capítulo 17

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Joaquim

Solto um suspiro pesado de cansaço assim que me aproximo de casa.

Trabalhei muito durante o dia, mas pelo menos fui liberado mais cedo dessa vez. Por algum acaso estranho do destino, meu patrão teve compaixão de mim.

Assim que bato na porta, ela não demora a se abrir e me deparo com o olhar animado da minha mãe. Eu diria animado até demais, como se ela tivesse algo muito bom para me contar.

— Alguém veio te ver.

Franzo o cenho.

— Quem?

— Entre e verá.

Beijo seu rosto antes de passar por ela para finalmente encontrar nossa ilustre e misteriosa visitante.

Assim que meus olhos colidem com a garota no sofá, meus olhos se ampliam levemente.

Maitê, em vez disso, apenas sorri para mim; seus olhos até brilham.

— Oh. — é o que consigo dizer e ela amplia o sorriso.

— Ela disse ser sua amiga. Ela é tão simpática. — minha mãe diz animadamente.

Dá pra ver que ela gostou mesmo de Maitê, mas quem não gostaria? Só não entendo porque não se apresentou como minha namorada. Será que pensa que minha mãe vai recriminá-la por isso? Talvez. No entanto, ainda é uma surpresa o fato de ela ter vindo sem a supervisão de alguém. Seu pai não deve fazer ideia. De toda forma, é bom tê-la por perto apesar da minha casa não ser um dos melhores lugares para uma garota da classe social dela.

— Bem vinda. — murmuro ainda parado como um idiota no meio da sala.

— Obrigada. Sua mãe estava me mostrando algumas fotos suas, de infância. — Maitê disse, empolgada com o que parecia ser um álbum no colo. — Você era tão bonitinho, Joaquim. Ainda é.

Pra piorar minha situação, meu rosto esquenta e me sinto um idiota.

Maitê ri.

— Oh, que bonitinho! Está envergonhado, mas não fique. — ela continua falando com sua voz fofa, o que só me deixa com mais vergonha e faz minha mãe rir. — Falei com Davi antes de ele ir brincar no quarto.

— Caramba, Maitê! Você me pegou de surpresa. Eu não esperava sua visita. — murmuro, sentando-me no braço do único e velho sofá.

— Decidi vir e gostei muito da sua mãe. — ela sorri para ela, no que é retribuída. — Ela é muito simpática, assim como os filhos.

— Obrigada, querida. Gostei muito de você também. — bagunçou o cabelo de Maitê levemente, o que me surpreende.

Esboço um sorriso, mas ele se apaga assim que ouço a maçaneta da porta girar.

Porra, por que não tranquei?

Luís escancara a porta e o cheiro de álcool é pungente.

Faço uma careta e ele abre um sorriso bêbado assim que seus olhos encontram Maitê.

Ela tem a mesma expressão da minha mãe. De choque e medo.

Merda!

Meu sangue ferve.

Eu não queria que ela visse isso. Eu não queria que ela conhecesse essa parte da minha vida.

— Onde encontrou essa bonequinha? — o escroto do meu pai pergunta, fazendo-me cerrar os punhos.

— Não interessa. O nome dela é Sohyun e exijo que a respeite. — murmuro entredentes, fazendo-o soltar uma gargalhada.

— Respeitar? Essa é boa! Como posso respeitá-la, se não respeito nem a vadia da sua mãe?

Antes que ele diga qualquer outra coisa, parto para cima dele e seguro o colarinho desgastado da sua camisa. Nem me importo com o cheiro horrível que emana dele ou com o seu semblante ameaçador. Eu só quero calar a sua maldita boca.

— Nunca mais repita isso, caralho! — disparo. — Não quero que as desrespeite, ou eu vou te bater muito forte; tão forte que você não conseguirá se mexer depois. Então suma daqui. Já te dei dinheiro recentemente, então não faz sentindo você aparecer aqui agora. Fique longe e siga o acordo que combinamos. — com um empurrão, eu o solto.

Ele cambaleia alguns passos.

Como se não desse a mínima para o que falei, ele ri.

— Você tem sorte que hoje estou bondoso, senão te daria uma bela surra. O suficiente pra você ficar desacordado por várias horas, assim como eu fazia antes... você lembra? — ouço os soluços da minha mãe e o suspiro de choque de Maitê.

Eu me viro apenas para ver minha namorada com uma expressão de horror no belo rosto. Será que está com nojo de mim, agora que tem conhecimento de que eu era um saco de pancadas? Será que ainda vai querer alguma coisa comigo?

Um constrangimento anormal recai sobre mim e desvio o olhar, apenas para encarar meu pai.

— No fundo, você sempre foi e continuará sendo um perdedor que merece apanhar da vida. – Luís continua.

Cerro os lábios.

— Vá embora. Se você veio encher meu saco, perdeu seu tempo. Dá o fora!

— Tanto faz. — ele apenas dá de ombros, mas pelo menos faz o que ordenei e se retira pelo mesmo lugar em que entrou.

Assim que o vejo desaparecer em uma rua qualquer lá embaixo, decido sair de casa sem olhar para trás.

Ouço a voz de Maitê e da minha mãe enquanto me afasto, mas escolho ignorar.




💔💔💔








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