Capítulo 74

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- Any -

O estado de Josh estava se deteriorando a cada segundo, de acordo com a enfermeira que nos acompanhava no fundo da ambulância a hemorragia já havia sido controlada, mas o estado dele era crítico. Essa notícia me fez querer desabar ali mesmo, mas eu precisava ser forte.

Por nós dois.

Ele precisava ir para um hospital o mais rápido possível, mas o caminho pela estrada até o portão mais perto da muralha que cercava Royal Academy levava mais ou menos uns 20 minutos, e nem sabíamos direito se daria para abrir os portões.

Além de que provavelmente havia vários pais, reis e rainhas, do lado de fora. Talvez até mesmo um exército. Tudo o que Josh menos precisava eram soldados impedindo que a ambulância seguisse caminho.

E meu deus, eu nem sabia o que faria quando visse minha mãe. Era tanta coisa que precisava ser dita e eu nem sabia por onde começar! Também estava morrendo de saudades de minha mãe e de minha irmã, esses sete meses em no colégio me fizeram perceber o quanto a ausência delas me causava um vazio sentimental.

- Você não pode morrer, está me ouvindo? Você não pode morrer! - digo com o olho já ardendo por tentar segurar as lágrimas, me agarrando a cada suspiro que ele soltava. - Você precisa viver, porque...

Para ouvir as outras palavras ele tinha que estar acordado para ouvir, não tinha que estar a beira da morte. Ele precisava viver.

- Vossa alteza, por favor se afaste um pouco. - A enfermeira diz e eu faço como ela pede. - A senhorita tem algum ferimento.

- Não. - respondo fungando. - Estou bem.

- Examinaram você na grama? - questiona ela procurando algo no bolso.

- Não. - digo e ela faz sinal para que eu abra a boca.

- Preciso checar suas vias respiratórias. - diz ela e eu obedeço a contragosto.

Estava bem, não precisava ser examinada.

Depois de me olhar, ela pega da máquina ao seu lado uma máscara de nebulização.

- Tem cinzas no seu nariz, e provavelmente no seu pulmão, precisa de pelo menos tomar nebulização até chegarmos no hospital. - Avisa ela e eu a obedeço por medo de ser enxotada da ambulância.

Ficamos em silêncio por um tempo, sendo o único barulho audível o da máquina, que, eu devia dar graças a deus, me acalmou um pouco. A ambulância parou de repente, sinalizando que finalmente havíamos chego aos portões.

A enfermeira levantou e eu tirei a máquina do rosto alarmada.

- Aonde você vai? - pergunto.

- Não se preocupe, vou apenas sair para abrir os portões manualmente. - diz ela tentando me tranquilizar. - Não demoro.

Assinto calma tentando me tranquilizar. Ia ficar tudo bem, ela ia abrir os portões, ia voltar e íamos seguir viagem.

Nenhum problema, nenhum motivo para surto.

Exceto o fato de que o monitor ligado a Josh começou a apitar.

Eu não era médica, mas já havia assistido episódios de Grey's Anatomy demais para saber que isso não estava certo.

- Josh? Josh. - Digo alarmada me levantando.

Tento checar sua pulsação mas eu não estava conseguindo, então fui pelo método mais antigo, encostei a cabeça em seu peito e esperei.

Esperei

Esperei

E esperei

Mas não havia nada.

- Não, não, não. - digo já chorando.

Tento fazer uma massagem cardíaca na mesma hora, minha visão já embaçada por conta das lágrimas e seu corpo sem reagir. Eu não entendia, ele havia sido esfaqueado no estômago, a hemorragia havia sido contida com a permanência da faca no local.

Não havia motivos para o coração dele parar.

Não havia nada.

- SOCORRO! - grito desesperada sem parar a massagem.

Pareceu uma eternidade, mas algum tempo depois, consegui que seu coração voltasse a pulsar, as ondas no monitor voltaram a crescer e eu suspirei aliviada.

Ele estava vivo, era o que importava.

As portas do fundo da ambulância são abertas por alguns homens de uniforme militar, alguns com a bandeira do Canadá costurado no braço, outros com a do Brasil. Os soldados de nossos países, isso querida dizer que...

- Princesa, precisa descer da ambulância. - um dos soldados diz e eu obedeço em choque.

- Ele teve uma parada cardíaca. - digo ainda em choque para um soldado canadense.

- Obrigado por salvá-lo vossa alteza. - diz ele subindo na ambulância.

- Por aqui vossa alteza. - diz uma mulher de terno preta, que eu reconheço imediatamente como a secretária de minha mãe. - Sua mãe a espera no hotel.

- Diarra -

Fazia algum tempo desde que a ambulância havia levado Josh. Os enfermeiros presentes haviam algemado Simon deitado em uma maca e haviam dado algo para que ele dormisse.

Se não fosse por isso, eu não duvidava de que ele teria achado um jeito de matar todos nós.

Ele era um monstro.

E monstros assustados são ainda mais perigosos.

Mas pelo menos agora eu podia respirar aliviada, esse inferno havia acabado, eu não precisava mais viver com medo, mas tinha a certeza de que não havia saído dessa situação ilesa.

Eu precisaria de muita terapia pra lidar com tudo e sinceramente, esse peso emocional relacionado a escola me fazia querer deitar em posição fetal e chorar a noite toda.

- Gente. - chamo meus amigos, com os olhos cheios de lágrimas. - Acabou. Acabou tudo. Nós estamos livres.

- Cara, eu estou traumatizado, mas eu estou feliz. - Pepe diz.

- O único bom proveito desse ano foi ter conhecido vocês. - Lamar diz emocionado. - Vejo vocês na cadeia. - completa ele e eu rio de desespero.

- Eu espero que não chegue a isso tudo. - Sina diz com uma careta. - Mas enfim, apesar de ter amado conhecer vocês, acho melhor nos separarmos.

- Concordo. - Bailey diz brincado com a terra com os pés. - Acho que isso é um adeus.

- Adeus. - Digo com a voz meio rouca.

Havia acabado, Simon ia pagar por seus crimes e nós seríamos repreendidos, no máximo sermos tirados da linha de sucessão.

E isso me tirava do sério.

Dei as costas para os meus amigos e caminhei calmamente até o local planejado com meus pais.

Eu teria minha vingança, e demoraria muito para me saciar com ela.

Royal Academy ♕NOW UNITEDOnde histórias criam vida. Descubra agora