Capítulo XXIV

133 15 47
                                    

Acordei na manhã seguinte e logo abri um sorriso ao lembrar da noite passada. Zayn me fez sentir coisas diferentes até então desconhecidas por mim desde que conheci seu verdadeiro eu.

Bocejei esticando os braços até o meu lado, esperando encontrá-lo dormindo, mas tudo que senti foi a cama vazia. Ele já não estava mais lá. Na mesinha ao lado, meu celular se localizava quieto, tendo sido devolvido por Malik. Levantei o mais depressa possível enquanto vestia minhas roupas e sai do quarto. Zayn devia ter acordado mais cedo e ido comer. Só isso. Precisava ser isso.
Porém, para minha amargura, todos, exceto por ele, tomavam café da manhã em perfeita harmonia.

— Bom dia — Falei recebendo um coro em resposta Onde está o Zayn?

— Ele saiu — A Sra. Ewa explicou — Ele disse que passava aqui para pegar o Hassan mais tarde. Ele estava meio abalado e disse para eu te lembrar de ir embora. Vocês brigaram? Ele falou algo sobre não procurá-lo mais.

Meu peito se apertou em um nó terrível. Não, não, não.

— Eu vou atrás dele, preciso conversar com ele e... — Fui interrompida.

— Não vá agora. Ewa está empolgada para tirar suas medidas para o vestido — Cassimiro informou — Deixe Zayn pensar um pouco. Garanto que ele voltará atrás e conversará com você.

— É! — Ewa incentivou.

Mal consegui comer, mas mesmo assim o fiz. Olívia me revelou trabalhar em um salão de cabeleireiros nas folgas da faculdade de direito e então acabou por pintar meus cabelos em um tom forte de castanho. Pouco a pouco, o tom loiro deles tornou-se mais ameno e escurecido. Ewa e Cassimiro iniciaram a costura de um vestido para mim, o qual quase me deixou sem fôlego.

— Isso é lindo! — Eu disse — Vocês são muito bons!

Pela tarde, Connor levou a mim e Hassan até Westminster, onde pedi que nos deixasse na parte em que haviam mais casas comuns, alegando tratar-se da área da minha residência, evitando assim que descobrisse o hotel que estávamos hospedados.

— Você ficou muito linda com o cabelo assim, Louise! — Elogiou Hassan segurando minha mão e a balançando ao vento enquanto andávamos até o elevador. Eu desconhecia criança mais fofa que ele.

— Obrigada! — Agradeci com um sorriso.

Paramos de caminhar quando vi, por uma pequena fresta, Zayn debruçado no balcão do bar existente no térreo do enorme prédio.
Fui até lá, apreensiva.

— Zayn, o que você está fazendo aqui?

Ele me olhou, os olhos avermelhados pela bebida e o cheiro de cigarro pairando no ar. De relance, vi o barman balançando a cabeça em desaprovação a seu estado decadente enquanto enxugava um copo qualquer.

— Estou tão louco que a vejo em todo canto — Falou para si mesmo — A verdade é que ela me deixa louco. Minha insanidade é sua total culpa.

— Papai, o que você está fazendo? — Hassan indagou com receio.

— Ah, Oi, filho — O cumprimentou — Estou aqui só... só tomando algo.

— Já chega, Zayn. Venha — Pedi segurando em seu braço para leventá-lo.

— Não quero — Teimou — Amigo, me dê mais uma dessas bebidas.

— Não, ele não vai mais te dar bebidas — Anunciei firme — Zayn, olhe pra mim. Eu estou aqui. Seu filho está aqui. Você quer que ele continue te vendo assim?

Zayn olhou para suas próprias mãos e negou, se levantando. Saiu tropeçando nos próprios pés e precisando se apoiar em mim vez ou outra para evitar cair no chão. Chegou na cama e se atirou nela, jogando seus sapatos para longe.

— Hassan, por que não vamos brincar no quarto ao lado? O papai vai descansar agora — Sugeri indo para a segunda acomodação do quarto. Apaguei a luz antes de sair — Vê se acorda menos bêbado — Mandei a ele — Você já é um mala sóbrio, imagina o que se torna com álcool nas veias.

— Louise — Malik me chamou com a voz embaralhada — Por que você ficou? Você poderia ter ido embora. Ainda pode. Não se impeça por mim. Eu vou ficar bem.

— Mas eu não vou se eu for embora. Agora, durma, está bem?

Seus olhos brilhantes encararam os meus antes de se fecharem por completo e se renderem ao sono iminente.

[...]

— Ele dormiu — Avisei a Zayn quando o vi saindo do banho horas depois — O Hassan me disse que nunca te viu assim. Por que você não quer que eu fique?

Ele continuou a enxugar o cabelo. Sentou-se na beirada da cama e fez uma careta, como se sentisse dor.

— Não quero que você fique nessa vida. Ela não é pra você, Louise — Confessou esfregando a cabeça — Vá embora e viva sua vida. Sem mim.

Surpreendendo a ele, lhe abracei por impulso.

— Mesmo que eu achasse que isso é melhor, eu não quero. Eu não iria conseguir ficar longe de você e acho esquisito minha necessidade. Nunca precisei de ninguém assim antes...

Zayn beijou o topo da minha cabeça.

— Nem eu iria querer que fosse. Mas não quero te ver sofrer. Eu torço todos os dias para que Hassan fique bem. Ele não tem ninguém além de mim.

— Hassan é um garoto incrível — Informei sorrindo — Aposto que ele gosta de você. E eu também gosto. Eu não me importaria de conviver com ele.

— Mesmo? — Ele questionou esperançoso e assenti sorrindo.

— Então o professor Zayn dá aulas de literatura? — Desconversei.

— Ah, fique quieta! — Brincou me empurrando na cama com cuidado — Para sua informação, eu sou formado, o.k.?

— Uau! Então não é uma mentira?

— Não — Negou — Depois que me formei, desisti disso. Era meu sonho, mas também dos meus pais. Eu não aguentaria fazer isso sem eles.

— Me prometa que um dia dará aulas — Pedi aproximando meu rosto do dele — Me prometa.

— Talvez...

— Me prometa, Z! — Ele sorriu ao ouvir o apelido criado por sua família.

— Tudo bem! Eu prometo. Por você. Um dia, por que não?!

Stockholm Syndrome? I [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora