Casamento

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Vejo Tom franzir as sobrancelhas quando tenta se afastar da multidão, eu aparato para longe dalí quando a primeira lágrima desce pelos meus olhos.

Eu estava em minha casa, não, eu estava no meu bairro, em um bosque onde normalmente eu ia visitar quando as tulipas cresciam por alí.

Me sento no chão, onde as flores lindas já me acolhiam em minha tristeza...eu me senti só.

Minha casa era vigiada por jornalistas vinte e quatro horas por dia, ou quase isso? Sim, quase isso.

Eu estava em nossa casa imensa, com minhas roupas caras, meus móveis mais inestimáveis, minhas joias reluziam ao mais puro luxo aos olhos das pessoas e meu anel de casamento, esse pesava em minha mão com a pedra de diamante verde...ele havia conseguido especialmente para esse anel...e eu havia conseguido atingir o meu limite com aquilo.

Foram doze anos ao todo, e tudo foi se modificando aos poucos, a nossa família feliz até oito anos atrás...ele nunca deixou de ser ambicioso, Tom sempre foi ambicioso, sempre conquistando todos e tudo ao seu redor...eu suportei, suportei cada reunião, cada atraso, cada invasão de privacidade...eu suportei...e suportaria muito mais para fazê-lo feliz, mas, eu estou infeliz.

Brigamos na noite passada, na retrasada e provavelmente nas anteriores...não era uma briga, eu gritava e ele apenas ficava alí...me encarando, eu queria que ele gritasse de volta, queria que ele oferecesse uma solução...queria...eu queria muitas coisas, talvez também fosse ambiciosa em querer coisas alcançáveis.

Eu suportei muitas notícias falsas...suportei ser chamada de chifruda em rede internacional, suportei porque sempre soube que não era...Tom me ama, isso é uma certeza, seu olhar nunca me enganara...eu sabia que seu amor era meu, mas, aquilo não deixava de doer menos do quanto doía em meu calado coração.

Tom, eu não larguei nada do que fazia antes de estar com ele, entretanto, eu vizualizava a diferença...a diferença de alguém que gostava da vida que tinha...Tom não gostava de ser um pai de família babão que fazia questão de que suas horas fossem dadas para sua família...não, nunca fora o tipo de Tom.

Tom...Tom era o meu mundo, os meus melhores momentos...mas, agora, o que eu era para Tom? Sua esposa? A pessoa que o espera acordada para deixá-lo desabafar sobre seu trabalho? Quem ele transava quando tinha tempo? Eu já não sabia mais.

Um casamento, um casamento sempre fora algo maquiado pelas pessoas, não era algo intrisicamente bom, era algo complicado, onde exige muito amor...sim, amor, não daqueles amores que as pessoas implantam em nossas mentes, e sim daqueles que vive pelo outro, que sabe tudo um do outro, que mesmo cansado se doa por inteiro...e esse amor vai para frente, ele vai até o fim quando os dois estão igualados em seus esforços...eu amava o meu Tom, mas, já não amava mais o meu casamento.

Eu amava nossas fotos, eu tinha tantas delas, tantos sorrisos, tantos momentos...eu amava o nosso amor.

Não era fácil, eu me sinto esgotada...eu me sinto como uma foto desgastada, onde as pessoas tinham que se esforçar para enxergar o que estava escondido, mas, se contentavam apenas com o que elas os mostrava primeiramente.

Eu me levanto quando as primeiras gotas de chuva recaem sobre meus olhos, se misturando com as lágrimas que turvavam minha visão.

Eu estava cada vez mais ensopada em cada passo em que dava em meio ao temporal que caía em Godric's Hollow.

Chego na porta da minha imensa casa, onde pela primeira vez consigo a adentrar pelo meu próprio portão.

Abro a porta adentrando a mesma vendo a decoração caríssima onde antes fazia questão de mantê-la limpa, agora não me importava...eu subia as escadas em direção ao meu quarto, sem me importar com o rastro de água que deixava por onde passava.

Eu adentro o nosso quarto, eu sentia tremer, eu tremia em minha visão embaraçada quando senti seus braços envolverem o meu corpo.

Eu queria dizer para me deixar, dizer que não queria mais...mas, tudo o que digo:

- Dói te amar...dói tanto te amar, mas eu ainda te amo, é como me sinto...e...eu estaria mentindo se eu...continuar a esconder o fato de não conseguir lidar com isso...dói tanto te amar - eu chorava, chorava sem me importar em manchar seu paletó caro de uma grife qualquer - tem tantas coisas em que quero lhe dizer...eu estou me despedaçando quando estou com você e por você, Tom, eu não me sinto mais...eu não consigo mais me sentir em mim mesma - me permito o encarar em seus olhos, Tom me encarava, ele me encarava e eu não soube decifrar...eu não soube dizer...tampouco ele me disse algo, Tom me puxa para si grudando minha testa com a sua, sua respiração batia em meu rosto, eu não soube decifrar, eu me sinto fraca...fraca a ponto de enxergar qualquer sinal em seu corpo.

- Não diga que acabou - ele murmura segurando meu rosto em suas mãos em que tanto eu amei.

- Você tinha me prometido...acabou, Tom...eu quero o divórcio.

Uma Paixão Literária - Tom RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora