capítulo 32

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Terça-feira

Se eu disser que estou aborrecida, não restarão dúvidas de que é verdade. É notável em meu semblante. Sobretudo desde que meu pai arrancou meu celular de mim definitivamente. Aconteceu poucas horas após seu confronto. Ele não perdeu tempo mesmo.

Agora estou sem o contato de alguém conhecido. Não posso falar com Joaquim ou qualquer outra pessoa.

Como eu vou sobreviver?

Durante o almoço, provo minha comida em silêncio e apenas tenho olhos para a mesa.

Converso pouco com alguns alunos próximos, mas é só isso; e apenas quando fazem perguntas das quais eu não posso fugir.

Após o almoço, sigo pelo corredor até a sala de aula. Quer dizer... tento porque Beatriz escolhe aquele momento para barrar meu caminho.

Paramos de caminhar ao mesmo tempo. E de frente uma para a outra, nos encaramos demoradamente.

Eu tenho tanta coisa para falar no momento, mas quero ver até onde Beatriz pode testar meu limite.

Fico extremamente irritada quando ela bate palmas, sorrindo.

— Olha só, é tão bom te ver assim... tão ferrada.

— Por quê? Só me responda isso.

Ela parece pensar.

— Hm, a lista é extensa, mas principalmente porque você tentou roubar Gustavo de mim. Porque você destruiu minha confiança.

Franzo o cenho.

— Você é completamente louca!

— Sim, e agora você viu até que ponto a louca aqui é capaz de chegar. Se seu pai não tivesse telefonado lá para casa, eu mesma teria ligado para ele e revelado seu segredinho sujo.

Não espero muito para agir.

Apenas vejo Beatriz virar o rosto com o forte impacto do tapa que lhe dou.

Atordoada, ela leva a mão ao local, encarando-me com raiva.

— Você irá levar mais se continuar em meu caminho. — disparo.

Gustavo, que até então esteve meio distante apenas observando, aproxima-se.

Observo a raiva de Beatriz ceder lugar à animação assim que o vê, mas ele a ignora e se aproxima de mim.

— Vamos sair de perto dessa maluca. — o sorriso de Beatriz desaparece. Eu sigo o garoto pelo corredor e ficamos lado a lado depois. — Quer conversar sobre o que aconteceu?

— Pode ser depois? Estou meio frustrada agora.

Ele assente.

Não sei se é pelo estresse constante, mas logo minha visão se torna turva e eu teria caído se não fosse pelo apoio de Gustavo. Sinto a fraqueza me tomar.

— Você está pálida. Vamos para a enfermaria. — ele me ajuda a chegar lá.

No local, uma mulher me faz engolir algum comprimido e me obriga a repousar em uma das camas do espaço. Gustavo fica por perto, mesmo que esteja perdendo suas aulas, e eu aproveito para tirar um pouco da carga de minhas costas. Assim, relato o motivo por trás do meu aborrecimento, incluindo o quão baixa Beatriz é.

Gustavo ouve a tudo atentamente e decide intervir quando falo do meu celular:

— Você tem o número do Joaquim decorado?

— Anotei em meu diário. — sorrio.

— Que bom. Vou te emprestar um celular, mas você tem que ser discreta ao redor de sua família.

Amplio meus olhos.

— Sério?

— Sim. Fique com o aparelho se quiser.

— Não, é só um empréstimo, enquanto não tenho o meu de volta. — aceito sua ajuda. — Como faremos?

— Trarei o celular amanhã pra escola.

— Muito obrigada, Gustavo. De verdade. Nem sei como te recompensar.

Ele apenas sorri, acenando com a cabeça.

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