Capítulo 68

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- Bailey-

- Você tem certeza que isso vai dar certo? - pergunto apreensivo, pela primeira vez ficava nervoso desde que cheguei a Royal Academy. - Não é muito perigoso?

- Prefere ficar a mercê de Simon a vida inteira? - Sina questiona irritada pegando um galão de álcool. - Se quiser amarelar pode ir.

- Desde que não nos delate. - Acrescenta Diarra rápido, entregando o galão que estava na mão de Sina para Lamar. - De dedos-duros já estamos cheios. 

- Só não quero uma morte na minha consciência. - Digo suspirando fundo, Diarra ri sarcástica.

- E  desde quando você, possui consciência? - pergunta ela e eu apenas a ignoro.

- Vamos logo com isso. - Digo a contragosto seguindo o caminho planejado por Pepe.

O plano basicamente consistia em botar fogo no quarto de Simon e esperar que não atingisse o resto do prédio, ou talvez sim, aquele lugar já era um verdadeiro inferno, não faria muita diferença.

O problema era que o quarto de Simon ficava em uma ala reservada, totalmente diferente e totalmente inesperada por todos nós. O que exigia uma complexidade maior, já que o quarto dele devia altamente monitorado, e ele havia diminuído nossos acessos aos cantos dessa escola.

Era uma vingança mortífera e cruel, mas todos acreditamos que era o preço certo o qual Simon deveria pagar por ter arruinado nossas vidas para sempre. Nunca mais seríamos reis e rainhas, e a culpa era dele.

Minha única ressalva era o medo de ser pego enquanto o plano está em execução, seria muito mais complicado se fossemos acusados de homicídio, e sinceramente, eu preferia passar a vida fazendo serviço comunitário do que em uma prisão. E com a fúria de meus pais por mim, tenho certeza que a minha proteção seria pouca.

- Vamos nos dividir agora. - Lamar fala e nós assentimos.

Vou com Sina enquanto ele vai com Diarra, eles iriam tentar acesso por terra, enquanto eu e Sina iríamos tentar usar os túneis por baixo da escola. Apesar de Simon se gabar tanto do labirinto subterrâneo, ele era bem pequeno e havia poucas saída, então como ele sempre aparecia sorrateiramente por ali usando um dos túneis, pensamos que algum deles podia dar acesso direto a seu quarto.

Sim, nosso plano se baseava em pura sorte.

Por isso, não demoramos muito a entrar no subsolo pela passagem subterrânea, quanto menos tempo a vista dos outros, melhor. 

Já passava da meia-noite e supostamente era para todos estarmos em nossos quartos, dormindo e orando enquanto a boa vontade e a loucura de Simon se mostravam amenas. Enquanto isso, nossos pais protestavam lá fora, obviamente sem poder invadir com medo de Simon tentar algo.

Basicamente, não estava nada seguro e calmo. As coisas só estavam civilizadas pois não havia uma outra opção, e todos sabíamos disso.

- Por aqui. - Sina diz me guiando com uma pequena lanterna.

Apenas a sigo quieto e quando finalmente paramos, estamos em uma bifurcação do túnel. Um ia para direita e outro seguia em frente, em direção ao norte.

- Pelos meus cálculos, se formos direto vamos acabar em baixo da biblioteca. - Digo baixinho. - Devemos ir pela direita, tem mais chances de acertamos.

- Quem diria May, finalmente pensando em algo além dos próprios músculos. - Diz Sina zombeteira.

- Pelo menos alguém nessa dupla tem que fazer bom uso do cérebro. - Retruco baixo e não tenho certeza se ela me ouviu.

Continuamos a andar por mais alguns minutos até que Sina tropeça em uma pequena escada de madeira, além de lerda também é cega.

Era hora de por o plano em ação, e que o bom Deus nos protegesse.         

-Josh -

- E agora? O que fazemos? - pergunto meio confuso.

- Vamos tentar procurar alguma pista, algo que dê algum indício de onde Nour pode estar. - Heyoon fala com uma calma impressionante.  

- Somos muitos, achar alguma coisa não deve ser tão difícil. - Noah fala analisando o lugar que fedia tanto a mofo, que eu sentia minha rinite se preparar para atacar.

- Procurem por lugares e saídas secretas. - Savannah avisa e todos assentimos.

Pego o lenço que levava comigo sempre e amarro em volta do meu rosto como se fosse uma máscara, evitaria ao máximo qualquer crise de rinite. Eu bem sabia o quanto meu nariz coçando, os olhos ardendo e lacrimejando, e os constantes espirros me faziam querer arrancar o meu próprio nariz.  Tudo o que eu menos precisava no momento era uma crise alérgica e chamar atenção para o próprio grupo.

Por isso, acabei escolhendo o primeiro lugar com menos mofo que achei. Apesar da sala ser pequena, havia muitas caixas e parte delas parecia bastante pesadas, além do fato de estarem bem lacradas.

Procuramos por alguns minutos sem sucesso algum e isso acabou nos irritando muito.

- Bem que seus representantes podiam ser mais práticos, qual o problema em simplesmente rabiscar num papel o local onde Nour está? - Sofya fala reclamando enquanto se senta na poltrona e depois levanta de repente. - AI!

- O que foi? - Heyoon pergunta preocupada.

- Essa cadeira me furou. - Diz Sofya.

- É uma poltrona. - Retruca Noah.

- Tanto faz. - Diz a russa mal humorada. - O que importa é que ela me furou.

Krystian se aproxima da poltrona e passa a mão por sua superfície e depois de uns segundos se vira para nós.

- Tem algo pontudo aqui dentro, acho que não deu pra ver porque ele não está muito perto da superfície. - Diz ele meio confuso. - Alguém tem um canivete ou algo pontudo?

Eu estava prestes a dizer que ninguém em sã consciência carregaria um canivete ou algo pontudo consigo quando Sabina tirou um canivete prateado do bolso do casaco. 

- Serve esse? - pergunta ela com um sorriso e Krystian o pega murmurando algo incompreensível para o restante de nós.

Sem nenhuma delicadeza, Krystian corta o tecido do assento da poltrona e tira de lá uma espécie de tubo transparente com um pedaço de papel dentro.

- Nossa, eu tô me sentindo uma pirata agora com esse negócio, parece uma daquelas mensagens na garrafa. - Joalin fala pegando o tubo.

- A única diferença é que aqui não tem mar, barcos e nossa maior preocupação não é a coroa inglesa tentando acabar com nossos negócios sórdidos. - Sabina fala e Joalin apenas revira os olhos enquanto eu apenas rio.

- O que está escrito? - pergunto curioso.

- É o que vamos descobrir agora. - Any diz tomando o frasco e o jogando com força no chão.

- Qual o problema em simplesmente tirar a tampa? - Shivani pergunta.

- Não é tão emocionante. - Any responde enquanto se abaixa para pegar o papel.  - A resposta está naquele lugar onde ninguém pode ver, ninguém pode tocar e ninguém conhece, exceto é claro, para aqueles que tiverem a capacidade de voar.   

- Mas o que isso quer dizer? - Savannah pergunta confusa.

- Esses representantes devem achar que temos algum tipo de bola mágica que desvenda tudo para nós. - Sofya diz reclamando. - Mais uma vez, qual a dificuldade em simplesmente dizer onde ela está?

Estava prestes a responder quando de repente senti o cheiro de algo queimado.

- Vocês estão sentindo isso? - pergunto alarmado e percebo fumaça entrando por debaixo da porta. 

- Parece que tem algo pegando fogo. - Hina fala alarmada e em seguida abre a porta.

Nós estávamos perdidos.

Porque não era só uma coisa pegando fogo, e sim o colégio inteiro.  

Royal Academy ♕NOW UNITEDOnde histórias criam vida. Descubra agora