capítulo 30

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Dias depois...

— Vamos mesmo nos ver no sábado? — pergunto para Joaquim durante a ligação.

É o intervalo na escola e eu posso falar com ele à vontade, sem interrupções.

Alguns alunos passam por mim, mas ignoro enquanto estou sentada em uma cadeira no corredor externo. Ele é amplo, então não atrapalha a passagem de ninguém. De onde estou, tenho uma visão das pessoas circulando lá embaixo. É como se eu estivesse em uma espécie de galeria, tendo visão privilegiada do andar de baixo.

— Claro que vamos nos ver no sábado. Sem falta. Quero muito passar a noite com você.

— Eu me sentirei meio mal em mentir outra vez, mas é o jeito. É isso ou não nos veremos.

— Sobre isso, Beatriz sabe?

— Não. Ela não falou mais comigo.

No dia anterior eu o deixei a par do término da amizade.

— Que pena. Mesmo assim, espero que ela não se importe em ser álibi.

— Espero que ela nem saiba. A não ser que meu pai ligue para a casa dela e descubra tudo, mas creio que ele não fará isso.

Terei que mentir sobre dormir na casa da minha ex-amiga outra vez. Só assim poderei ter um tempo com Joaquim no sábado. Ele já confirmou que sua mãe não estará em casa durante esse tempo, assim como seu irmão, porque irão passar o dia na casa de uma tia que mora em Chicago.

— Espero que dê tudo certo. – suspira do outro lado.

Percebo uma sombra sobre mim e ergui o olhar, deparando-me com Gustavo.

Ele sorri, acenando brevemente. Retribuo o gesto, depois aponto o celular.

— Voltou com aquele cara? — deduz em um sussurro, e assinto rapidamente.

Sua expressão é neutra, o que é bom.

— Ele pediu perdão e prometeu fazer tudo diferente agora. — afasto o celular o suficiente para dizer.

— Hm... — de repente, em uma atitude inusitada, ele bagunça meu cabelo de forma brincalhona, e eu me surpreendo. Sorrio ainda ouvindo Joaquim falar enquanto Gustavo tenta roubar minha atenção. O que ele está fazendo?

— Pare com isso! — acabo dizendo em voz alta quando ele tenta me fazer cócegas. Aposto que faz isso de propósito apenas para o Joaquim perceber.

Gustavo se afasta pelo corredor ainda rindo, e eu o observo enquanto a linha telefônica fica muda.

— O que foi isso? Você estava falando com alguém? — Joaquim questiona depois de um tempo.

— Sim. Com o Gustavo.

— O quê? Aquele mesmo cara que te incomodou e depois te deu uma carona?

— E que me ajudou muito. Ele se mostrou um cara legal nos últimos dias. Se não fosse por ele, eu teria ficado isolada nesta escola, já que minha única amiga e meu namorado se distanciaram na época.

Joaquim suspira.

— É mesmo? Aproximaram-se muito enquanto estive longe? — algo me diz que está bastante incomodado, mas está lutando para disfarçar.

— Não seja ciumento. Gustavo foi apenas um amigo desde que tantas coisas ruins aconteceram ao mesmo tempo. Ele foi apenas gentil comigo. Isso te incomoda?

— Em parte, mas se você está dizendo que foram apenas amigos... — suspira do outro lado. — Porra, quero espancar esse cara por ter ficado tão perto de você, mas eu seria imbecil e injusto se fizesse isso. Não quero ser um namorado tóxico. Me desculpa, Maitê. É normal o que estou sentindo?

— Isso se chama ciúmes. — tenho vontade de sorrir.

— Você continua sendo minha? Pode dizer?

— Claro. — recosto-me na cadeira. — Continuo sendo sua garota.

— Minha garota. — sussurra intensamente, causando-me arrepios. — Quero muito te ver no sábado.

— Eu também quero muito. — confesso.


#*#


Domingo de manhã

Meu sorriso provavelmente está radiante quando Joaquim me deixa próximo a minha casa.

Eu me despeço dele com um aceno animado, ainda relembrando nossa noite juntos. Foi incrível estar em seus braços, sentindo seu calor e beijos.

Joaquim se afasta na moto enquanto me aproximo da mansão. Liberam minha entrada e sigo para o interior da residência.

Meu pai está na sala ao lado da minha mãe. Clarinha provavelmente está lá encima.

— Bom dia. — murmuro rapidamente e tento passar pelo meu pai, mas ele segura meu braço e me puxa de volta.

Meu coração acelera e ficamos cara a cara.

— Onde você estava? — dispara, deixando-me em choque.

Meu pai solta meu braço, e eu massageio a área.

O nervosismo percorre meu corpo e tento encontrar uma solução.

— Na casa de Beatriz.

O tapa forte que ele acerta em meu rosto me fez recuar alguns passos.

— Não a machuque, Murilo! — ouço o grito da minha mãe, e levo minha mão ao local dolorido.

— Achou mesmo que eu não ia descobrir, sua...? — papai ignora sua esposa, balançando a cabeça em negação. Seu semblante de raiva é notável. — Pensou que essa mentira fosse durar até quando?

— Papai... não...

— Chega, Maitê! — grita, deixando-me com medo. — Sei de tudo. Liguei para a casa da sua amiga e ela mesmo fez questão de contar. Sei de absolutamente tudo.

Ao ouvir isso, eu apenas o encaro em profundo espanto.

Isso não pode está acontecendo!




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