Amortentia

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- Você está com ciúmes, coelhinha - a voz do homem ecoa em meus ouvidos, ao chegar em minha bancada de poções, até nisso Slughorn fez questão de nos colocar juntos, eu aceito que somos bons quando somos uma dupla nas aulas, ele entendia tudo o que eu falava e era sutil com sugestões.
- Não estou não, se você acha isso o problema é todo seu, Tom Riddle - cruzo os braços em meu peito, com um possível bico em meus lábios.
Ele solta uma risada gostosa, merda, gostosa não Cherry... me vira de frente para ele pegando em meu rosto.
- Minha coelhinha, você fica tão linda quando está emburrada - seus lábios vão em direção aos meus os selando demoradamente, indo ao meu nariz beijando delicadamente a ponta do mesmo.
É, eu já deixo Riddle me dar pequenos selares sem reclamar com tanta frequência, eu não deveria, mas sinto coisas estranhas quando estou com ele, quando olho para ele, quando toco nele.
Nós até estávamos indo bem, ele se sentava ao meu lado na maioria das aulas, líamos juntos Hamlet, ficávamos juntos na torre de astronomia nas noites de sua ronda, ele realmente era uma pessoa...adorável, ele é adorável comigo, principalmente quando estamos a sós.
Agora bem...talvez, eu tenha ficado um pouco...brava com ele, por causa de uma menina...mas só talvez.
- Me solte, não quero mais saber disso agora, Riddle - me viro para a frente da sala, onde o professor Slughorn adentra a mesma sorrindo igual um palhaço...lá vem, ele tá aprontando alguma.
- Bom dia classe - ele fala sem tirar o sorriso de seu rosto - hoje vamos fazer uma poção especial e muito, muito perigosa para quem a tomar...alguém tem algum palpite...- levanto minha mão imediatamente - sim, minha querida Cherry - ele fala sorrindo.
- Amortentia, senhor - falo com convicção, por favor céus que não seja, que eu esteja errada.
- Correto, dez pontos para a Sonserina...me fale a sua definição, senhorita - propõe e eu quase choro de infelicidade.
- É a poção do amor mais poderosa do mundo. Tem brilho perolado e seu vapor sobe em espirais características. Tem um cheiro diferente para cada pessoa, de acordo com o que as atrai. A Amortentia na realidade não gera o amor, pois é impossível produzí-lo ou imitá-lo. A poção apenas causa uma forte paixonite ou obsessão. Provavelmente é uma das poções mais perigosas, pois muitas pessoas subestimam o poder do amor obsessivo - respondo lembrando do conteúdos dos sites de Harry Potter que eu devorava aos 14 anos de idade.
- Excelente...Excelente...30 pontos para a Sonserina, pela mais perfeita resposta já me dada por um aluno sobre esse assunto - ele bate palmas animado e eu apenas reviro os olhos, me voltando para Riddle, que me encarava sorrindo, o mostro a língua e ele aperta minha coxa como resposta...certo, ele está cada vez mais ousado e abusado - agora mãos a obra, quero que façam a poção, vão falar o que sentem ao cheirar e por fim irão testa-las em seus companheiros - os alunos começam a reclamar do velho idiota, essa idéia é péssima - fiquem calmos pois temos antídotos para todos os presentes, a dupla que terminarem as duas poções primeiro terá direito a escolher uma poção que queiram...por isso escolham bem as suas duplas - ele fala sorrindo maroto.
No exato momento que o velho termina seu discurso, Riddle segura minha mão como se dissesse que eu não iria a lugar nenhum...fofo...quero dizer, doido.
Fomos pegar nossos caldeirões prontos para começar toda essa palhaçada.
- Pode me passar os ovos de Cinzácaro, minha coelhinha? - Riddle me pede ao passear seus dedos nos meus com carinho.
- Posso Tom - respondo sem prestar atenção o passando os ovos.
- Você me chamou de Tom, coelhinha...pela segunda vez - me viro para encarar o seu rosto feliz.
- É o seu nome não é, lobo mau ? - pergunto sugestiva ao me lembrar do que o chamei na reunião de Slughorn.
Ele sorri para mim e beija o dorso da minha mão se voltando para sua poção.

[...]

- Temos aqui a nossa dupla vencedora - ele aponta para mim e para Tom - cheirem crianças e nos digam o que sentem - ele se empolga todo, parece até uma criança.
Todos já haviam terminado e todos já haviam falado o que sentiam e já experimentaram a poção, o velho havia nos deixado por último.
Riddle se aproxima do caldeirão, e inspira o vapor da poção:
- Sinto o cheiro de livros novos, canela com morango e de sorvete de chocolate - foi tudo o que ele disse se virando para mim que o encarava vermelha.

- Muito bom...sua vez senhorita Young - volta para mim, que respiro fundo e me aproximo da minha poção sentindo...sentindo um cheiro do qual eu já havia sentido em alguém.
- Livros velhos, hortelã e amadeirado, com um cheiro de grama molhada em um dia chuvoso - falo totalmente vermelha, eu sabia perfeitamente quem era...mas não poderia assumir...não não podia.
- Muito bem...agora tomem a poção - Slughorn manda fascinado ao nos olhar atentamente.
Tomamos a poção ao mesmo tempo de olhos fechados e sentimos o gosto um tanto estranho.
Abro meus olhos e...vejo Tom, o Tom de sempre, fico em dúvida, acho que nossas poções deram errado, eu não sentia nada diferente, nem uma paixãozinha obsessiva mínima.

Nos encaramos sem entender o que estava acontecendo, provavelmente com os mesmos pensamentos, nos viramos para Slughorn e ele nos encarava com um sorriso muito estranho e feliz.

- Vejam meus alunos...algo do qual poucos sabem...uma curiosidade - começa o seu discurso apontando para nós - não se pode reproduzir algo parecido com o amor, não quando já estão amando quem os dá a poção...
Fico em pânico, eu quase caio para trás com essa afirmação...eu o amo? Eu...eu não sei...eu estou tão confusa.

Uma Paixão Literária - Tom RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora