância. Sinto que ele me segue, mas não dou atenção.

Evito encará-lo até o veículo aparecer, e quando o faz, aperto minha mochila contra o peito e, sem olhar para trás, entro no carro rapidamente.

Em nenhum momento Joaquim diz alguma coisa e isso só me magoa ainda mais. Nunca pensei que fosse passar pela dor da rejeição. Sei que ele está ferido pela situação com o pai, mas isso não lhe dá motivos para me ferir gratuitamente mesmo que seja por autodefesa.

Sem conseguir me conter, olho para ele pela janela assim que o carro entra em movimento e, com lágrimas abundantes, observo Joaquim parado e me acompanhando com os olhos. Ao mesmo tempo em que o seu olhar tenta ser frio, parece tão triste.




#*#




Joaquim

Com um vazio no peito, observo o carro se distanciar.

Com Maitê longe, sei que não posso mais ficar perto dela ou beijá-la. De toda forma, é melhor assim. Maitê não sairá machucada se ficar longe.

Eu tive que dizer mentiras; tive que agir como um babaca para que meu anjo se afastasse.

No fundo eu sou um covarde e mereço ficar sozinho.

Mas ao mesmo tempo em que a quero longe, eu a desejo em meus braços para sempre; de uma maneira que não possa soltá-la.

E sem tê-la por perto, a culpa me golpeia com força.

Eu realmente sou um idiota. 




💔💔💔



Romance ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora