Capítulo XXXII

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Alguns dias se foram entre idas esporádicas à casa dos Lewandowski e dos Williams. Com minhas irmãs cada vez mais próximas de me encontrar, eu rezava para que não fizessem isso. Louis tentava despistá-las, porém, como as mulheres obstinadas que eram, não renderiam-se assim tão fácil sem antes lutarem. E lutaram muito, por sinal. Por mais que a saudade batesse, eu não suportaria deixar que todos eles fossem presos, porque era o que aconteceria com eles.

— Ei, o que faz aqui? — Perguntou Zayn, aproximando-se de mim.

Rolei para o lado no cobertor estendido no chão de concreto, esperando assim deixar um espaço para que ele deitasse ao meu lado e passasse a ver as mesmas estrelas brilhantes que eu. O terraço do sobrado em que estávamos não era lá muito organizado e tampouco bonito, mas a visão que nos proporcionava valia a pena cada espirro que a poeira nos rendia. Ali era o lugar mais apropriado para que nos mantivéssemos seguros e isso era o bastante por enquanto.

— Olhando as estrelas — Expliquei, vendo-o aconchegar-se no piso duro com tamanha familiaridade que aparentava ser ali uma cama macia e acolhedora.

Do meu outro lado, Hassan olhava para o mesmo que eu, entretido em abraçar minha cintura e contar as estrelas.

— cinco, três, sete, dezenove, dez... — Sussurrava com o pequeno dedo indicador apontado para o céu — O que vem depois do quinze mesmo, Loulou?

— Acho que ele vai ser um grande matemático — Brincou Zayn analisando mentalmente sua contagem desorganizada — Albert Einstein que o aguarde...

— Não ouça o desdém do seu pai, mon amour — Aconselhei ao pequeno — Ele tem inveja.

Hassan sorriu ao me ouvir referir-me a ele como "meu amor".

— Você promete me chamar assim para sempre? — Ele quis saber, apreensivo — Só à mim?

Seu rosto foi tomando a forma do cansaço e seu corpo relaxando aos poucos. Um bocejo escapou de seus lábios.

— Para sempre — Repeti, com a certeza necessária para vê-lo dormir por completo. O escuro do céu parecia deixá-lo calmo.

— E dormiu — Afirmou Zayn num sussurro — Estou começando a achar que a vida dele se resume a isso. Preguiçoso.

Segurei o riso e virei meu rosto em sua direção, tornando o espaço entre nós ainda menor.

— Também sou seu "mon amour"? — Insistiu.

— Não ouviu o garoto? — Perguntei, fingindo estar ofendida — Só ele é. Sinto muito, vaga preenchida com sucesso.

— Ah — Lamentou ainda brincando.

Ele segurou meu pulso e então surpreendeu-me colocando um anel na palma da minha mão.

— Que pena, porque eu tinha uma coisa — Lamentou — Acho que você não se importa, não é?

Seus olhos se fechavam em divertimento visto minha expressão encantada. O anel, forjado a ouro com uma pequena pedrinha esverdeada no meio, era perfeito.

— Nossa, isso...

— Era do meu pai — Começou a explicar em tom baixo — Quando me deu o anel ele disse: "coloque-o no dedo da mulher que desconcertar toda sua vida. Ela te deixará maluco, te fará querer não a ter conhecido e, então, case-se com ela como eu fiz uma vez". Nos conhecemos naquele dia, bem quando vi você do alto da janela, como se fosse não minha princesa pronta para me salvar, mas sim o próprio dragão do meu castelo em chamas. Eu te odiei tanto que agora... bom, agora eu ainda te odeio, mas estou apaixonado. Pessoas apaixonadas brigam tanto quanto a gente?

Stockholm Syndrome? I [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora