Capítulo 4

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— A praia é bem diferente de manhã — Matheus diz pra mim quando sentamos no quiosque da praia — Tá uma lua aqui também hein.

— Osh, você que mora aqui reclamando? — Dou risada.

— Sabe, Fortal é tudo pra mim — Ele diz e só depois de um tempo eu percebo que ele diminuiu Fortaleza pra Fortal.

— Eu percebo pelo seu jeitinho de olhar — Falo enquanto bebo meu suco de laranja.

— Cê não fuma se não ia entender o porque.

— Porque?

— Beck de fortal não tem pra ninguém — Ele fala e dá uma risada — Não, eu não fumei hoje.

— Nem disse nada — Dou um sorriso e volto a atenção pro meu suco.

Eu sabia que ele tava me olhando porque sentia o olhar dele em mim, era esquisito mas tudo em mim esquentava quando ele me olhava daquele jeito. Sei lá o que deu em mim.

— Uma coisa que eu não te perguntei ontem a propósito — Ele aproxima a cadeira dele pra mais perto da minha — O que cê tá fazendo no Brasil já que você morava na França?

— Eu tô fazendo um mochilão pelo nordeste inteirinho — Falo pra ele que abre um sorriso quando escuta eu falando — Que foi, doido?

— Meu sonho é ser você.

— Para de ser besta — Dou risada — Então, essa é minha última parada.

— Tá brincando que você realmente já conheceu tudo e só faltava aqui?

— Tô brincando não — Falo e termino meu suco — Vai fazer valer a pena meus últimos dias aqui?

— De um jeito que cê não vai querer ir embora e se for — Ele se aproxima da minha orelha — Vai querer voltar — Essa última parte ele fala com a voz totalmente rouca.

— Quer dar uma mergulhada? — Falo pra ele fingindo que não fiquei totalmente pirada com o que ele disse.

— Quero - Ele afirma com a cabeça — Cês dão uma olhada? — Ele fala pro cara do quiosque.

— Cê não tá com droga ali né? — Pergunto enquanto vamos andando pro mar.

— Claro que não, eu não trouxe hoje — Ele pega na minha cintura quando chegamos na água — Trouxe você já, droga mais gostosa que essa não tem.

— Deixa disso — Rimos juntos.

×××

Na volta do rolê combinamos de ir pra cobertura dele. Eu sabia que não ia rolar nada mas só de imaginar ficava nervosa.

— Bem vinda a cobertura do Matheus — Ele diz se jogando no sofá enorme que tinha no meio do espaço.
— O Lucas não tá com você?
— Não, ele tá na da frente.
— Vocês são outra realidade né.
— Tem muita coisa que cê não sabe... — Ele da um sorriso meio assim, mas não pergunto nada.
Se eu não sei acho melhor não saber mesmo, vai que estraga tudo.

— E amanhã, cê vai querer me ver de novo? — Pergunto pra ele enquanto o mesmo abre um saquinho e coloca numa folha de seda a maconha.
— Só se você prometer que de amanhã não passa nosso beijo — Ele dá um sorriso mostrando os dentes.
— Para de me iludir.
— Quem dera eu estivesse — Ele termina de enrolar o baseado e depois senta do meu lado, acendendo — Quer um pouco?
— Não, valeu.
— Não vai chapar comigo? — Ele abaixa a cabeça se fazendo de triste — Vem chapar comigo — Ele fala isso sussurrando na minha orelha, caralho de novo.
— Para de graça, Matheus — Pego no beck dele e coloco na boca tragando — Feliz?
— Se prepara pra larica que vai dar — Ele da risada e pega o beck da minha mão.
— Sabe de uma coisa — Falo sorrindo já sentindo uma brisa interior — Beck de fortal não tem pra ninguém, mesmo.
Rimos juntos e continuamos ali fumando o resto da tarde.

Antes - MatuêOnde histórias criam vida. Descubra agora