Capitulo XLIII

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Conforme os dias se passavam, o tempo tornava-se um inimigo cruel. O juiz havia feito uma nova audiência para a guarda de Hassan, onde contou que durante o tempo que o mesmo permaneceu no abrigo provisório, um casal o conheceu e desejava sua guarda. Fiquei irada com aquilo, especialmente no instante em que o Juiz me contou que eu precisaria de um relacionamento sólido para haver alguma chance contra o tal casal. Era ridículo que a estabilidade representasse exclusivamente laços matrimoniais para eles.

Então... o que quer para tirá-los de lá? — Perguntei outra vez, a vontade de fugir consumia-me. O medo de sua resposta percorria minhas veias.

Meu pai continuou inexpressivo sentado no sofá da minha casa enquanto me encarava. Ficou sério e franziu o cenho, parecendo pensar por um instante.

Não posso colocar em risco minha integridade desta forma por caprichos seus, Louise — Comentou, levantando-se — Foi só por isso que me chamou até Londres? Que grande perda de tempo! Como anda o garoto que você está esperando?

Seu neto — O corrigi — E ele está bem, sim.

Certo — Concordou — Enfim, preciso voltar para a França amanhã.

O que o senhor quer? — Insisti, arrancando um sorriso sombrio de seus lábios — Sei que já tem algo em mente. Eu te conheço, pai.

Com meu pai, nada era de graça. Tudo tinha seu preço. E era alto, muito, muito alto.

O.k., vou tentar ser o mais breve possível — Falou, passando a mão pelos cabelos grisalhos — Seu trabalho como investigadora de polícia, detetive ou seja lá o que é, é muito perigoso, especialmente para o meu neto e a criança que você adotou.

Você disse que seria breve — O lembrei, fazendo força para não revirar os olhos.

Bom, meu preço é que você largue tudo isso e venha comigo para a França — Irrompeu ele o silêncio avassalador, inclinando-se para frente — Lá, você assumirá seus deveres com a nossa família e terá um cargo na empresa. Um muito importante, aliás.

Certo — Nem sequer hesitei. Meu irmão e seus amigos não poderiam ficar mais um só minuto lá com o risco assolando suas vidas. Desde que vi nos noticiários os constantes motins que estavam acontecendo lá, soube instantaneamente que eles estavam do lado mais fraco.

Meu pai discou algum número no telefone e o colocou perto da orelha.

Collins, peça que localizem aqueles fugitivos que sequestraram minha filha — Ordenou, mantendo sua voz imponente — Dê passagem e molhe a mão de quem precisar para que eles consigam entrar no presídio para tirar os quatro amiguinhos de lá. Se precisar, faça um acordo com a polícia. Não se esqueça que pedi educadamente para o juiz que não divulgasse as identidades deles para a mídia.

Educadamente, claro! Então aí estava o motivo para todo aquele cuidado excessivo com as identidades dele. Meu pai subornou e ameaçou tanta gente nesse processo...

"Quatro"? — Repeti, irritada — São cinco.

Mas Zayn não é só um irmão ou amigo seu, não é?  — Indagou a mim, lançando um sorriso perverso e tapando o microfone do celular — Ele é bem mais que isso para você. É o pai do seu filho. Quer mesmo tirá-lo de lá? Mesmo depois do que você me contou que ele fez?

Diga seu preço, Joseph.

Precisamos de laços de sangue com a segunda família mais importante das empresas Moreau, sabia? Os Chapelle... — Contou-me como quem não queria nada, brincando com um fio solto do seu casaco — Seria bom se conseguíssemos juntar as duas famílias para que tudo continuasse entre nós...

Respirei fundo. Em outras palavras, um casamento arranjado.

Me dê uma semana para isso.

Ótima escolha, querida. Família em primeiro lugar — Desdenhou, sabendo que havia vencido — Quero dizer, cinco criminosos, Collins. Eles saberão quais são eles — Voltou a falar ao telefone — Lembre-se, seja discreto.

E desligou rapidamente, me encarando pela primeira vez com orgulho.

Não se dê ao trabalho de organizar a cerimônia, contratarei gente o bastante para fazer isso por você.

Fique tranquilo, Joseph — O acalmei — Nem por um instante pensei em organizar minha ida para o inferno na terra. Você é mesmo um ótimo pai.

Uma semana nunca passou tão rápido quanto aquela. Quando dei por mim, já estava de branco, com um vestido largo escondendo assim minha barriga que começara a crescer. Kendall aparecia ao meu lado a cada segundo para arrumar minha tiara de flores no topo da cabeça e ajeitar o véu que caia no meu rosto. Naquele dia, Louis, Liam, Harry, Niall e Zayn fugiriam da prisão, meu casamento servindo como distração suficiente para a imprensa e todos os olhares que atrairia.

Você não devia fazer isso, Louise — Stephanie insistiu outra vez — Seu pai não pode ganhar sempre.

Meu pai não se importa, Stephanie — Foi tudo o que consegui dizer antes de notar a presença de uma mulher no canto da porta da igreja ainda fechada. Aquele dia seria provavelmente o qual eu não me arrependeria. Salvaria a vida de tantos e, além disso, eu conseguiria a tutela definitiva de Hassan.

— Oi — Ela cumprimentou-me assim que Emma entrou na igreja para tomar seu lugar. Isabella a seguiu ao passo que Kendall as direcionou para lá.

Boa sorte — Sussurrou Isabella antes de sair, apertando firme minhas mãos que tremiam em agonia. Ela não estava nem um pouco feliz com meu pai.

— Pensei que nunca mais precisaria te ver, Louise — A mulher brincou, aproximando-se de mim.

— Pensei o mesmo, Olívia — Sorri, exaltando minha tristeza — Aconteceu alguma coisa para vir até aqui?

— Não, nada, na verdade — Informou — Eu vim aqui por uma pessoa — Franzi o cenho em uma pergunta silenciosa — Por ele.

— Olívia, desculpe, mas eu não quero saber nada sobre seu irmão...

— Ele me entregou isso faz algum tempo, Louise. Foi menos de uma semana antes de ser pego pela polícia — Explicou, esticando a mão e me entregando um envelope de carta, seu selo nada mais era que uma figurinha de algum super-herói. Só podia ser emprestado de Hassan ou então mais uma parte da vida de Malik de que eu não conhecia — Ele fez um acordo com a polícia antes. Eles já estavam muito próximos de vocês, então ficou combinado que ele se entregaria e que os policiais deixariam os outros escapar. De qualquer forma eles teriam conseguido ir graças a Zayn.

Engoli em seco, abrindo a carta aos poucos.

— Enfim, ele pediu para te entregar isso e disse para você nunca duvidar do que sentia, apesar de quaisquer circunstâncias — Continuou ela, caminhando até a saída — Não quero mais atrapalhar. Vim até aqui para passar um tempo com Connor e Félix. Uma viagem só nós três. Bem, te desejo uma vida longa e feliz, Louise. Sinto muito pelo filho que perdeu. Zayn me contou sobre isso.

Deixando-me na porta da igreja ainda atônita, ela partiu em silêncio. Iniciei a leitura desconfortável das palavras vazias de Zayn. Tudo na carta me fazia lembrar do momento em que fui enganada por ele. Terminei de ler tendo mais certeza do que faria a seguir. Eu o tornaria livre para continuar sua vida. Sem mim.

Vamos? — Perguntou meu pai surgindo ao meu lado, oferecendo seu braço para que eu encaixasse o meu.

Assenti, impassível e vazia.

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Esse foi o penúltimo capítulo!!
O próximo é decisivo. O que será que vai acontecer?

Stockholm Syndrome? I [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora