capítulo 36

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Joaquim

— Porra! Tenho certeza que aquele prefeito de merda fez alguma coisa! — murmuro, andando de um lado para o outro na sala de Igor.

Ele me encara do sofá.

— Como pode ter certeza?

— Eu percebi que ela estava chorando. O pai deve tê-la ameaçado ou algo assim.

— Se foi isso, o que você fará agora?

— Eu... — enfio as mãos no cabelo. — Eu tenho que pensar em algo ou sinto que vou enlouquecer. Preciso tirar Maitê daquela casa.

Igor parece pensativo.

— E o tal Gustavo?

Eu o encaro com o cenho franzido.

— O que tem ele?

— Ele ajudou Maitê com um novo celular, certo? — assinto. — E se ele te ajudar de outra forma? Ele é amigo dela e a família dele provavelmente conhece o prefeito, então...

— Como não pensei nisso antes? — minha mente clareia com uma ideia. — Você tem o número dele?

— Não, mas Lucas tem. Eu acho que eles são próximos.

Igor logo manda uma mensagem para Lucas e recebe retorno imediatamente.

— Enviei o contato do Gustavo para você. — murmura.

Checo minhas mensagens e logo estou realizando a ligação.

— Quem é? — a voz parece confusa.

— É Joaquim. — ele fica em silêncio. — Eu não estaria ligando se não fosse urgente. Preciso da sua ajuda, pode ser? Envolve Maitê.

— Pode dizer.

E em questão de minutos, consigo convencer Gustavo a me ajudar.


#*#


Sábado

Estou inconformada com a situação atual. Meu pai me deixou sem muitas escolhas e tive que aceitar a mais razoável. Pena que ela está me deixando muito infeliz.

O dia do noivado chega, mas eu não estou feliz. Parece que estou indo a um enterro.

Clarinha me abraça a cada instante e minha mãe me olha com pena até que fico sozinha no quarto para me trocar. Coloco o vestido branco delicado, e os saltos altos. Minha mãe comprou a roupa, afinal não tive emoção pra escolher.

É bonita e confortável, mas isso não atenua meu semblante vazio.

— Seu noivo e o pai dele já estão sabendo da gravidez. Tive que contar. Para minha sorte, aceitaram tudo de forma razoável. Então você terá a criança após uma gravidez tranquila e depois do ensino médio se casará com Renato. Para evitar problemas com seu futuro marido, a criança será mandada imediatamente para um orfanato após nascer.

Eu chorei muito quando meu pai me disse isso.

Eu ficarei separada definitivamente do meu filho assim que nascer e dói pensar nisso.

Doí muito.

Com a tristeza evidente em meu rosto, sigo minha família até um carro e logo estamos indo em direção a um local específico para o evento, onde apenas um grupo seleto e influente estará reunido para presenciar o noivado.

O espaço tem um salão enorme e luxuoso, alugado especialmente para a ocasião, e me deparo com muitos amigos do meu pai assim que piso no local.

Agradeço internamente assim que avisto Gustavo de longe, ao lado de sua família. Ele acena discretamente para mim assim que me vê e aceno de volta. Tento ir até ele, mas meu pai me força a aceitar a conversa monótona dos meus futuros sogros.

Assim que me vejo livre, não avisto mais Gustavo. E como estou apertada, sigo para o banheiro. Agradeço por não ter ninguém na minha cola e adentro o espaço bem arejado. Faço xixi e depois me aproximo do espelho, checando meu rosto triste.

Ouço passos.

Um arrepio percorre minhas costas assim que vejo alguém adentrar o banheiro através do espelho enorme.

Mesmo com o aparente disfarce, reconheço a pessoa imediatamente.

Com os olhos chocados, exclamo:

— Joaquim! 






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