Capítulo XII

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Olhei para todos aqueles homens altos e fortes que permaneceram sentados em suas cadeiras confortavelmente, mesmo depois de ouvirem meu irmão dizer que precisaria de ajuda para cozinhar. Levei as duas mãos a cintura, descrente.

— É sério que vocês não vão ajudar?

— É sério que você está em um sequestro e mesmo assim vai ditar ordens? — Zayn retrucou, arrancando risadas baixas dos outros e a sua própria.

— Vão mesmo me deixar segurar uma faca? Acham mesmo seguro que eu vá cozinhar? Estou presa aqui. E, posso acabar colocando fogo nessa casa velha — Os encarei com malícia — Sem querer.

Seus rostos adquiriram uma expressão séria.

— Além disso — Continuei — Acreditam que vão conseguir alguma coisa do meu pai se eu estiver passando fome?

Eles se entreolharam.

— humm... tem razão. Mas sabe que me esqueci que tenho que resolver algumas coisas? — Um deles avisou.

— É... eu também — Vários disseram juntos, saindo depressa pela porta — Até mais, chefe!

— Ei, fiquem aqui, seus paspalhos! — Zayn exigiu, seu cabelo se misturando ao vento vindo da porta recém aberta.

Harry e Niall me olharam com entusiasmo, prontos para cozinhar, enquanto Louis e Liam já partiam para área da cozinha. Zayn me encarou.

— Volte para o seu quarto, agora — Mandou — Isso aqui não é uma festa.

Hassan, que se distraía, voltou ao meu lado.

— Festa? Sim!

Sorri ao pensar em algo. Me agachei de frente a Hassan.

— O que acha de cozinhar com o seu pai?

Ele pensou por um instante, olhou para quem eu me referia e então pegou em sua mão, saltitante.
Zayn me queimou com os olhos. Ele estava irritado e isso podia até ser engraçado.
Em outros tempos, eu nem acreditaria se alguém me dissesse que eu seria sequestrada e venceria um dos sequestradores na lábia, utilizando apenas uma criança.

— Hassan, aposto que Louise adoraria vir junto — Comentou por alto com um sorriso convencido, ciente da reação do menino.

Levei as mãos a testa, em completa frustração.

[...]

— O.k., e como é que liga isso? — Perguntou Zayn, olhando com uma expressão esquisita para o fogão a lenha.

Analisei-o, me perguntando o mesmo. Seria seu nome uma dica? Louis parou atrás de nós, segurando o riso.

— O que? Zayn vai cozinhar também? — Sua gargalhada preencheu o eco da casa — Há! Essa eu quero ver!

Zayn revirou os olhos, zangado.

— Isso é sério — Enfatizou — Como se liga isso? Não tem nenhum botão nem manual de instrução.

As gargalhadas espalhafatosas do meu irmão foram acompanhadas pelas de Liam e Niall. Liam jogava para o alto o isqueiro ao passo que o pegava de volta, caminhando até uma pequena portinha no fogão, jogou alguns pedaços de madeira dentro, e então disparou fogo contra a lenha seca.

— Faz sentido — constatei.

Harry chegou com algumas sacolas de mercado. As observei silenciosa, gravando mentalmente o nome e o endereço do estabelecimento, convicta de que correria para lá ou talvez para a cidade, assim que escapasse. Olhei para Zayn ao meu lado que cortava cebolas, buscando se manter firme para não lacrimejar por nenhum instante. Sua cintura exibia o cano da arma — a qual só eu via — que me chamava para roubá-la e correr para muito longe. Mas seria certo traumatizar Hassan? Abandonei aquela ideia. Pelo menos por um tempo. 

Fui proibida de encostar em qualquer objeto pontiagudo ou no mínimo suspeito, por segurança, me restando apenas sentar na bancada ao lado do garoto e qualificar o desempenho de todos.

— Muito lerdo, Styles — Falei — Rápido demais, Horan — Repousei minha cabeça na mão, em completo tédio — Muito mentiroso, Liam — Ele me olhou nos olhos e abaixou a cabeça, envergonhado — Estressado demais, Zayn — vi a forma abrupta que manuseava a faca e espalhava pedaços de temperos para todas as direções — Muito bom, Louis — Elogiei, arrancando olhares bravos dos outros — Ei, Hassan, o que acha? Eles estão se saindo bem? Eu não concordo.

Hassan fez que não, temendo pela revolta deles. Debruçado na superfície alta em relação a seu tamanho, balançava ao vento seus pequenos pés que não alcançavam o chão, impaciente. Ele estava prestes a dormir.

— Somos um desastre na cozinha, eu assumo — Zayn declarou — Mas pelo menos não causamos acidente algum.

Fiz uma expressão de tédio, enquanto ele me olhava rindo, sem prestar atenção nas cebolas que cortava, o que provavelmente renderia um acidente terrível.

— Até agora — Tirei sarro, observando tranquila a chama do fogão a lenha se intensificar. Uma brasa quente saiu de dentro e iluminou os cantos escuros da casa. Soltei uma risada descontraída, a primeira desde que tinha chego ali. Me senti culpada por gostar daquele momento, aqueles homens pareciam bem menos assustadores quando não seguravam em armas.

Liam e Harry correram abrir todas as janelas possíveis, para espantar a fumaça. Niall e Louis se juntaram para falar sobre a comida, enquanto Zayn olhou para os lados, checando se alguém prestava atenção e logo suavizou sua expressão ao ver Hassan entusiasmado em separar algumas embalagens.

— Vocês ricos não são ensinados a cozinhar mesmo? — Sussurrou baixo, visto que a criança aconchegava-se na cadeira, esperando dormir tranquilo — Quer dizer, sua mãe nunca quis que você aprendesse?

— Não sei, na verdade — Confessei — Ela morreu quando eu tinha quatro anos. Só tive minha irmã mais velha, o Louis, a filha da minha madrasta e ela própria, que não é exatamente um poço de simpatia. Já Emma foi sempre mais nova que eu, então eu cuidava dela, não o contrário.

Ele assentiu, esperando não revelar a mim o choque das minhas palavras para ele.

— É agora que você pede desculpas por perguntar sobre a minha mãe — Prossegui.

— Desculpas? Por que eu pediria? 

— Pra eu te dizer que coisas como essas não são possíveis de saber se não perguntar — Expliquei, indignada.

— Eu não entendo — Ele disse, coçando a testa e parando para refletir um pouco — Por que você me pede para eu pedir desculpas se já tem a intenção de me perdoar? Isso não é algo que se faz sem esperar nada em troca? Por que precisa que alguém se desculpe para você dizer que está tudo bem? Quer dizer, não deveria ser natural? Sem que se torne só uma resposta automática?

Pensei por um instante, sentindo meu cérebro se esforçar para contestá-lo.

— Agh! Você me irrita.

Ele sorriu, como se aquilo fosse um elogio, e continuou o que fazia mais cedo.

— Zayn — O chamei. Seu corpo entrou em estado de alerta ao ouvir seu nome pronunciado com seriedade — O que aconteceu com a sua família?

— Aposto que um daqueles idiotas te disse algo — Falou sério — Se você não percebeu, não estamos dividindo confidências ou nos lamentando sobre como nosso passado é igualmente triste. Eu não te obriguei a falar sobre sua mãe, sua madrasta ou seus irmãos, e lhe agradeceria se não fizesse o mesmo.

Endireitei minha postura, surpresa com minha capacidade de esquecer o que estava acontecendo. Ele era meu sequestrador e eu não passava de uma fonte de dinheiro ou seja lá o que ele queria. Seria estranho se ele tomasse uma atitude distinta a essa, e também, mais difícil para quando eu fosse embora. E eu iria.

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Meu Deus, eu desisto de tentar postar dois capítulos por semana kkkkk já estou escrevendo o 37 mas tenho receio de não estarem bons, desculpa kkkkk

Até algum dia dessa semana (EU JURO QUE VOU TENTAR)✨

Stockholm Syndrome? I [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora