Capítulo VII

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Depois de tanto tempo sem vê-lo, eu esperava ao menos encontrar Louis em um escritório, onde ele contaria a mim todos os casos que já ganhou no tribunal e a justiça que trouxe ao mundo como advogado. Mas não, meu irmão era parte do grupo de criminosos perseguidos por mim a dias. Um simples trapaceiro sujo, que vivia as custas de famílias como a minha. Talvez ele fosse mesmo o vilão que meu pai descreveu.

Fui conduzida para um pequeno quarto, onde mal havia um banheiro minúsculo e uma cama desconfortável.
O homem de cabelos loiro-escuro que se disponibilizou para me levar até o local, se aproximou de mim. Recuei amedrontada.

— Calma — Ele pediu com as mão levantadas ao ar, em sinal de rendição — Eu não vou te fazer mal — Em seguida retirou a máscara do rosto e desceu a touca para trás de forma lenta — Eu sou o Horan. Niall Horan. 

Cedi relutante, passagem para que ele desfizesse o nó da mordaça apertada e o mesmo com a corda que prendia meus braços. Respirei fundo, aliviada por me livrar daquelas amarras desesperadoras.

— Você é a irmã do Louis, certo? — Ele perguntou — Ele sempre falou muito de você e da sua outra irmã, mas principalmente de você. Ele te ama muito.

— Amor? — Repeti incrédula — Como pode me falar do amor em um momento como esse? — Me excedi — Como pode me dizer que alguém como ele ama? Que alguém como você pensa isso? Ele é tudo que meu pai me contou. Tudo e mais um pouco!

Horan respirou fundo e balançou a cabeça em descrença.

— Nem tudo que parece realmente é. Poucas pessoas no mundo tem a chance que você teve de escolher seu futuro. Você é rica, não entenderia o que é não ter dinheiro — Niall se levantou — Algumas pessoas recorrem a opções desesperadoras para ter o que comer, Louise — Sussurrou em seguida: — A dar o que comer a outras pessoas, principalmente.

Aquelas palavras me atingiram de uma forma inigualável, entretanto, não pude afastar o quanto me ofenderam e me tornaram ainda mais confusa.

— Há opções melhores do que estar do outro lado da lei — Retruquei indiferente.

— E nem por isso estão disponíveis para quem nasceu sem nada. Nos vemos por aí, Louise.

Minha cabeça se revirou por completo com aquela ideia. Eu era mesmo tão egoísta, de tal modo, por possuir esse pensamento sem presenciar a pobreza de fato?

Niall me deixou só, sem que eu percebesse, trancafiada naquela estúpida prisão.
As paredes dela estavam sendo devoradas, aos poucos pelos cupins, com fugacidade, e a única janela presente no pequeno cômodo tinha seu vidro quebrado e se encontrava emperrada. Algumas tábuas de madeira-escura haviam sido pregadas nela, de maneira que me impedia de fugir ou até mesmo tirá-las.

Tudo o que eu poderia fazer era adormecer. Ou, então, me perder em devaneios, mas, um barulho anunciou algo em que eu pensava: fome. Minha boca estava seca e tudo pelo que eu implorava era água. Agradeci aos céus quando alguém entrou pela porta.

— Se quem quer que esteja por baixo dessa máscara seja Louis ou Liam, sugiro que dê meia volta para não ganhar um belo chute no meio das pernas — Declarei.

— Você deveria controlar seu nível de estresse, e sua língua também, detetive. Nem todo mundo tem a mesma paciência que Niall — O homem aconselhou.

Era o líder deles, com toda certeza.

— Corrigindo: se for aquele babaca que não cansa de atirar ordens para todos os lados, também entra na minha lista de pessoas indesejadas, com toda certeza. Me deixe ir embora! — Exigi — Quando eu estiver fora daqui, vou garantir que te peguem com vida, para que pague por cada ação sua!

Stockholm Syndrome? I [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora