Capítulo XXV

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Alguns dias se passaram até que a data do roubo chegasse. Me senti nervosa por estar do outro lado da lei, do lado que eu costumava criticar, mas era para uma causa maior.
O tema da festa que aconteceria era baile a fantasia. Porém, não eram quaisquer fantasias, tinham que ser estilosas e dignas de pessoas importantes e, principalmente, ricas. Precisávamos usar roupas de gala.

O vestido vermelho que Ewa fez para mim era justo e comprido. Possuía um decote em forma de V, com uma fenda que terminava próximo ao fim das minhas coxas. O salto alto era de camurça vermelha e bico arredondado. Minha máscara era de renda da mesma cor que o vestido e cobria apenas meus olhos. Fiz um coque frouxo no cabelo e me preparei mentalmente para aquilo.

Quando sai do banheiro, vi Zayn apressado em arrumar a gravata preta que insistia em se desmanchar. Me aproximei dele e a ajeitei-a de forma correta, deixando-o me ver naquele vestido deslumbrante. Sua boca se abriu e fechou para dizer algo, mas continuou a me olhar de cima a baixo em silêncio. Arrumei sua máscara preta que possuía o mesmo estilo da minha, em seu rosto.

— Pronto — Falei sorrindo para ele.

— Você... você... — Zayn procurou as palavras certas — Sinto que se Van Gogh visse como está o azul dos seus olhos agora, não pensaria nem sequer por um segundo em amar o amarelo dos girassóis.

E foi nesse instante que me rendi a ele. Aquele, sem dúvida, era o elogio mais sincero e bonito que recebi e receberia em toda minha vida. A verdade era que nunca pensei que ele diria isso, mas disse.

— Pai! Louise! — Hassan nos interrompeu saltitando — Como eu estou? Nossa, Louise, você está linda!

Sorri com sua doçura.

— Hassan, você parece um homem. Um pequeno homenzinho! — Eu disse rindo.

Seu terno azul-marinho seguia a mesma cor de sua máscara. Os cabelos loiros estavam com seus cachos penteados para o lado, compactados pelo gel que Zayn passou mais cedo.

— Vamos? — Malik perguntou.

— Vamos — Concordei nervosa.

Ele segurou minha mão e então segurei a de Hassan com a outra que estava livre.
Assim que saímos do quarto, avistei um dos homens de Zayn andando para o outro lado. Quando nos viu, assentiu brevemente, cuidando para que ninguém visse nossa pequena interação. Na festa, muitos outros deles estavam caminhando sem pressa, disfarçados pelo salão. As trocas de olhares indicavam o quanto já estavam acostumados com isso. Eles pareciam conversar sem precisar dizer uma só palavra. As máscaras em seus rostos não eram problema. Entre eles, encontrei meu irmão andando ao lado de Harry. Liam parecia não estar participando daquilo. Seria perigoso para a carreira dele, certamente.

Peguei uma taça de bebida quando um garçom passou por mim. Olhei por alguns minutos em volta, à procura do lugar menos óbvio onde provavelmente guardavam todo o dinheiro e artigos de valor que existiam no hotel. Parecia no mínimo estranho que Zayn tivesse a certeza de que tudo isso não era guardado no banco ou algo assim. Com a pressa, nem lembrei-me de ao menos provar o conteúdo alcoólico do recipiente em minhas mãos.

— E então? — Zayn sussurrou em meu ouvido. Custou-me manter minha postura firme — Encontrou?

Encarei uma entrada de metal bastante suspeita e deixei meu copo em uma mesa. Isso!

— Avise ao Niall que é perto de onde ele está — Orientei, confiante — Se não é alí, então não tem outro lugar.

— Certo, espero que esteja certa — Respondeu — Fique aqui com o Hassan. Se algo der errado, vá embora, está bem?

— O que? Esse não é o plano! — Rebati — Eu vou com vocês!

— Não vai! É perigoso.

— Já fiz coisas piores, Z.

Ele sorriu ao ouvir seu apelido dito por mim outra vez.

— Zayn, deixe-a ir — Louis surgiu de repente — Eu a conheço desde que nasceu. Ela não vai desistir.

E eu não iria mesmo.

— Ah, que seja! — Retrucou revirando os olhos — Vamos logo com isso.

Harry levou então Hassan para outro lugar, prevenindo que os vissem e voltou um tempo depois.

Tomando um enorme cuidado, eu e Zayn saímos na frente, sendo seguidos logo atrás pelo meu irmão e Harry. Quando olhei para trás outra vez, Liam vinha ao lado de Niall com um sorriso no rosto. Estava claro que ele não perderia isso por nada. Nem que tivesse de ser descoberto para isso.
Andávamos pelos corredores, dobrando mais e mais deles formando um pequeno grupo amontoado.
Um guarda nos deteve.

— Ei, é proibida a entrada de pessoal não autorizado! — Advertiu sério.

— Louis — Malik mandou a ele com apenas um olhar que fora entendido rapidamente.

— Deixe comigo — Louis respondeu aproximando-se do guarda — Uau, o senhor faz um ótimo trabalho aqui, hein?! Conseguiu nos ver!

— Não pense que pode me distrair! — O pobre homem retrucou quase rendido pelos elogios.

— De maneira alguma ele pensa uma coisa dessas — Harry se intrometeu entrando na frente da pouca visão do guarda sob nós — Ele está certíssimo, tenho que admitir.

— Acha mesmo? — Ele saiu de sua posição de defesa.

— Acho, sim!

Continuamos a andar até que dois homens barraram nossa passagem pela segunda vez.

— Voltem para a festa — Um deles mandou cruzando os braços.

— Não vai dar, amigo — Niall tirou sarro — Estamos só tomando um ar.

Ambos continuaram firmes no comando dado a nós. Zayn respirou fundo.

— Vão em frente. Apaguem eles.

Me alarmei por um instante, assustada.

— Pensei que nunca ia pedir, chefe — Disse Liam em tom sarcástico, golpeando de uma só vez o gigante segurança. Ele caiu para trás.

Em seguida, Niall o ajudou com o outro. Confiante de que os dois dariam conta, Zayn continuou, me incentivando a fazer o mesmo.

— O que eles vão fazer com os homens? — Perguntei receosa.

— Se eles forem atacados, a chance de levarem a culpa pelo que vamos fazer é muito menor — Malik falou simplesmente — Só estamos ajudando.

Ele parou de falar no momento em que demos de cara com uma parede. Era um caminho sem saída. Antes que pudesse protestar contra meus instintos de investigadora, mostrei a ele outra perspectiva, sorrindo.

Stockholm Syndrome? I [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora