capítulo 25

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Acorde
Olhe nos meus olhos novamente
Eu preciso sentir sua mão em meu rosto
Palavras podem ser como facas
Elas podem te abrir
E depois o silêncio te rodeia e te persegue

Eu acho que poderia ter te inalado
Eu podia te sentir por trás dos meus olhos
Você está na minha corrente sanguínea
Eu podia te sentir flutuando em mim

Stateless - Bloodstream

Jackson Miller

Segunda-feira, mas uma criatura atordoada pelo amor em Red River.

Meus pulmões estavam ardendo e eu sentia uma dor aguda na minha cabeça, a pressão me engolia e eu só queria que tudo aquilo acabasse logo. E o mais rápido possível, eu sei. Eu era um covarde, mas sem a Angel na minha vida, ela não tinha mais sentido nenhum.

Quando ela entrou na minha vida trouxe cores quentes e vibrantes, principalmente o vermelho que ela tanto amava. Mas quando ela foi embora levou todas as cores, só me restou o branco e o preto. Eu nunca ficaria satisfeito novamente, nada conseguiria preencher o vazio que ela deixou.

Eu sou a pessoa mais idiota desse mundo. Se eu soubesse que uma mulher igual ela existia, eu nunca teria estudado para ser padre, essa não era minha vocação de verdade. Eu odeio todos que me influenciaram para chegar nesse caminho, odeio a sociedade por ser tão julgadora e maldosa.

Minha Afrodite já passou por coisas suficientes nesta vida para sofrer mais. Não quero que ninguém olhe para ela com maldade porque eu escolhi ficar ao seu lado, só queria ver ela sorrindo, não chorando. Doía demais, era pior que uma dor física.

Nada tinha graça, eu só conseguia tocar músicas tristes e melancólicas, músicas felizes não fazem mais sentido para mim. Eu tinha me afastado dos meus amigos, principalmente da Julia que não parava de ficar em cima de mim, só precisava ficar sozinho. Nunca mais apareci nos ensaios da banda, não conseguia fingir estar bem quando eu estava acabado.

Quase nunca aparecia na minha casa, quando eu ia lá tudo me lembrava dela, ainda mais porque ela tinha deixado algumas coisas, não conseguia jogar nada fora. Seus quadros espalhados pela casa, aquele lugar era mais dela do que o meu. As nossas lembranças felizes, seus olhos olhando para mim com admiração, seu jeito curioso e inteligente sempre querendo aprender algo novo comigo. E o jeito como ela me olhava quando eu estava explicando alguma coisa, era divino.

Sorrisos, olhares, segredos, beijos, caricias...

Seu olhar felino quando estava afim de me levar para cama, o jeito que seus braços rodeavam minhas costas para me trazer para mais perto, seus beijos no meu peito, seus gemidos no meu ouvido, sua respiração acelerada misturando com a minha. Ela vestida com minhas camisetas deixando-a sexy.

Os momentos que ela falava sacanagens no meu ouvido fazendo minha bochecha queimarem de vergonha e me roubando uma risada. Eu adorava quando ela ficava me escutando tocar piano, o jeito que ela me olhava com tanta admiração e adoração como se eu fosse o melhor pianista do mundo.

Sempre que estávamos no carro, ela corria para colocar uma música sua e ficava cantando baixinho, eu adorava observá-la de canto de olho, sua expressão relaxada e tranquila, tão serena. Sua mão na minha perna ou quando ela estava fazendo alguma coisa eu colocava e quando eu fazia esse contato o jeito que ela sorria para mim, me trazia uma paz. Se eu não pudesse mais viver aquilo, nada teria mais sentido.

Abro meus olhos e observo minhas pernas cruzadas, minha coluna começa a doer, não consigo mais deixar ela reta e meus membros antes relaxados, estão todos tensos. Sinto que vou desmaiar logo, volto a fechar meus olhos.

INNOCENT - SÉRIE DEUSAS DO OLIMPO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora