Capítulo 38

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1 semana depois

— Bem vindos enfermeiros — A enfermeira chefe do hospital falava pra nós — Fortaleza é diferente dos outros estados, aqui nós temos uns casos estranhos e raramente vocês vão ver um Silvio Santos aqui — Ela ri mas eu não entendi muito bem.
Ela foi levando os 15 aprovados pra emergência. Cada um ficaria em um caso específico, e eu caí num acidente de carro.
— Qual o nome do paciente? — Pergunto pro auxiliar.
— Matheus Brasileiro Aguiar — O auxiliar fala abrindo um sorrisinho — Ou Matuê.
— Oi? — Pergunto e na mesma hora o auxiliar abre a cortina do leito e eu vejo o Matheus com uma ferida enorme na testa.
— Bom dia, senhor Matheus — O médico ali diz — Essa sua ferida precisa de uns pontos, a enfermeira vai te dar os pontos e as informações pra sua alta. Está tudo bem com o senhor e o raio x não deu nada.
O Matheus faz um sim com a cabeça e senta na maca. Não tenho coragem de fazer isso, nem de olhar pra ele eu tô tendo.
— Luma? — Ele pergunta e eu posso jurar que vou chorar agora.
— Oi — Respondo e vejo o médico me olhar feio. Eu estava sendo impessoal, ele era um paciente não meu ex-namorado — Bom dia, Matheus. Eu vou fazer os pontos na sua testa, só preciso examinar primeiro.
Ele dá um sorrisinho e faz um sim com a cabeça bem de leve.
Chego perto dele e começo a examinar a ferida, minha vontade de abraçar ele e chorar era tão grande que eu tava segurando as lágrimas mais forte do que nunca.
— Quantos pontos eu vou precisar levar? — Ele pergunta quase sussurrando.
Meu pescoço tá na altura da boca dele e eu consigo sentir a respiração dele.
— Quatro — Respondo enquanto peço pro auxiliar a caixinha com a agulha.
— Agora você tá aqui? — Ele espera o auxiliar sair pra perguntar — Pra quem não queria vir pra cá estudar, vai morar aqui?
— Residência de dois anos aqui — Respondo — E acredite, não era minha primeira opção.
— Sinto muito — Ele da um meio sorriso e eu posso até jurar que tô quase acreditando nas palavras dele.
— Aqui, enfermeira — O auxiliar entrega pra mim.
Pego a anestesia e falo pro Matheus deitar.
— É a primeira vez que você faz isso?
— Sim.
— Tenta não me matar.
— Bem que você merece — Respondo e ele da risada.

×××

— Pronto, Matheus. Tudo certo — Respiro fundo e corto o pedaço da linha que sobrou — Daqui 1 semana você volta e eu tiro os pontos.
— Beleza — Ele levanta e o auxiliar sai da sala na mesma hora — Luma, eu...
Na mesma hora alguém abre com tudo a cortina do leito e eu posso jurar que quero matar essa pessoa.
— Amor — Uma mulher loira chega perto dele e abraça ele — Não precisava correr daquele jeito né.
— Tá tudo bem — Matheus tava incomodado, mas será que era por causa minha? Ele queria fingir que a vida dele não tinha seguido? Tô perdida.
— Tá olhando o que, maluca? — A menina pergunta pra mim.
— Do que você me chamou?
— Enfermeira Luma, precisam de você ali na sala 3 — O auxiliar fala.
Saio dali e vejo o Matheus falar alguma coisa pra ela, reclamando do jeito que me tratou.
— Onde é a sala três?
— É mentira, mas eu vou lá dar alta pra ele. Te conheço Luma... Sei que você namorava com o Matuê, sou fã de carteirinha dele. E essa menina aí não é nem de longe igual você.
Dou um sorriso mas não consigo tirar o Matheus da minha cabeça: tava tudo estragado. De novo.

Antes - MatuêOnde histórias criam vida. Descubra agora