- Any -
O estado de Josh estava se deteriorando a cada segundo, de acordo com a enfermeira que nos acompanhava no fundo da ambulância a hemorragia já havia sido controlada, mas o estado dele era crítico. Essa notícia me fez querer desabar ali mesmo, mas eu precisava ser forte.
Por nós dois.
Ele precisava ir para um hospital o mais rápido possível, mas o caminho pela estrada até o portão mais perto da muralha que cercava Royal Academy levava mais ou menos uns 20 minutos, e nem sabíamos direito se daria para abrir os portões.
Além de que provavelmente havia vários pais, reis e rainhas, do lado de fora. Talvez até mesmo um exército. Tudo o que Josh menos precisava eram soldados impedindo que a ambulância seguisse caminho.
E meu deus, eu nem sabia o que faria quando visse minha mãe. Era tanta coisa que precisava ser dita e eu nem sabia por onde começar! Também estava morrendo de saudades de minha mãe e de minha irmã, esses sete meses em no colégio me fizeram perceber o quanto a ausência delas me causava um vazio sentimental.
- Você não pode morrer, está me ouvindo? Você não pode morrer! - digo com o olho já ardendo por tentar segurar as lágrimas, me agarrando a cada suspiro que ele soltava. - Você precisa viver, porque...
Para ouvir as outras palavras ele tinha que estar acordado para ouvir, não tinha que estar a beira da morte. Ele precisava viver.
- Vossa alteza, por favor se afaste um pouco. - A enfermeira diz e eu faço como ela pede. - A senhorita tem algum ferimento.
- Não. - respondo fungando. - Estou bem.
- Examinaram você na grama? - questiona ela procurando algo no bolso.
- Não. - digo e ela faz sinal para que eu abra a boca.
- Preciso checar suas vias respiratórias. - diz ela e eu obedeço a contragosto.
Estava bem, não precisava ser examinada.
Depois de me olhar, ela pega da máquina ao seu lado uma máscara de nebulização.
- Tem cinzas no seu nariz, e provavelmente no seu pulmão, precisa de pelo menos tomar nebulização até chegarmos no hospital. - Avisa ela e eu a obedeço por medo de ser enxotada da ambulância.
Ficamos em silêncio por um tempo, sendo o único barulho audível o da máquina, que, eu devia dar graças a deus, me acalmou um pouco. A ambulância parou de repente, sinalizando que finalmente havíamos chego aos portões.
A enfermeira levantou e eu tirei a máquina do rosto alarmada.
- Aonde você vai? - pergunto.
- Não se preocupe, vou apenas sair para abrir os portões manualmente. - diz ela tentando me tranquilizar. - Não demoro.
Assinto calma tentando me tranquilizar. Ia ficar tudo bem, ela ia abrir os portões, ia voltar e íamos seguir viagem.
Nenhum problema, nenhum motivo para surto.
Exceto o fato de que o monitor ligado a Josh começou a apitar.
Eu não era médica, mas já havia assistido episódios de Grey's Anatomy demais para saber que isso não estava certo.
- Josh? Josh. - Digo alarmada me levantando.
Tento checar sua pulsação mas eu não estava conseguindo, então fui pelo método mais antigo, encostei a cabeça em seu peito e esperei.
Esperei
Esperei
E esperei
Mas não havia nada.
- Não, não, não. - digo já chorando.
Tento fazer uma massagem cardíaca na mesma hora, minha visão já embaçada por conta das lágrimas e seu corpo sem reagir. Eu não entendia, ele havia sido esfaqueado no estômago, a hemorragia havia sido contida com a permanência da faca no local.
Não havia motivos para o coração dele parar.
Não havia nada.
- SOCORRO! - grito desesperada sem parar a massagem.
Pareceu uma eternidade, mas algum tempo depois, consegui que seu coração voltasse a pulsar, as ondas no monitor voltaram a crescer e eu suspirei aliviada.
Ele estava vivo, era o que importava.
As portas do fundo da ambulância são abertas por alguns homens de uniforme militar, alguns com a bandeira do Canadá costurado no braço, outros com a do Brasil. Os soldados de nossos países, isso querida dizer que...
- Princesa, precisa descer da ambulância. - um dos soldados diz e eu obedeço em choque.
- Ele teve uma parada cardíaca. - digo ainda em choque para um soldado canadense.
- Obrigado por salvá-lo vossa alteza. - diz ele subindo na ambulância.
- Por aqui vossa alteza. - diz uma mulher de terno preta, que eu reconheço imediatamente como a secretária de minha mãe. - Sua mãe a espera no hotel.
- Diarra -
Fazia algum tempo desde que a ambulância havia levado Josh. Os enfermeiros presentes haviam algemado Simon deitado em uma maca e haviam dado algo para que ele dormisse.
Se não fosse por isso, eu não duvidava de que ele teria achado um jeito de matar todos nós.
Ele era um monstro.
E monstros assustados são ainda mais perigosos.
Mas pelo menos agora eu podia respirar aliviada, esse inferno havia acabado, eu não precisava mais viver com medo, mas tinha a certeza de que não havia saído dessa situação ilesa.
Eu precisaria de muita terapia pra lidar com tudo e sinceramente, esse peso emocional relacionado a escola me fazia querer deitar em posição fetal e chorar a noite toda.
- Gente. - chamo meus amigos, com os olhos cheios de lágrimas. - Acabou. Acabou tudo. Nós estamos livres.
- Cara, eu estou traumatizado, mas eu estou feliz. - Pepe diz.
- O único bom proveito desse ano foi ter conhecido vocês. - Lamar diz emocionado. - Vejo vocês na cadeia. - completa ele e eu rio de desespero.
- Eu espero que não chegue a isso tudo. - Sina diz com uma careta. - Mas enfim, apesar de ter amado conhecer vocês, acho melhor nos separarmos.
- Concordo. - Bailey diz brincado com a terra com os pés. - Acho que isso é um adeus.
- Adeus. - Digo com a voz meio rouca.
Havia acabado, Simon ia pagar por seus crimes e nós seríamos repreendidos, no máximo sermos tirados da linha de sucessão.
E isso me tirava do sério.
Dei as costas para os meus amigos e caminhei calmamente até o local planejado com meus pais.
Eu teria minha vingança, e demoraria muito para me saciar com ela.
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Royal Academy ♕NOW UNITED
FanfictionUma escola, onde herdeiros dos mais poderosos e grandes reinos vão para aprender a lidar com essa responsabilidade. Mas não só isso, pois eles também estão correndo risco de vida. No meio de tudo isso, intrigas, paixões, amizades e rivalidades vão o...