Capítulo 45

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2 meses depois

Eu e o Matheus estávamos morando juntos. Era foda demais ver que começamos de uma maneira mentirosa e agora éramos tão sinceros e unidos.
— Luma? Acorda! - Era o meu chefe — Viu quantos pacientes a gente tem pra atender?
Fui pra primeira cabine e atendi o primeiro caso. Meu celular começou a vibrar e o rapaz, que tinha sido mordido por um cachorro, provavelmente queria me matar quando eu pedi um minuto.
Saindo da sala vi que era um número de São Paulo.
— Alô?
— Senhorita Luma?
— Eu mesma, quem gostaria?
— Meu nome é Adam e eu estou em busca da minha mais nova enfermeira.
— Ahn?
— Seu chefe recomendou alguns nomes pra mim e bom, após avaliação do seu currículo e indicação eu escolhi você.
— Espera, escolheu pra que?
— Trabalhar no Hospital de Boston e fazer sua pós em Harvard.
— QUE?
Ok, que droga era aquela. Era brincadeira?
— Senhorita Luma, você está aí?
— Desculpe é só que - Respiro fundo — Tô muito nervosa com a notícia.
— Então, sua viagem é na segunda.
— Mas hoje é quinta.
— Eu sei mas você tem poucos dias antes do começo do semestre, precisa se apressar... A não ser que não seja do seu interesse.
— Não, não. Claro que é, eu só... Não sei o que falar.
— Te ligo amanhã de manhã. Já pode avisar seu chefe que ele te dará todo o espaço necessário para sair do turno e arrumar as coisas.
Eu estava surtando mas a única coisa que consegui dizer foi tosco demais:
— Obrigada.

A ligação finalizou e minhas pernas bambearam. O que aquilo significava pro Matheus e pra mim?
Eu ia abdicar da minha carreira por nós dois? Ou ia cagar pra ele e seguir adiante.
Eu sabia que se fosse ele no meu lugar ele não iria - de acordo com ele - ele faria tudo pra ficar do meu lado.
Mas ele poderia ir comigo pros Estados Unidos. Bom, não sei.
Bem agora que a vida tava melhorando pra ele aqui e a música fazia sucesso.
— Droga!
— Parabéns, Luma! - era o meu chefe.
Dei um sorriso enquanto escutava ele falar - ou pelo menos via os lábios se mexerem enquanto pensava em outra coisa.
— Luma? Tá me ouvindo.
— Desculpa chefe, tô sim.
— Você vai ver como lá nos Estados Unidos os enfermeiros aprendem técnicas aqui nunca vistas, ainda mais aqui no Ceará.
— O que cê quer dizer com isso?
— Fortaleza é uma cidadezinha bem ruim para se aprender algo, se fosse São Paulo eu até entenderia mas aqui é defasado.
— Sabe chefe, vou te falar uma coisa: Fortal não tem pra ninguém. E eu agradeço a recomendação mas acredito que se você não acredita na cidade que trabalha devia ir pra São Paulo ou até mesmo pros Estados Unidos.
Joguei meu jaleco no chão e saí pela porta da frente do hospital. Eu não sei que droga tinha acontecido pra eu ter ficado tão emputecida mas foi aí que caiu minha ficha: não era só pelo Matheus.
Era por mim mesma.
Eu amava a cidade, gostava das lembranças e é aqui que minha vida voltou aos eixos.
Sair daqui é a mesma coisa que fugir do certo.

Antes - MatuêOnde histórias criam vida. Descubra agora