Capítulo 6

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Matheus me olha e faz um "relaxa" com a boca, pra ele parecia natural.
— Seu nome — O policial fala pra ele.

— Matheus. 

— O que cê tá fazendo com essa menina aqui?

— A gente tava conversando e viemos nadar.

— A essas horas? — Ele olha desconfiado.

— Sim — Falo — A gente tá hospedado ali — Aponto pro hotel.

— A senhora não tem que defender ele não viu — O policial fala me encarando — Não precisa ter dó.

— Eu não tô com dó, pelo amor de Deus — Reviro os olhos.

— Vou fazer só uma pergunta pra você, moleque — Ele se aproxima do Matheus — Dá onde cê tira seu sustento?

— Trabalho com arte.

— Tá brincando comigo né? — O policial diz e pega o Matheus pelas duas mãos e segura, jogando ele no banco e revistando ele, olhando nos bolsos e até por dentro da roupa — Tá limpo.

— Eu sei que tô limpo — Ele diz e o policial faz uma cara feia.

— Não sei o que vocês dois tão fazendo na rua essas horas, mas acho bom a senhorita ir embora.

— Só vou embora quando meu namorado — Dou ênfase no meu pra ver se o policial para de ser preconceituoso — Vier junto comigo.

— Pode ir então — Ele solta o Matheus e nos afastamos dele.

Um pouco mais longe mas ainda na visão do policial, abracei ele.

— Cê agiu do jeito certo — Ele dá um sorriso meio torto — É mais comum do que parece.

— Cadê sua maconha? — Pergunto e ele sorri apontando pro hotel — Graças a Deus.

Rimos e voltamos pro hotel andando.

— Eu pensei que ele ia te matar ali — Falo no elevador enquanto subimos pro meu andar.

— Com uma branquinha do meu lado? — Ele dá uma risada irônica — Ele ficou com mais medo do que nós dois juntos.

— Você é muito sortudo — Falo rindo.

— O bem caminha do lado de quem fica do lado bom — Ele diz e pisca pra mim, me puxando pra porta do meu quarto e me abraçando logo em seguida — Valeu, de verdade.

— Relaxa, fiz o que você teria feito por mim... Mas uma pergunta — Falo e ele se ajeita — Você vive da arte?

Ele fica vermelho na mesma hora e não fala nada, só depois de um tempo que resolve falar.

— Eu faço umas artes — Ele ri — Era só pra provocar.

— E o que cê faz, de verdade?

— No momento o que eu tô fazendo é admirar a pessoa mais gata e perfeita desse mundo — Ele me dá um selinho e obviamente eu me desconcerto toda.

— Para de graça, Matheus — Reviro os olhos e depois eu que tomo a iniciativa de beijar ele. 

NARRADO PELO MATUÊ

Entrei no meu quarto da cobertura e dei de cara com o Predella.
— E aí, Matheus? — Ele da ênfase no Matheus e damos risada — Não contou pra menina ainda?

— Pior que não tenho coragem. Ela é muito e se eu contar pra ela posso estragar tudo, tá ligado?

— Cê não vai estragar nada — Ele diz rindo — Só acho que se ela soubesse que você tá morando aqui porque sua casa tá sendo reformada, ela ficaria mais interessada.

— Ela não é assim não, cara — Respiro fundo e deito no sofá olhando pro teto — Até onde eu entendi, depois de amanhã ela já vai embora.

— Tô ligado — Ele fala — Vai largar dela?

— Sei lá mano — Falo pensando nela — Tá foda. Queria ficar com ela mas não vai dar não.

— Ela vai voltar pra onde?

— Acho que pro rio — Falo — Sei lá, São Paulo.

— Te falar a real, Tuêzin — Ele senta do meu lado — Cê é mó cuzão, era pra ter contado na mesma hora. Agora se você contar vai sair como mentiroso, sabe? As mulher não gosta.

— Falando logo pra mim? — Dou risada — A propósito cuzão, que cê tá fazendo aqui dentro sem minha permissão?

— Vim buscar minha grama — Predella fala mostrando o saquinho transparente com a erva — Tô indo ai mano.

— Beleza — Falo pra ele — Vou f1 e depois vou dormir que amanhã tem mais.

— Se cê quer uma dica vou mandar o papo — Ele abre a porta e para falando comigo — Termina esse lance logo, te conheço e sei que de desapegado cê só é nas músicas.

Afirmo com a cabeça porque eu tô realmente ciente da situação que eu fico quando curto alguém. Mas mesmo assim a Luma faz eu pensar diferente.


Antes - MatuêOnde histórias criam vida. Descubra agora