Capítulo XI

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Alguns dias se passaram e meu peito se angustiava por continuar presa naquele quarto, sentindo o cheiro de umidade e pó. Já não suportava encarar as mesmas paredes, a ansiar pela liberdade. Me sentia sufocada e o ar parecia se perder a cada minuto.

Foi quando alguém bateu a porta.

— Sanduíche de novo? — Perguntei analisando o pão mal cortado de fatias finas e aeradas que Styles levava em cima do prato que tinha consigo.

— Não costumamos cozinhar — Harry explicou com um pequeno sorriso — Fique calma, uma hora Zayn decide pedir seu resgate. É que temos trabalho por aqui.

Trabalho! 

— Mais do mesmo, certo? — Esbocei um sorriso triste em resposta — Posso tomar um ar lá fora, pelo menos?

— Eu acho melhor não...

Liam entrou no quarto, pousando o olhar em mim de forma profunda e depois dirigindo-se a Harry, informou:

— O chefe pediu para levá-la lá para baixo.

Styles assentiu e apontou para a porta com a cabeça.

— Vamos?

— Não quero. A não ser que ele me deixe ir embora — Comuniquei firmando meus pés ao chão.

— Você não devia... — Liam começou mas o interrompi.

— Muita gente não devia muita coisa, Liam — A indireta foi clara a ele — Avise a seu querido chefe que exijo que peça meu resgate e acabe com isso de uma vez. Todos devem estar procurando por mim.

— Sua irmã mais nova sim — Payne comentou — Quanto a seu pai, já não tenho certeza. Ele disse nos noticiários que você é rebelde, que não diz onde vai e depois aparece como se nada tivesse acontecido. Mas pelo visto nem ele sabe onde você está. Suas outras irmãs não se manifestaram, provavelmente ele nem as informou.

— "Noticiário"? — Repeti — Estou no noticiário?

— Você está a cinco dias desaparecida, Louise — Harry me lembrou algo que eu não esqueceria nem por um segundo — É natural que todos procurem a primogênita Moreau.

Respirei fundo. Se eu não fosse a herdeira de um trono bilionário, eu seria realmente lembrada? Alguém além de Emma me procuraria? Acho que minhas outras irmãs procurariam, se eu tivesse certeza de que sabiam do meu desaparecimento. Meu estômago se revirou.

Me virei em direção a janela, voltando a minha posição inicial. Havia muito o que pensar, aparentemente.
Ouvi os passos de ambos se afastando e fechando a porta atrás de mim, em silêncio. Foi possível escutar, alguns minutos depois, os gritos frustrados de Zayn no andar de baixo.

— Como assim "ela não vem"? — Ele andou de um lado para o outro, enfurecido. As tábuas rangiam alto — Quem ela acha que é?

Louise Moreau, pensei comigo mesma. A mulher que vai te colocar atrás das grades e acabar com o que ninguém conseguiu até agora, babaca.

Em seguida, muitas coisas foram arremessadas em direção às paredes velhas, fazendo-as vibrar. Então ele estava estressado? Algo interessante.

Meu sorriso vitorioso logo sumiu assim que escutei seus passos firmes e barulhentos na escada, indicando sua aproximação. A porta foi escancarada sem me permitir tempo de me esconder. O barulho que ela produziu com o choque contra a parede me fez tremer e apertar os olhos.
De repente, todo medo se foi assim que vi seu rosto descoberto, sem a habitual máscara. Seu rosto mais agradável do que eu imaginava. Sua pele morena tinha um contraste significativo com seus olhos cor de mel. Sua barba rala deixava seu rosto ainda mais harmonioso junto a seus cabelos escuros.
Pelo jeito, nem ele havia notado a falta da máscara ou estava apenas cansado de esconder-se.

— Quando eu peço para que venha até mim, você vem!

Cerrei os punhos, sem tempo para analisa-lo com calma e reconhecer de onde poderia o conhecer.

— E quando eu disser que quero ir embora, você me manda pra casa! — Retruquei na mesma gritaria.

— O que? — Ele grunhiu levando a mão ao topo da cabeça, passando-a com força pelos seus cabelos — Não funciona assim!

— Então, sinto muito. Quando você pedir para que eu vá até você, farei o favor de me afastar o máximo possível.

Seus olhos se mantiveram firmes nos meus.

— Eu poderia te matar agora!

— E por que não faz isso? — Indaguei com raiva — Por que não faz isso e me joga em uma vala qualquer? Desde que cheguei, você diz que sou irritante e que falo de mais. Pois bem, acabe com seu sofrimento! Garanto que ninguém se importaria!

A raiva que sua boca esboçava falhou. Me precipitei ao cuspir tudo para fora.

— Pai? — Hassan apareceu na porta, esfregando os olhos, amedrontado com o tom de nossas vozes.

— Venha aqui, filho — Zayn mudou sua postura para uma afetuosa, nunca antes vista por mim, e pegou o garoto no colo — Está tudo bem. Volte a comer seu sanduíche com o Niall.

Ele fez que não, deitando sua cabeça no ombro de Zayn.
Hassan o chamou mesmo de pai.

— É sério que vocês estão dando sanduíche para uma criança que precisa comer coisas saudáveis? — Questionei entrando na conversa — Nem eu aguento mais comer isso!

— Louise! — Hassan se lembrou do meu nome.

— Oi, rapazinho! — O cumprimentei.

O menino voltou ao chão e pegou em minha mão.

— Você pode comer comigo? — Perguntou docemente. Apesar da dificuldade e das palavras ainda se encontrarem complicadas para ele, sua súplica era notória pela expressão de seu rosto.

Olhei para Zayn que fez que não com a cabeça antes que Hassan olhasse. Para o provocar, afirmei:

— Claro, Hassan!

Ele me levou até o andar de baixo, onde, no momento em que os outros homens que comiam lá nos viram, guardaram as armas rapidamente, para que o menino não visse. Eles não queriam que Hassan soubesse de seus trabalhos sujos ou eram ameaçados pelo seu chefe?

— Já que a alimentação dele está tão errada, detetive, faça você a comida! — Zayn exclamou terminando de descer as escadas.

— Louise e cozinha na mesma frase? — Liam caçoou rindo — Ela não sabe fazer nem um ovo.

Valeu, Liam.

— Uma vez ela foi tentar fazer uma torta de maçã e literalmente colocou fogo na torta — Louis completou gargalhando — Bom, claro que não foi muito grave, mas sabemos que ela não serve pra isso.

— Isso não é algo que mulheres aprendem com as mães? Quem dizer, minha mãe ensinou minha irmã — Um homem desconhecido por mim comentou, me tirando do sério.

— Eu sou investigadora de polícia, não uma cozinheira. Não sou empregada de ninguém e nem obrigada a isso — Retruquei — Acredito que pensamentos machistas como esses são desconstruídos quando homens passam a respeitar nós mulheres como seres humanos iguais.

Todos eles me olharam e senti uma pontada de arrependimento. Seria possível sobreviver de um sequestro depois de ter exposto sua opinião contrária a de homens brutais?
Engoli em seco e Hassan bateu várias palminhas. Mesmo sem entender o que acontecia, ele me apoiou. Sorri para ele.

— Mas o Louis sabe — Disparei.

Todos riram.

— O.k., o.k. — Louis rendeu-se — Mas preciso de ajuda.

— Quero só ver isso! — Falou Hassan em divertimento.

Até eu quero.

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Eu disse que ia aparecer de volta kkkkkkkkk e ainda teve gente que duvidou

Sobre as outras irmãs da Louise que foram mencionadas, elas vão aparecer em um dos últimos capítulos, então foi mal, mas sem spoiler de quem sejam KKK

Stockholm Syndrome? I [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora