Perder

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Tom Riddle pov.

A carta em minhas mãos...eu tremia, tremia como nunca, meu coração estava disparado, eu sentia todo o ar me faltar quando cambaleando me levanto em direção ao banheiro, não a acho...corro em todos os cômodos da minha casa, só me dando conta de que ela não está mais alí quando chego no jardim onde ela sempre costumava ficar.

Eu mal conseguia respirar, eu não conseguia me manter em pé, eu desabo em meio às tulipas dela...morto, era assim que eu me sentia.

Cherry havia me deixado, eu não consigo controlar minhas lágrimas, elas simplesmente saiem por meus olhos, eu queria morrer...a morte seria menos dolorosa do que aquilo.

Eu queria gritar, queria me debater, queria me matar, mas, nada supriria a dor que se estendia por todo meu ser, eu me sentia queimar, meu corpo queimava.

Minha coelhinha, minha coelhinha é a minha vida, eu não queria mais...não queria mais viver, inferno, como estava doendo, se cinco crucios atingissem o meu corpo, ainda sim não doeria tanto quanto a falta dela.

- Por favor, baby, volte...por favor, eu sou seu, eu sou inteiramente seu - eu gritava arrancando desesperadamente alguns dos meus cabelos, eu estou perdendo o controle...seu sorriso em minha mente, me matava.

Eu nunca mais sentiria o cheiro dela, nunca mais contaria quantas pintas ela tinha por todo o seu corpo, eu nunca mais acordaria com beijos carinhosos, nunca mais teria alguém para admirar todas as noites...eu havia perdido o meu mundo, eu havia perdido o ar que me fazia respirar em todos os momentos.

Eu poderia perder tudo, perder o poder, perder minha vida, perder meus olhos, perder cada membro do meu corpo, mas, não poderia perder ela...eu não consigo lidar com o peso, eu não consigo existir sentindo esse buraco em minha alma.

Foram doze anos, doze anos em que conheci a minha vida, o meu próprio paraíso, porra, Cherry sempre fora tudo, ela é o meu tudo...e eu nunca quis tanto estar morto.

Novamente eu havia estragado nosso amor...porque infelizmente, eu me esqueci do que realmente importava para mim...Ela, ela era a única coisa que me importava.

Nesses anos, eu fiz de tudo para garanti-la como única em minha vida, eu não tinha nenhum chefe de ministério que fosse uma mulher abaixo de sessenta anos, não tinha reuniões com mulheres se elas não estivessem acompanhadas, não direcionava meu olhar para nenhuma mulher, não tocava em mulher alguma e carrega uma foto de Cherry em qualquer lugar em que eu estivesse...eu a enchia de joias, roupas caras, a dava casas e a levava nos melhores lugares...me esquecendo completamente do que realmente importava...o nosso casamento.

Ela me pedia coisas simples, das quais muitas vezes não as realizava por meu trabalho, do qual o priorizei quando minha ambição me dislumbrou com " E se eu pudesse dar mais para ela? " eu queria ser o maior, o maior para que ela fosse exaltada como uma Deusa.

Tudo foi em vão, eu me perdi em mim mesmo quando tinha meu filho e minha mulher me esperando e me amando em casa...ela estava lá quando eu estive em meus piores momentos e ela me protegeu com seu amor, mas, onde eu estava quando ela estava em suas noites mais sombrias?

Eu não estava lá quando Dominic falou a primeira palavra dele e Cherry fez questão de colocar sua memória em uma penseira para que eu visse, eu não estava lá quando Cherry teve um aborto espontâneo, nem no segundo e no terceiro...eu não estava lá.

Minha mulher, aguentou tanta merda sozinha e ainda sim, me amava dia e noite como ninguém nunca me amou, ela sempre sorria, ela sempre me esperava acordada, ela sempre suportou...caralho, ela aguentou ser chamada de vadia, interesseira, de corna e de tantas coisas que a acusavam injustamente...ela aguentou calada.

Eu nunca fui homem para ela, mesmo que ela sempre fora a única mulher para mim...não, eu nunca a mereci, eu sou um filho da puta ingrato enquanto ela era como uma Deusa misericordiosa.

Céus como pude ser tão fodidamente burro em não responde-la quando ela brigava comigo? Inferno, ela só queria que eu a escutasse...por cinco minutos, ela só queria ser escutada.

Quando enviei um presente de aniversário de Dominic do meu escritório ao invés de chegar na hora na festa de cinco anos dele...porra, como pude ser tão filho da puta? É o meu filho, porra.

E uma lembrança? Meu choro piora quando enfim entendo, ela estava grávida, e caralho, ela queria tanto esse bebê...por que eu não pude ser um homem melhor?

Por que eu não a escutei? Por que eu não me importei com o quanto a doía? A luz dela...eu apaguei a porra da luz do amor da minha vida.

Eu me sentia morrer, eu queria morrer, queria me matar por ter agredido a minha mulher tantas vezes com as minhas ações.

- Isso...isso...é tudo culpa dessa porra - grito ao pegar minha varinha mandando uma mensagem para o ministério - eu, Tom Marvolo Riddle, renuncio no dia 13 de junho de 1961, qualquer cargo que me venha a ligar a atividades ministeriais - a mando sem me importar se a minha voz estava terrível e falhando...que se foda, do que adianta ser um rei sem uma rainha? Nada, nada mais me tiraria do buraco onde me encontrava.

Uma chuva densa recai sobre meu corpo sentado no jardim, eu nada fazia a não ser chorar e chorar cada vez mais.

Não haverá luz do Sol, não haverá felicidade, não haverá mais um Tom, se ela não voltar.

Um grito de desespero saí do mais profundo do meu interior, eu não tinha mais nada...eu sou um homem miserável, completamente miserável, pois a minha maior e única riqueza, eu havia acabado de perder.

Uma Paixão Literária - Tom RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora